As obras de recuperação, remodelação e ampliação do Convento de São Domingos, onde será instalado futuramente o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes já deram os seus frutos: durante os trabalhos foram encontrados diversos achados arqueológicos, que datam do séc. XVI, alguns dos quais relacionados com uma necrópole e ainda alguns arcos em ogiva, ajudando a rescrever a história deste monumento. A presidente da autarquia promoveu uma visita guiada aos jornalistas numa altura em que se comemoram as festas da cidade de Abrantes.

Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara de Abrantes, durante a visita à obra do futuro Museu Ibérico e de Arqueologia Foto: mediotejo.net
Um dos arcos em ogiva que foi descoberto durante as obras no Convento de São Domingos Foto: mediotejo.net

Isto mesmo foi presenciado na manhã desta sexta-feira, 16 de junho, durante uma visita promovida pela autarquia a diversas empreitadas que estão atualmente em curso no concelho. No caso em concreto desta empreitada, orçada em 3 milhões e 124 mil e 398,26 euros, está a cargo da empresa Teixeira Pinto e Soares sendo que o seu prazo de execução é de 910 dias.

Talha inteira do Séc. XVI que serviu para guardar ossadas foi agora descoberta Foto: mediotejo.net

“É uma obra, sob o ponto de visto do património municipal,  com um peso histórico muito forte. Já encontramos vários achados que têm que ser valorizados, sendo que esta obra está a ser acompanhada por uma equipa de arqueólogos e também pela DGPC que, desde o primeiro momento, ajuda a minimizar o impacto que estas questões estão a levantar”, referiu Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara de Abrantes, antes da visita ao local.

Francisco Varanda, diretor da obra, refere que os achados arqueológicos relacionados com ossadas encontram-se a aguardar a supervisão de um arqueólogo enquanto os relacionados com a arquitetura/arqueologia já estão a ser acompanhados pela  arqueóloga da autarquia. “Queremos fazer este levantamento o quanto antes para não atrasar a obra”, disse.

Empreitada está orçada em mais de 3 milhões de euros e tem um prazo de execução de 910 dias Foto: mediotejo.net

Filomena Gaspar, arqueóloga da autarquia, explicou quais foram os achados arqueológicos encontrados até este momento e que procedimentos são seguidos. “Á medida que vamos fazendo o levantamento parietal e do solo vamos começando a identificar os vestígios e a escavá-los sistematicamente dando conhecimento à tutela e depois esperando a decisão da tutela em relação à sua conservação”, começou por explicar. A obra está parada nas áreas afetadas mas uma vez que se desenrola em várias frentes esta não para por causa dos trabalhos de arqueologia.

Arqueóloga Filomena Gaspar explicou quais foram os achados arqueológicos que foram encontrados Foto: mediotejo.net

Em relação ao que já foi encontrado, Filomena Gaspar enumerou a verificação de portas, vãos, janelas (identificadas em várias paredes), vestígios das estruturas mais antigas do primitivo Convento de São Domingos (as paredes que sustentavam a estrutura em si), grande parte da necrópole (que ainda está preservada) e áreas de armazenagem de alimentos, nomeadamente um enorme silo e uma talha completa que depois foi utilizada como ossário. Todos estes achados remontam ao Século XVI, esclareceu.

Para a presidente da Câmara de Abrantes, estas descobertas são “valiosíssimas” uma vez que ajudam a reescrever a história. “Sempre que mexemos no centro histórico temos essa oportunidade com os vários achados que vamos encontrando, estudando e preservando e isso ajuda-nos a conhecer cada vez mais a história de Abrantes e dos abrantinos. E a nossa identidade cresce a partir disso mesmo”, considera. Uma vez que esta é uma obra muito extensa, no tempo e na dimensão da intervenção, a autarca pensa que não haverá qualquer tipo de derrapagem nos prazos desta empreitada.

O átrio de entrada do Convento será redesenhado de forma a funcionar como espaço de receção, informação, bilheteira e loja do museu. Foto: mediotejo.net

A intervenção no Convento de São Domingos consiste na articulação dos espaços relativamente amplos articulados em torno do seu claustro e com objetivos bem definidos que, entre outros, passam pelo restauro e reabilitação do existente, pela otimização da acessibilidade entre espaços, criando novos núcleos verticais de acessos por escadas e elevador. A área bruta total do edifício corresponde a 3.120 m2 a que acresce uma área técnica de 247 m2. A área útil do futuro museu será de 1620m2 e a área útil da zona técnica de 201 m2.

O átrio de entrada do Convento será redesenhado de forma a funcionar como espaço de receção, informação, bilheteira e loja do museu.

 

Aos 12 anos já queria ser jornalista e todo o seu percurso académico foi percorrido com esse objetivo no horizonte. Licenciada em Jornalismo, exerce desde 2005, sempre no jornalismo de proximidade. Mãe de uma menina, assume que tem nas viagens a sua grande paixão. Gosta de aventura e de superar um bom desafio. Em maio de 2018, lançou o seu primeiro livro de ficção intitulado "Singularidades de uma mulher de 40", que marca a sua estreia na escrita literária, sob a chancela da Origami Livros.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *