Proprietário revoltado por assassinato de ovelhas em Arrifana. Foto: DR

Três borregos morreram e duas ovelhas ficaram feridas no último ataque de cães em Mouriscas, freguesia do concelho de Abrantes, em novo episódio que ocorreu na segunda-feira, 19 de março, confirmaram ao mediotejo.net as autoridades policiais.

Um criador de gado com um rebanho com cerca de 40 ovelhas, em Mouriscas, no concelho de Abrantes, perdeu três animais, nesta segunda-feira, na sequência de ataques de cães, e duas ovelhas ficaram feridas. A Guarda Nacional Republicana foi chamada ao terreno e o lesado apresentou queixa às autoridades.

O testemunho foi dado ao mediotejo.net por Orlando Alpalhão, também residente em Mouriscas, preocupado que está com as suas ovelhas. Os ataques são recorrentes “ e ninguém faz nada”, desabafa. Orlando tem dois animais feridos, vitimas de um ataque na sexta-feira passada.

“No domingo tive os meus animais fechados no curral o dia todo” por via de ser bombeiro e não estar em casa de vigília ao seu pequeno rebanho. Apesar da sua fazenda estar vedada sente-se inseguro e teme perder o gado. “Tenho os animais para pastarem nas minhas terras e limparem as ervas dos terrenos e no entanto tenho de os manter fechados alimentados a ração e palha”.

Também Orlando apresentou uma queixa, na passada sexta-feira, devido aos ataques dos cães, mas até esta quarta-feira “as autoridades ainda não me disseram nada”. Conta que entra as vozes do povo fala-se “de três cães e que um deles se virou contra as pessoas. Mas não sei se é verdade!” salvaguarda.

O povo também aponta o dedo à empresa JJR com centro de produção em Mouriscas após a morte de três animais na madrugada de 16 de março, igualmente devido ao ataque de cães. A empresa JJR identificou o cão que estava no local de um dos ataques como sendo seu, e responsabilizou-se pelos danos causados a uma das proprietárias, que viu uma das suas ovelhas mortas no campo onde pastavam.

Contactado pelo mediotejo.net o encarregado João Calhoa esclarece que a empresa “responsabilizou-se pelos danos porque não quer problemas com ninguém, e o cão estava no local onde a ovelha foi morta” mas não assume ter sido aquele cão o autor do ataque, até porque “ninguém viu”, diz.

O mesmo se passa com os ataques de 19 de março. “Não sei se os borregos foram mortos” afirma, questionando: “se ninguém viu, como afirmam que os cães são da JJR?”.

A empresa possui três cães no estaleiro. “ São dois castanhos e um branco. Dois estão presos” garantiu João Calhoa e “anda uma cadela à solta que não consigo apanhar por estar com o cio” mas duvida que seja aquele bicho o autor dos ataques até por ser da raça Serra da Estrela. “Uma cadela daquelas não mata ovelhas. Além disso, no dia 16 estive a três metros da cadela e vi que não estava suja de sangue”, garante.

João Calhoa dá conta de “outros cães de outras empresas da zona que também já foram vistos à solta em Mouriscas”.

Cético em relação à culpa dos cães da empresa onde trabalha, o encarregado da JJR sugere que “as pessoas lesadas se dirijam ao canil municipal e peçam para capturarem os cães para que possamos identificar se são os nossos de facto ou se são outros. Devem participar, fazer queixa, inclusive ligar à Câmara Municipal”, afirmou.

João Calhoa avançou ao mediotejo.net que uma das pessoas de Mouriscas que identificou a cadela como sendo a autora dos ataques, “já esteve no estaleiro há meses aquando de outro ataque e admitiu que os cães da JJR são mais pequenos”.

Os ataques em Mouriscas são recorrentes e os pequenos produtores de gado já não sabem o que fazer, queixando-se de prejuízos dos quais não são ressarcidos. Em menos de uma semana, os ataques de cães mataram seis animais naquela freguesia.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *