Elementos dos órgãos sociais do Centro Solidariedade Social do Souto. Créditos: DR

O Centro de Solidariedade Social do Souto, em Abrantes, mereceu a aprovação da sua candidatura ao programa PARES para avançar com a ampliação da atual ERPI. O investimento global ronda os 460 mil euros e vai permitir acolher mais 15 idosos na valência de lar. A lista de espera é cerca de 50 pessoas.

Teresa Batista, presidente da direção do Centro de Solidariedade Social do Souto recebeu a boa notícia da aprovação da candidatura da instituição ao programa PARES – Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais, para a ampliação da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), ou seja, o lar.

A associação denominada Centro de Solidariedade Social da Freguesia do Souto foi constituída por escritura pública em julho de 1989. Construídas as instalações, com cedência de terreno, contributos dos associados, mecenas e solidariedade da população, o centro social abriu as suas portas e iniciou atividade no ano de 1995 prestando assistência a idosos e doentes, não só da freguesia do Souto, como também das freguesias limítrofes.

Em 2003 foi então registada na Segurança Social como Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). Se inicialmente atendeu “apenas à prestação de apoio em Centro de Dia, a que se seguiu o Serviço de Apoio Domiciliário, sempre se manteve a ideia de ir um pouco mais além com abertura de Lar de Idosos”, explica a presidente da direção.

Dando conta de “dificuldades a todos os níveis e burocracias, foram demasiadas, mas com apoio financeiro do Proder, para a construção e remodelação exigida pela Segurança Social”, no ano de 2015 “conseguiu-se finalmente abrir a ERPI no seguimento da extinção da Casa do Povo do Souto, cujas instalações contíguas passaram a integrar o Centro de Solidariedade Social da Freguesia do Souto”, conta a responsável.

Mas a lotação da instituição encontra-se esgotada na ERPI, desde a sua abertura. “Devido à grande procura, depressa nos apercebemos que era necessário ampliar as instalações e criar mais lugares em ERPI”. E foi com essa ambição que a instituição se candidatou ao programa PARES.

A aprovação da candidatura permitirá “não só a criação de 15 novos lugares em ERPI – teremos um total de 26 vagas – como também, ajustar as infraestruturas às necessidades atuais, tornando-as seguras, eficientes energeticamente e adequadas à implementação dos planos de contingência, face à situação epidemiológica do novo coronavírus”, explica Teresa Batista.

O financiamento do programa PARES é na ordem dos 80%, ou seja, uma comparticipação de cerca de 316 mil euros para uma obra inicialmente prevista de 460 mil euros. Um apoio que “é ouro sobre azul” porque “o lar é imprescindível”, considera Teresa Batista indicando existir, neste momento, uma lista de espera de cerca de 50 pessoas para ERPI.

“Na primeira fase do projeto nunca pensámos que haveria necessidade de ampliação. Na altura já foi um sonho”, conta.

Contudo, as obras para essa ampliação “ainda não arrancaram. A instituição não tem capacidade financeira para tal” sem o apoio do programa governamental. Aliás, para a componente própria, a instituição terá de “recorrer à banca para um crédito” embora conte com apoio financeiro da Câmara de Abrantes e também da Junta de Freguesia.

No entanto, a presidente teme que a verba prevista inicialmente seja curta para realizar a obra e equipar o lar. Com a pandemia “os preços das matérias primas subiram muito. Temos de pedir mais dinheiro. Mas a obra é para avançar”, garante, esperando que possa acontecer ainda em 2022.

Segundo a presidente, o edifício (parte antiga) que irá ser alvo de remodelação “encontra-se em processo de deterioração, a necessitar de uma intervenção urgente, que caso não seja efetuada coloca em risco a sua utilização futura, pois desde a sua construção não foi intervencionado ou melhorado”.

Este projeto a realizar “apresenta-se como um prolongamento natural de toda a estrutura existente, de forma racional e maximizando o aproveitamento da sua capacidade. A necessidade deste projeto responde de forma capaz e emergente, a uma realidade grave e premente do envelhecimento dos idosos que se vêm sem recursos e alternativas”, notou.

Centro Solidariedade Social do Souto. Créditos: DR

A instituição encontra-se sedeada na zona Norte do Concelho de Abrantes, sendo a única a prestar apoio social aos idosos na referida zona, mais precisamente nas quatro freguesias: União das Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, Fontes, Carvalhal e Martinchel.

Atualmente dispõe de três valências em funcionamento: Centro de Dia (17 utentes), Serviço de Apoio Domiciliário (15 utentes) e Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (11 utentes).

O Centro de Solidariedade Social do Souto, além de ser a única entidade de apoio social na zona Norte do concelho de Abrantes, é também o maior empregador naquele território.

Assim, contam-se entre os recursos humanos efetivos neste momento 19 funcionários: 1 diretora técnica (assistente social); 1 animadora sociocultural; 1 cozinheira; 2 ajudantes de cozinha; 1 motorista; 7 ajudantes ação direta; 6 auxiliares de serviços gerais. A título de prestação de serviços a instituição conta com 1 médico, 1 enfermeiro e 1 nutricionista.

No futuro, com a criação de 15 novos lugares em ERPI, “iremos acrescer ao quadro de pessoal 5 funcionários com as funções de ajudantes ação direta e auxiliares de serviços gerais e ainda 1 auxiliar de saúde. Quanto aos prestadores de serviços de cuidados de saúde (médico e enfermeiro) o tempo de afetação irá aumentar face à nova realidade”, refere ainda Teresa Batista.

O Centro de Solidariedade Social do Souto tem ainda em curso um projeto “inovador na zona”, dá conta Teresa. Trata-se de uma minimercado que abriu no final de 2017 precisamente para responder às necessidades da população do Souto. “Não tínhamos uma mercearia nem sequer um café. Então pedimos as devidas autorizações à Segurança Social para desenvolver uma atividade paralela”, refere.

E assim, nas instalações do antigo minimercado da aldeia, o Centro de Solidariedade abre todas as manhãs aquele espaço situado no centro histórico, assumido pela tesoureira, Cláudia Martins. “O voluntariado implica muita disponibilidade. Uma instituição exige uma acompanhamento quase diário, mas estamos felizes”, afirma a presidente da direção.

De acordo com a Segurança Social, o programa PARES, “e acomodando resposta a novos desafios evidenciados no período de pandemia provocada pela covid-19, o investimento em equipamentos sociais assume uma dimensão estratégica cada vez mais relevante para o desenvolvimento de Portugal, nomeadamente na retoma da economia, em particular da economia social, cujo papel cooperante e decisivo na construção de uma sociedade socialmente mais justa e digna impulsiona para uma nova ambição da rede de equipamentos sociais, que aumente a qualidade e a capacidade das respostas nas áreas da infância, pessoas com deficiência e população idosa”.

Em agosto de 2020 surgiu o PARES 3.0, programa de apoio ao investimento para novas construções e para reabilitação de infraestruturas.

No concelho de Abrantes foram quatro as Instituições Particulares de Solidariedade Social que, recentemente, viram as suas candidaturas ao programa PARES aprovadas. Para além do Centro Solidariedade Social do Souto, também o Centro Social Paroquial de Rossio ao Sul do Tejo, o Centro Social Paroquial de Nossa Senhora da Oliveira, em Tramagal, e a ACATIM – Associação Comunitária de Apoio à Terceira Idade de Mouriscas.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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