Reunião de Câmara de Abrantes, 23 de novembro de 2021. Imagem: mediotejo.net

A Carta Educativa do concelho de Abrantes para a próxima década foi aprovada por maioria em reunião de executivo. Este documento de planeamento estratégico, que complementa a estratégia municipal para a redução do abandono escolar precoce e a promoção do sucesso educativo, pretende refletir “qual o caminho que queremos seguir no futuro”, explanou ao mediotejo.net a vereadora com o pelouro da Educação, Celeste Simão.

“Esta carta educativa mereceu o parecer favorável do Conselho Municipal de Educação. De seguida, foi enviada para a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares e mereceu também parecer favorável por parte do Ministério da Educação”, começou por referir a vereadora Celeste Simão na apresentação da proposta de aprovação da revista Carta Educativa do concelho, acompanhada pelo referido parecer do Conselho Municipal de Educação e pronúncia do Ministério da Educação.

Incluindo uma caracterização do contexto socioeconómico e territorial, do sistema educativo local na ótica da procura e da oferta e com um capítulo dedicado a propostas de intervenção, o documento vem “definir qual o caminho a seguir ao nível dos estabelecimentos de ensino, desde o pré-escolar ao secundário”.

“No fundo, acaba por ter um diagnóstico inicial sobre o número de alunos, um diagnóstico do ponto de vista da oferta formativa e também na ótica da procura do que é que os alunos procuram. (…) Esta carta educativa o que deve refletir é: que respostas é que o Município dá para criar as condições para os alunos poderem ter as aulas com qualidade nos espaços onde estão”, explana ao mediotejo.net Celeste Simão, vereadora da Câmara de Abrantes com o pelouro da Educação.

Com um período temporal de vigência de 10 anos, adotando o ano de 2030 como horizonte temporal para este exercício de planeamento, este documento subentende também o Projeto Educativo Municipal de Abrantes, através do qual é feita a articulação da oferta formativa no concelho.

A Carta Educativa prevê ainda que “as monitorizações sejam mais exaustivas – é uma obrigatoriedade da Câmara fazer uma atualização dos números anualmente, para ir ajustando os equipamentos à realidade do número de alunos do nosso concelho”, conclui Celeste Simão.

PSD VOTA CONTRA CARTA EDUCATIVA, ALTERNATIVAcom APROVA MAS APONTA “INEQUÍVOCO RETRATO DEPRIMENTE” DO CONCELHO

Aprovada por maioria, a Carta Educativa do concelho de Abrantes mereceu o voto favorável do vereador Vasco Damas (ALTERNATIVAcom), que admitiu ver como único segmento com potencial para crescer o da educação e formação de adultos.

Admitindo aprovar o documento por “gostarmos de ser parte da solução”, o vereador não deixou de ressalvar as “muitas reservas” que tem, começando por afirmar que a respetiva carta traça “um inequívoco retrato deprimente de um concelho em contínuo definhamento e que nem a drenagem de população e de recursos de campo para a cidade consegue travar”.

“A carta educativa reconhece o mau estado de conservação de vários estabelecimentos escolares (…) uma subutilização da capacidade instalada dos estabelecimentos escolares à volta dos 50%”, exaltou, referindo ainda que a procura de escolaridade no concelho “em todos os níveis de ensino tem registado e continuará a registar uma redução significativa no horizonte temporal da presente carta educativa (2030) se nada for feito para contrariar esta tendência”.

ÁUDIO | Vereador Vasco Damas (ALTERNATIVAcom) refere reservas quanto ao documento

Vasco Damas apontou também uma falta de “atenção e investimento no estudo acompanhado, com o envolvimento das Juntas de Freguesia e coletividades locais”, afirmação que mereceu resposta por parte da vereadora Celeste Simão, que clarificou aquilo que é ou não competência da Câmara Municipal.

ÁUDIO | Vereadora Celeste Simão (PS) responde à intervenção do vereador Vasco Damas (ALTERNATIVAcom)

Já com voto contra, o vereador Vítor Moura (PSD) começou por justificar a sua posição com a adjudicação da elaboração da Carta Educativa a uma empresa externa, situação que, defende, faz com que “haja sempre alguma cerimónia fazer retratar determinadas realidades mesmo que os números espelhem essas realidades”.

“No pré-primário, se a tendência se verificar, já em 2018 no pré-escolar Abrantes perdeu em 10 anos 35% das nossas crianças, enquanto o Médio Tejo 28% e o país 12%. O primeiro ciclo do básico perdeu no mesmo período 32%”, referiu o vereador social-democrata.

ÁUDIO | Vereador Vítor Moura (PSD) justifica voto contra

A Carta Educativa do Concelho de Abrantes segue agora para deliberação fina da Assembleia Municipal a realizar dia 10 de dezembro.

Ana Rita Cristóvão

Abrantina com uma costela maçaense, rumou a Lisboa para se formar em Jornalismo. Foi aí que descobriu a rádio e a magia de contar histórias ao ouvido. Acredita que com mais compreensão, abraços e chocolate o mundo seria um lugar mais feliz.

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