O presidente da Câmara de Abrantes desvalorizou um estudo da DECO sobre os valores da água praticados no Médio Tejo e assegurou que Abrantes é o sexto município com a água mais barata para o consumidor doméstico e o 2º mais barato para o comércio no conjunto dos 13 municípios da região. Em reunião de executivo, Manuel Jorge Valamatos (PS) questionou se “alguém anda a defender a agregação” e afirmou que “um estudo com aquela característica deixa muito a desejar”.
Um estudo da Deco Proteste, referido na última reunião de executivo de Abrantes pelo presidente da Câmara, aponta para uma necessidade imperiosa de poupança de água, já que a mudança de escalão em alguns concelhos quase duplica o valor a pagar pelas famílias. Quando passa dos 120 m3 para os 180, em alguns casos, o preço dispara. Na nossa região, é nos municípios que integram a Tejo Ambiente, que há maior diferença: a fatura passa de 254,74 para 387,34 euros, no ano passado. Entre os 13 municípios da região do Médio Tejo, Abrantes e Ourém são aqueles que praticavam em 2020 preços mais elevados na fatura da água, segundo a Deco. Esta realidade foi negada na terça-feira por Manuel Jorge Valamatos.
ÁUDIO: MANUEL JORGE VALAMATOS, PRESIDENTE CM ABRANTES:
O autarca começou por dizer que o estudo da Deco deixou o executivo do PS “preocupado” e sem saber “qual a intenção deste estudo, se alguém anda a defender a agregação” [a Tejo Ambiente agrega seis municípios do Médio Tejo] afirmando que “um estudo com aquela característica deixa muito a desejar” uma vez que se reporta à fatura de ambiente – três serviços: água, saneamento e resíduos sólidos urbanos – mas refere fatura da água.

Manuel Jorge Valamatos considera que “misturar os três serviços e falar de água não é um estudo muito aceitável”. Além disso critica o facto de “não haver diferenciação entre os consumidores domésticos e não domésticos. Confundir tudo não faz qualquer sentido”, afirmou, dando conta que a Câmara Municipal já manifestou “desagrado” à Deco e sabe que esta “está a corrigir algumas situações às quais não esteve atenta”.
Relativamente ao setor de abastecimento de água, Manuel Jorge Valamatos, que também é o presidente do conselho de administração dos Serviços Municipalizados de Abrantes, garante que Abrantes tem uma rede de cobertura de “100% à população. Temos 29 captações de água, 759 km de conduta, 61 reservatórios, 22 estações elevatórias, uma Estação de Tratamento de Água [em Cabeça Gorda], uma sede que todos conhecem, equipamentos, 10 viaturas de resíduos sólidos urbanos, vários camiões, várias retroescavadoras, uma estrutura onde trabalham 100 pessoas e não pode ser feito um estudo qualquer comparativo com outros municípios”, explica.
Manuel Jorge Valamatos vincou mais uma vez a posição do Município de rejeitar integrar a empresa Tejo Ambiente lembrando que os SMA “é património dos abrantinos e temos de defender isto a todo o tempo”.
Indica que em termos de conformidade da água, Abrantes apresenta “99.87%, um nível e uma qualidade de água extremamente elevada” lembrando que os SMA “já recebeu várias vezes o selo de ouro da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos em articulação com o ERSAR”.
O presidente dá conta que no concelho de Abrantes “a percentagem de água não faturada é cerca de metade da média dos municípios do Médio Tejo”, ou seja, “temos níveis de perdas de água muito inferiores à média, quer dizer que há ganhos substanciais significativos naquilo que é a própria gestão dos Serviços Municipalizados”.
E assegura que para os consumidores domésticos Abrantes, dos 13 municípios, “é o sexto mais barato. No futuro vamos porventura baixar esta posição. Relativamente aos não domésticos somos o segundo município mais barato”.
Em tom de critica, Manuel Jorge Valamatos classificou o estudo da Deco de “falsas notícias” dizendo gostar que “outros não se aproveitassem de fake news para fazerem extrapolações desnecessárias”. Para o presidente da Câmara, o estudo da Deco “confunde as pessoas”, tendo anunciado que brevemente a Câmara Municipal inaugurará o sistema de abastecimento no Sul do concelho a partir de Castelo de Bode.
“Foi um investimento muito significativo […] temos uma prestação de serviços de grande qualidade que não quisemos perder”, insistiu o autarca, esperando que a Deco reveja o estudo e “não confunda a água com resíduos sólidos urbanos e com saneamento”.
Relativamente ao saneamento, o autarca lembrou que em Abrantes existe uma concessão desde 2007, data a partir da qual foram investidos “mais de 12 milhões de euros em rede de saneamento. Temos uma abrangência de rede de saneamento de 93.7%. Onde não há rede de saneamento existem fossas sépticas, essas são sugadas e esse material transportado para as ETAR. Não existe ninguém que não tenha saneamento. A média no Médio Tejo é de 60%”, afirmou, tendo referido que esse investimento é repercutido nas tarifas dos cidadãos.
No que toda a resíduos sólidos urbanos, o presidente alerta que os concelhos dos Médio Tejo optam por sistemas diferentes, estando Abrantes na Valnor. Nesse sentido, defende, “não se justifica confundir”. Contudo, admite que a taxa de resíduos sólidos urbanos é elevada. “Gostaríamos que fosse menor”, afirmou, acrescentando que “apesar de tudo somos [para as empresas designadamente comerciais] o sétimo município mais barato” do Médio Tejo.
No Dia Mundial da Água, na segunda-feira, o ministro do Ambiente, do governo PS, defendeu precisamente o aumento do preço da água por ser um recurso escasso. João Pedro Matos Fernandes disse que o preço da água deve refletir a escassez deste recurso “efetivamente limitado” para desencorajar o desperdício.
Em baixo o mapa do estudo publicado pela DECO:
A DECO deve consultar as instituições autárquicas no sentido de garantir a aprovação dos executivos antes de fazer publicações. Mas vá lá não começou aos gritos.