Central a carvão do Pego foi encerrada em novembro de 2021. Foto arquivo: mediotejo.net

A TrustEnergy, acionista maioritário da Tejo Energia, quer reconverter a central a carvão situada em Pego, Abrantes, num Centro Renovável de Produção de Energia Verde, projeto que, de forma faseada, implicará um investimento global de 900 ME, anunciou a empresa. A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, assegurou que “haverá no próximo quadro comunitário um pacote financeiro para ajudar à reconversão da central do Pego”.

Com o contrato de aquisição de Energia a partir do carvão a cessar a 30 de novembro, na sequência das politicas de descarbonização nacionais, a TrustEnergy “entende que a melhor opção não será o desmantelamento da estrutura, mas o desenvolvimento de um ambicioso projeto de transição justa da Central Termoelétrica do Pego para um Centro Renovável de Produção de Energia Verde nas suas várias formas”, disse José Grácio, presidente executivo da TrustEnergy, e que passam pela “eletricidade, hidrogénio e outros gases renováveis a partir de diversas fontes primárias de energia local, como a solar, eólica e resíduos florestais”.

Este projeto, que a empresa quer implementar com apoios do Fundo para um Transição Justa (FJJ) e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a que se vai candidatar, “constituirá um caminho sustentável e de futuro” e visa “transformar uma ameaça”, que seria o encerramento da central, “numa grande oportunidade para a região e para o país”, com a sua reconversão funcional em Abrantes.

A conversão da central a carvão do Pego para resíduos florestais locais é a “solução a curto prazo para abastecimento do sistema elétrico português com energia renovável despachável” (que pode funcionar quando for necessário independentemente das condições climatéricas),  e “até que soluções alternativas para a adequada integração de fontes renováveis intermitentes sejam  implementadas”, sendo que o modelo funcional preconizado irá incluir a utilização de outras fontes de energia de forma faseada.

No projeto destaca-se a “utilização do potencial solar da região para produção de energia térmica e fotovoltaica, permitindo produção de energia elétrica a mais baixos preços”, a “utilização de energia eólica que tirará partido dos mais recentes desenvolvimentos de turbinas eólicas capazes de boas capacidades de produção mesmo em baixo regime de vento”, energia que “será utilizada para injeção na rede elétrica quando assim houver necessidade mas que também poderá ser convertida em hidrogénio verde”.

Central Termoelétrica do Pego larga carvão e aposta em Centro de Produção de Energia Verde. Foto: mediotejo.net

Por outro lado, pode ler-se no projeto, “irá ser implementada uma moderna instalação de captura de CO2 que, em conjunto com o hidrogénio produzido, permitirá a produção de e-metano que será injetado na rede de gás natural sem que haja necessidade de significativas alterações nos equipamentos consumidores”.

Segundo afirmou José Grácio, “já este ano, e após o final da produção de energia elétrica a carvão, a Tejo Energia poderá produzir energia elétrica nas atuais instalações, através da utilização de forma sustentável de resíduos florestais torrificados quando não houver no país produção de origem solar nem eólica”.

Desta forma, sublinha o gestor, “o sistema poderá contar com uma solução de 600 MW de energia despachável renovável para garantir o back up à rede elétrica”, uma “tarefa importante tendo em conta a cada vez maior penetração de energias intermitentes e a saída de 1800 MW de carvão do sistema (Sines e Pego) em só 10 meses”, notou, tendo ainda destacado “a limpeza das florestas através da utilização de resíduos florestais que, embora em quantidade limitada, produzem regularmente incêndios” na zona onde a Central se insere.

“O governo, a autarquia local, a Comunidade intermunicipal do Médio Tejo e o acionista maioritário estão alinhados com o futuro de reconversão da central”, vincou José Grácio, tendo manifestado a sua satisfação pelas declarações da ministra da Coesão Territorial em recente visita a Abrantes sobre o projeto da Tejo Energia, que emprega cerca de 200 pessoas. 

José Grácio, presidente executivo da TrustEnergy. Foto: mediotejo.net

De visita ao Pego no dia 14 de maio, onde inaugurou o Sistema de Abastecimento de Água ao Sul do Concelho de Abrantes, Ana Abrunhosa assegurou que “haverá no próximo quadro comunitário de apoio um pacote financeiro para ajudar à reconversão da central do Pego”, a par de “outras verbas para estas áreas, no âmbito do PRR, nomeadamente para centros de energia através do hidrogénio”.

A central do Pego, construída em 1993, “poderia ser um problema, mas não é um problema, é uma oportunidade e é assim que os empresários, o presidente da Câmara e o governo o encaram”, afirmou a ministra aos jornalistas. “Não podemos abandonar uma infraestrutura que aí está sem lhe dar um futuro e uma nova vida”, vincou.

Ana Abrunhosa assegura haver apoios para a reconversão da Central do Pego. Foto: mediotejo.net

Em Abrantes, e em resposta ao apelo do primeiro-ministro António Costa, para os portugueses participarem com contributos para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o município assim fez, e, além dos contributos apresentados através da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, a Câmara Municipal incluiu algumas preocupações e investimentos considerados prioritários, entre eles a reconversão da central do Pego.

Em reunião de executivo, Manuel Jorge Valamatos (PS) apontou “preocupações” como o Parque de Ciência e Tecnologia, e a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, a conclusão do IC9 [ligação Abrantes a Ponte de Sor], a reconversão da Central Termoelétrica do Pego, a par de um conjunto de outros objetivos.

No âmbito da CIMT, o presidente abrantino avançou que os contributos “são mais generalistas” a pensar na região mas “onde aparece focada a questão da Central Termoelétrica do Pego e a conclusão do IC9. 

Central Termoelétrica do Pego. Foto: mediotejo.net

A Tejo Energia é detida pela TrustEnergy (56%), um consórcio constituído pelos franceses da Engie e os japoneses da Marubeni, e pela espanhola Endesa (44%), empresas que exploram a central localizada em Pego, a 150 quilómetros de Lisboa, sendo o maior centro produtor nacional de energia, com uma potência instalada de 628 megawatts (MW) na central a carvão, e que irá cessar as operações até final de novembro, e de 800 MW na central a gás, que prosseguirá em atividade.

A central termoelétrica da Tejo Energia é atualmente a única central a carvão em operação no país, em sequência do encerramento da central de Sines da EDP em janeiro.

c/LUSA

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