CDU em ação de campanha em Abrantes defende melhores salários para colmatar falta de médicos. Créditos: mediotejo.net

O segundo candidato pela CDU à Assembleia da República pelo distrito de Santarém, Mário Pereira, garantiu haver soluções para colmatar a falta de profissionais de saúde. Também Ana Paula Cruz, terceira na lista da CDU no distrito, presente em Abrantes, deu conta das carências de clínicos de Medicina Geral e Familiar existentes no concelho. A ação, sem a presença do cabeça-de-lista, António Filipe, ausente devido a outra situação de campanha eleitoral, teve lugar na manhã desta segunda-feira, 17 de janeiro, em frente à Unidade de Saúde Familiar D. Francisco de Almeida, com a CDU a vincar que o Serviço Nacional de Saúde é uma das bandeiras do PCP.

Sem a presença de António Filipe, cabeça-de-lista da CDU pelo círculo eleitoral de Santarém à Assembleia da República, Mário Pereira garantiu esta segunda-feira que há forma de colmatar a falta de profissionais de saúde, nomeadamente na Medicina Geral e Familiar, para que cada cidadão tenha médico de família, um problema que se agudizou na região do Médio Tejo, especialmente no concelho de Abrantes, onde 8 mil utentes não têm médico de família. O ponto central para a CDU prende-se com a remuneração salarial.

A terceira candidata da CDU pelo distrito de Santarém às eleições legislativas de 30 de janeiro, Ana Paula Cruz, em declarações ao nosso jornal, começou por enumerar algumas freguesias do concelho de Abrantes que estão sem clínico de Medicina Geral de Familiar.

CDU em ação de campanha em Abrantes defende melhores salários para colmatar falta de médicos. Ana Paula Cruz e Mário Pereira. Créditos: mediotejo.net

“As freguesias de Alvega e do Pego estão sem médico de família para assistirem a população. Em São Miguel o médico vai um dia por semana, à segunda-feira e nem sempre é certo. Mesmo na Unidade de Saúde Familiar D. Francisco de Almeida quem não tem médico designado tem de vir às 8h00 presencialmente marcar consulta, se tiver vaga, e depois terá a consulta durante a tarde”, explica a candidata da CDU criticando as “duas viagens” que os utentes residente fora da cidade terão de fazer ao posto de saúde para conseguirem uma consulta.

“A CDU considera ser uma situação que prejudica muito a população, nomeadamente a mais idosa, que tem fracos rendimentos já muito insuficientes para a alimentação e medicação quanto mais para deslocações que não poderão comportar”, criticou alertando para o facto da população abrantina “estar a ficar sem médicos de família” tal como acontece “em outros concelhos. Estão a ficar abandonados à sua sorte” disse, alertando para “a imensa desertificação das aldeias” dando como exemplo Mouriscas, freguesia com “uma população envelhecida”.

O segundo candidato lembrou que o acesso à saúde é uma “das lutas” da coligação PCP/PEV e referiu que a solução passa por “dar condições aos médicos” para que exerçam condignamente a sua profissão, concluindo que tal carência prejudica as populações.

“É um problema que já persiste há muitos anos, contra todas as promessas de resolução por parte dos sucessivos governos e nomeadamente pelo atual primeiro-ministro, António Costa, que prometeu médicos de família a todos os portugueses e está longe de ter sido conseguido. Pelo contrário a situação agravou-se”, começou por dizer Mário Pereira em declarações ao mediotejo.net.

CDU em ação de campanha em Abrantes defende melhores salários para colmatar falta de médicos. Créditos: mediotejo.net

Considerou o distrito de Santarém um exemplo “claro” da carência no que toca aos cuidados de saúde primários, seja na região da Lezíria seja no Médio Tejo. “Há um aumento de casos de famílias que não estão cobertas com médico e também sem enfermeiro”, disse.

Os candidatos falavam durante uma ação de campanha em Abrantes ligada “à necessidade de colocar na ordem do dia o problema de carência de médicos de família” que contou também com a presença da candidata Gisela Matias e outros ativistas e apoiantes.

VIDEO | CDU EM CAMPANHA EM ABRANTES:

A CDU “há muito que defende medidas concretas para a fixação de médicos que passa em primeiro lugar pelo aumento da colocação de profissionais no Serviço Nacional de Saúde”, considerou mencionando não apenas esses profissionais de saúde mas também enfermeiros, auxiliares de ação médica e funcionários administrativos lembrando tratar-se de “um desígnio que está inscrito na Constituição da República”.

CDU em ação de campanha em Abrantes defende melhores salários para colmatar falta de médicos. Créditos: mediotejo.net

Além disso, reforçou Mário Pereira, “é preciso que esses médicos se fixem no território melhorando as condições remuneratórias, a possibilidade de terem habitação nos locais para onde se desloquem com a intenção que se fixem no futuro. Mas também a melhoria das condições das infraestruturas dos centros de saúde e hospitais da região, com aquisição de equipamentos”.

Segundo o candidato, a CDU defende igualmente ”a criação de um subsidio de fixação que permita aumentar a remuneração base e também dessa forma fazer com que os profissionais procurem o Serviço Nacional de Saúde e procurem deslocar-se de alguns locais do litoral, sobretudo aqueles de maior pressão – Lisboa, Porto – para o interior do País e até do interior das áreas metropolitanas que também têm problemas deste género”, salientou.

Para a CDU, o aumento salarial “é um elemento fundamental” não apenas no caso da Saúde, mas “em qualquer outra área”, reforça o número dois por Santarém. A lacuna deve-se “à pressão que existe por parte dos serviços privados que normalmente subsistem à custa do Orçamento de Estado e à custa do Serviço Nacional de Saúde”. Falando de contratações, o candidato comunista disse que o SNS “podia apostar em serviços desde que tivesse os médicos, os equipamentos e, claro, para ter os médicos tem de ter uma política remuneratória que seja concorrencial”.

Mário Pereira defendeu um aumento de 50% da remuneração base e eventualmente a criação de um subsidio de deslocação”, ou seja, de fixação nos territórios do interior.

Acresce ainda “a progressão nas carreiras, a questão das horas extraordinárias, com o aumento do número de médicos colocados diminuiria a necessidade de recorrer a horas extraordinárias. Muitas vezes os médicos fazem excessivamente horas extraordinárias em prejuízo da sua vida familiar e da própria saúde mental e física”, fez notar.

Quanto à realidade do distrito de Santarém, o candidato comunista deu conta de um panorama semelhante nos restantes concelhos embora na região da Lezíria destaque Chamusca, Almeirim, Salvaterra de Magos, Alpiarça e Coruche como os mais problemáticos no que toca à carência de médico de família e de enfermeiros nos centros de saúde.

“Salvar e reforçar o Serviço Nacional de Saúde” é uma das bandeiras da CDU também nestas eleições legislativas do dia 30 de janeiro. Para a coligação PCP/PEV importa então “valorizar as carreiras e remunerações, adotando medidas de fixação dos profissionais e dedicação exclusiva ao SNS, para além dos investimentos em infraestruturas e demais equipamentos”, salienta o programa, em linha com o que os candidatos da CDU por Santarém vieram esta segunda-feira propor em Abrantes.

A nível distrital, a CDU apresentou na semana passada o seu Compromisso Eleitoral focando entre outras áreas, a Saúde, a Cultura e o Património.

Na área da saúde afirma-se que “A CDU continuará a insistir na concretização de um Programa integrado de reforço do Serviço Nacional de Saúde através da contratação de mais profissionais, médicos, enfermeiros, terapeutas, técnicos de diagnóstico, administrativos e assistentes operacionais de forma a melhorar a qualidade da prestação dos serviços de saúde nas extensões, centros de saúde e hospitais do Distrito.”

Na área da Cultura e Património afirma-se que “a CDU defende um serviço público de cultura que permita a todos o acesso à produção e fruição cultural”. No concreto propõe: “1% do Orçamento Geral do Estado para a Cultura; a valorização do Património Histórico, Cultural e Natural do distrito…”

De acordo com os compromissos apresentados a CDU decidiu que ao longo da pré-campanha devia estabelecer contactos com várias entidades do distrito de Santarém, e, em Tomar, onde esteve no dia 14 de janeiro, considerou importante contactar o Conselho de Administração do Centro Hospital do Médio Tejo, a Junta de Freguesia de Carregueiros e o Grupo de Amigos do Aqueduto do Convento de Cristo. 

João Ferreira diz que Rio “não faz ideia” de como funciona voto antecipado

O dirigente comunista João Ferreira considerou hoje que o presidente social-democrata “não faz ideia de como é que funciona” o voto antecipado em mobilidade, aludindo a uma publicação feita por Rui Rio no Twitter no domingo.

“Às vezes há alguns políticos que parece que vivem assim numa bolha completamente afastada da realidade e do país que somos. Há aí um, descobrimos agora, que não faz ideia de como é que funciona o voto antecipado”, considerou o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, enquanto discursava durante uma iniciativa da CDU no Couço, concelho de Coruche (Santarém), no âmbito das eleições legislativas.

O antigo eurodeputado comunista aludiu a uma publicação feita na rede social Twitter pelo presidente do PSD durante a tarde de domingo.

Rio escreveu: “O Dr. António Costa arranjou uma forma airosa de evitar ter de fazer o que sabe que não é bom para Portugal; ter de votar nele próprio. Chapeau!”, depois de o secretário-geral socialista anunciar que vai votar antecipadamente no dia 23 de janeiro, no Porto.

A publicação já tinha merecido críticas de deputados como Pedro Delgado Alves (PS) ou o líder parlamentar do BE Pedro Filipe Soares (BE), que acusaram Rui Rio de desinformação e de desconhecer a lei eleitoral, respetivamente, uma vez que o voto em mobilidade é contabilizado no círculo de origem.

No entanto, Rio desdramatizou a situação e afirmou que a publicação foi uma brincadeira.

“A tendência das campanhas eleitorais é de começarem a ficar tensas e uns contra os outros. O que pretendo é brincar, não têm sentido de humor? Eu sei que ele pode votar em Mirandela, Porto ou Lisboa e conta sempre para no sítio onde está recenseado”, afirmou.

c/LUSA

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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