Abrantes acolheu a viagem inaugural do primeiro autocarro movido a hidrogénio no Médio Tejo. Foto: CIM Médio Tejo

“Hoje é um dia realmente diferente porque ficará para a história”, afirmou Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes e da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, no final da viagem inaugural que levou na segunda-feira autarcas, técnicos, empresários e jornalistas a embarcar num projeto piloto de mobilidade em torno da sustentabilidade energética e ambiental, e que percorreu o centro da cidade e a zona do estaleiro municipal, onde está instalado o carregador móvel da viatura.

“Começamos hoje a fazer história na mobilidade da região do Médio Tejo”, vincou Manuel Jorge Valamatos, no arranque de um projeto piloto de âmbito europeu implementado pela MédioTejo21, – Agência Regional de Energia e Ambiente, e que vai ter um autocarro a hidrogénio a circular em Abrantes e nos 11 municípios da região.

Abrantes acolheu a viagem inaugural do primeiro autocarro movido a hidrogénio no Médio Tejo. Foto: mediotejo.net

“A mobilidade é um aspeto muito importante para as comunidades e apostamos por isso na afirmação da nossa região. Ter autocarros e estruturas de transportes mais sustentáveis, é estarmos mais perto do futuro”, destacou ainda o autarca.

REPORTAGEM/VIAGEM INAUGURAL DE AUTOCARRO A HIDROGÉNIO

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O autocarro movido a hidrogénio, que vai estar a circular nos próximos oito meses nos 11 concelhos do Médio Tejo, surge no âmbito do projeto europeu Hy2Market ao qual a MédioTejo21 – Agência Regional de Energia e Ambiente do Médio Tejo e Pinhal Interior Sul viu aprovada uma candidatura no âmbito do programa Horizonte Europa, em projeto que integra outros parceiros europeus em trabalhos e experiências diferentes mas complementares.

João Gomes, presidente do Conselho de Administração da MédioTejo21, e vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes, recordou que “este trabalho teve início em 2021 com uma candidatura que permitiu captar 320 mil euros para o desenvolvimento do projeto. Temos aqui um grande desafio pela frente, para trabalhar em conjunto neste projeto piloto para a nossa região”, frisou.

Depois dos oito meses de circulação do autocarro, “haverá um trabalho de execução dos resultados, quais os problemas que surgiram, quais as mais valias e onde é que podemos melhorar para, no futuro, termos um projeto mais sustentável para a região”, indicou João Gomes.

A viatura, através da empresa rodoviária responsável pelos circuitos na região, assegurará o transporte de passageiros, sobretudo em circuitos urbanos, nos 11 concelhos do Médio Tejo, percorrendo, em média, cerca de 200 km diários.

O projeto terá duas bases operacionais. Nos primeiros quatro meses de operação em Abrantes (até fevereiro de 2024) e nos últimos quatro meses do projeto em Tomar, sendo a partir destes dois concelhos que se fará a ligação aos restantes municípios da região.

No caso de Abrantes, o posto de abastecimento móvel encontra-se no Estaleiro Municipal e em Tomar, passados 4 meses, o mesmo posto ficará na Central de Camionagem.

Nesta cerimónia inaugural foi possível assistir ao funcionamento do posto de abastecimento em Abrantes e a todo o mecanismo que é utilizado para abastecer o autocarro a hidrogénio.

Na ocasião, foi referido por Ricardo Beirão, da Médiotejo 21, que o autocarro H2 City Gold tem um consumo estimado de 6 kg de hidrogénio por 100km percorridos. As baterias, os tanques de hidrogénio e a pilha de combustível estão colocados no tejadilho, otimizando o espaço interior de um autocarro de passageiros que apresenta uma lotação de 62 lugares (35 sentados, 25 de pé, 1 lugar para mobilidade condicionada e 1 lugar para o motorista).

O responsável disse ainda que este meio de transporte se destaca pela sua autonomia, segurança, sentido de inclusão e simplicidade de utilização, adaptando-se facilmente a qualquer ambiente urbano, tendo acrescentado que, “com o seu baixo nível de ruído, contribui simultaneamente para um ambiente mais limpo e agradável”.

A CIM Médio Tejo assegurou a comparticipação nacional do investimento, na ordem dos 60 mil euros de financiamento a uma iniciativa que pretende demonstrar e promover a utilização de veículos movidos a hidrogénio no território, uma vez que a região reconhece o papel que o hidrogénio verde (neutro em carbono) pode desempenhar na descarbonização dos vários setores da economia, em particular dos transportes e da indústria.

O primeiro secretário executivo da CIM Médio Tejo, Miguel Pombeiro, lembrou que a região do Médio Tejo “é a única do país que tem um aviso aberto para a produção de hidrogénio”.

“Neste momento, está um aviso aberto de perto de 10 milhões de euros, verbas provenientes do Fundo de Transição Justa, para a produção de hidrogénio verde. Se passar a haver produção e consumo, o armazenamento e distribuição acabarão por surgir também na cadeia de valor”, salientou o secretário executivo.

A iniciativa surge no contexto da participação da Médiotejo21 no projeto europeu Hy2Market, programa que “liga regiões de toda a Europa que trabalham em várias inovações para impulsionar a produção, o transporte e a utilização de hidrogénio verde”.

No Hy2Market, precisou João Gomes, “colaborarão 38 parceiros de 10 regiões europeias (Bélgica, Itália, Grécia, França, Países Baixos, Áustria, Portugal, Espanha e Roménia), com os intervenientes no mercado e as instituições (de conhecimento) a trabalharem em conjunto em inovações, estudos e investimentos para criar uma cadeia de valor do hidrogénio robusta e inovadora, partilhando ao longo do programa as experiências e conhecimentos adquiridos”.

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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