Assembleia Municipal de Abrantes

Através de uma proposta de recomendação, o Partido Social Democrata leva o Executivo a convidar a empresa Tectania a apresentar o seu projeto de investimento e dar a conhecer à Assembleia Municipal o estado da respetiva implementação no concelho de Abrantes. A proposta, inicialmente em forma de moção, gerou alguma discussão mas acabou aprovada por maioria, com uma abstenção, esta sexta-feira 30 de novembro em sede de Assembleia Municipal.

O PSD considera útil convidar um representante da empresa Tectania – Tecnologia Automóvel, Lda. para comparecer numa sessão ordinária de Assembleia Municipal de Abrantes (AMA) no sentido de apresentar o projeto, logo que estejam reunidas condições, e dar a conhecer o seu atual estado de implementação, devendo a sessão em causa ser aprazada consoante as possibilidades de agenda do convidado.

O anúncio chegou em maio deste ano, propondo-se criar, ainda em 2018, oito postos de trabalho e esperando quintuplicar o número em 2019, atingindo os 296 trabalhadores em 2025. Um investimento de 44 milhões de euros pela empresa Tectania – que se dedica à investigação, conceção e fabrico de veículos automóveis e motociclos para o segmento Off-Road – instalada no Parque Tecnológico Vale do Tejo, em Abrantes. O Município apoia com mais de meio milhão de euros em isenção de natureza fiscal e tributária.

Contudo, escreve o PSD no documento “têm-se levantado algumas dúvidas sobre a configuração deste investimento, especialmente, sobre o cronograma de instalação da Unidade Industrial no Parque Industrial de Abrantes”.

Do lado da oposição, também o Bloco de Esquerda já procurou respostas. Na reunião de Câmara de 30 de outubro de 2018, a Presidente da Câmara, Maria do Céu Albuquerque, questionada pelo vereador do BE, Armindo Silveira, justificou o “atraso” na implementação da empresa com “a instabilidade no Brasil” que “influi negativamente na materialização deste grande investimento, uma vez que os dois sócios da empresa são cidadãos brasileiros”.

Assembleia Municipal de Abrantes

Assim, defende a bancada social democrata, esta recomendação para o Executivo apresentar um convite no momento indicado, “demonstrará aos responsáveis pelo investimento a existência de interesse e aprazimento públicos na opção negocial que fizeram, servindo-lhes de estímulo adicional. E servindo, identicamente, para veicular informação à comunidade”.

O PSD não esqueceu que “a prática de ouvir os empresários que escolhem investir no Concelho não é estranha” à AMA, havendo o precedente de, por exemplo, “se ter auscultado um representante da empresa que explora o Hotel de Turismo de Abrantes” referiu João Salvador Fernandes.

Em resposta à proposta do PSD, o vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes, João Gomes, disse que as informações resultantes das negociações “serão trazidas à Assembleia” recordando tratar-se de uma negociação entre a Câmara Municipal e a empresa Tectania. No entanto, considerou uma decisão que cabe aos investidores. “Não sabemos se têm a intenção de apresentar o projeto. Mas é algo que a Câmara tem feito com outros investimentos semelhantes” notou.

Volta a insistir João Salvador Fernandes que os deputados municipais “têm interesse em perceber como está a fase de implementação e compreender alguns pormenores do projeto que por mais que a Câmara queira explicar só alguém com conhecimento técnico e no mercado é que pode dizer. Gostaríamos de ter uma compreensão direta do que é dito. O PSD considera que o convite faz todo o sentido”.

O deputado social democrata reconhece, contudo, a concretização de tal investimento como “fulcral para o incremento do emprego e do desenvolvimento e crescimento económico” no Município.

Por seu lado, o deputado socialista Jorge Beirão, depois de recordar que também a empresa RPP Solar apresentou o seu projeto de investimento em Concavada à AMA, afirmou que pela ideia defendida pelo PSD “todas as empresas que vierem para a zona industrial terão de apresentar o projeto” na AMA, considerando que a Câmara “está a fazer o seu trabalho”.

No entanto, por sugestão do presidente da Assembleia Municipal, António Mor, o texto da moção alterou-se no sentido de dirigir o convite aos empresários brasileiros “logo que estejam reunidas condições”. A alteração para recomendação serenou os ânimos e a proposta foi aprovada por maioria, com uma abstenção.

Antes do período destinado à Ordem do Dia também o Bloco de Esquerda questionou o Executivo camarário relativamente aos resultados da recente reunião entre a presidente Maria do Céu Albuquerque e os empresários brasileiros. Isto porque, “em setembro último era suposto ter já sido iniciada a produção de motociclos e até ao fim de 2018 a criação de 8 postos de trabalho”, lembrou Pedro Grave.

Assembleia Municipal de Abrantes. Pedro Grave (BE)

Outras moções na AMA

Conjuntamente com o Bloco de Esquerda, o PSD apresentou também uma proposta de recomendação no sentido do Executivo Camarário disponibilizar, no sítio online da Câmara Municipal de Abrantes, a agenda semanal das atividades dos vereadores e da presidente da Câmara, com a antecedência de uma semana e mantendo o histórico arquivado e acessível para consulta. A proposta votada favoravelmente pela maioria com duas abstenções da bancada da CDU.

Por seu lado, o BE apresentou duas recomendações. A primeira, recomendando a adesão do Município de Abrantes à iniciativa de âmbito nacional “Autarquias sem Glifosato”, foi rejeitada pela maioria dos deputados municipais, e a segundo ‘Por um Concelho livre de Transgénicos e Organismos Geneticamente Manipulados’ aprovada com quatro votos da CDU e do BE com a abstenção da restante Assembleia Municipal. Esta última recomenda que Câmara Municipal declare simbolicamente o território do Município de Abrantes como “zona livre de Transgénicos e Organismos Geneticamente Manipulados”.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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