Caixa ATM em Concavada. Créditos: mediotejo.net

O banco Santander decidiu retirar a Caixa ATM de Concavada. A instituição bancária informou a União de Freguesias de Alvega e Concavada da decisão colocando uma condição para a permanência da Caixa: a Junta de Freguesia terá de suportar um montante mensal superior a 500 euros. O presidente José Felício considera essa contrapartida impensável e garantiu ao mediotejo.net que a autarquia “não irá suportar encargos” financeiros daquela entidade privada.

O presidente da União de Freguesias de Alvega e Concavada, José Felício (PS), confirmou ao mediotejo.net que o banco Santander decidiu retirar a Caixa ATM de Concavada. O assunto foi levado a reunião de Câmara Municipal de Abrantes pelo vereador do Bloco de Esquerda, Armindo Silveira, na terça-feira, 29 de setembro.

No dia 8 de setembro, o Santander informou a Junta de Freguesia da decisão de retirar a Caixa ATM que para já continua operacional. Para o encerramento do serviço, o banco “não avançou com uma data, mas será para breve”. No entanto, “comprometeu-se em não retirar a Caixa ATM até à reunião” marcada pela Câmara Municipal de Abrantes com a entidade bancária no sentido de encontrar uma solução, explicou José Felício.

O Santander justifica a decisão alegando que a Caixa ATM “não tem movimentos suficientes” e que “está a retirar Caixas por todo o País”. Mas o presidente da Junta deu conta de uma condição para a permanência da Caixa: “o pagamento mensal de 500 euros mais IVA” pela Junta de Freguesia. Ora a autarquia “não tem condições para suportar” esta despesa, garante José Felício, acrescentando que a Junta até “já afixou Editais no sentido de incentivar as pessoas a fazerem movimentos bancários” no referido ATM.

Contudo, esta situação não é propriamente nova. “Há quatro anos o banco já tentou retirar a Caixa. Alegámos que a Caixa ATM em Alvega está muitas vezes inoperacional e conseguimos adiar a situação”, recorda José Felício.

Agora, a Junta já reuniu com a entidade bancária, enviou uma carta expositiva e a Câmara Municipal também interveio aguardando mais conversações. Sendo certo que “a Junta não irá suportar encargos” financeiros daquela entidade privada, assegura José Felício.

Armindo Silveira lembrou, na sua intervenção durante a reunião de executivo, que o Banco Santander Portugal terminou o ano de 2019 com lucros de 527 milhões de euros “mas não tem disponibilidade financeira para manter a Caixa ATM em Concavada fazendo depender essa permanência de um pagamento mensal de 500 euros […]”, tendo referido que “alguns populares afirmaram que a manutenção da referida Caixa é deficitária, faltando diversas vezes o papel pelo que a falta de comprovativo, a falta de dinheiro, impede a população de usar o serviço tendo como consequência a diminuição dos movimentos”.

O vereador do Bloco de Esquerda considerou “inaceitável a pressão exercida pelo Santander à União de Freguesias de Alvega e Concavada e é lamentável que em tempos de pandemia em que os cidadãos são aconselhados a restringir as deslocações que esta entidade bancária opte por remover a Caixa ATM obrigando a deslocações desnecessárias”.

Por seu lado, o presidente da Câmara afirmou discordância com esta decisão do banco Santander dando então conta de uma reunião marcada com a instituição para abordar a questão da viabilidade e permanência da Caixa ATM em Concavada.

“Não concordamos em nada com a metodologia que esta instituição bancária está a tentar prosseguir. Não serve a nossa comunidade, não serve as nossas pessoas e há uma falta de consideração e respeito por tantos anos que este serviço esteve a funcionar”, afirmou Manuel Jorge Valamatos (PS).

Se o banco Santander realizar a sua intenção, a freguesia de Concavada ficará sem a única caixa multibanco que atualmente possui, mantendo-se a Caixa ATM de Alvega, que servirá uma população na ordem das duas mil pessoas.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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