Os acontecimentos de Paris mas também em Bruxelas, Londres ou Madrid, têm colocado a Europa no centro do alvo de alguns grupos terroristas, em particular do Daesh, o autoproclamado ‘Estado Islâmico’.

Estes atentados são contra a nossa cultura, o nosso modo de vida e a nossa democracia. São contra os valores europeus mais profundos. Não se trata de um guerra do Islão contra o Ocidente, não se trata de uma guerra dos muçulmanos contra as outras religiões, nem de uma consequência da vaga de refugiados que atravessa a Europa. Trata-se de loucura, radicalismo e muito ódio.

Trata-se de um grupo de loucos e de radicais, muitos com origem europeia, que sem critério e sem razão se limitam a chacinar inocentes um pouco por todo o mundo. Não têm ideologia e não têm Estado, mas controlam um já grande território. Não podemos é permitir que controlem o nosso medo.

Mudar o nosso modo de vida, mudar o nosso modelo de sociedade e ferir a nossa liberdade seria ceder à chantagem destes criminosos, carniceiros e bestas. No entanto, o preço da nossa eficácia e do nosso sentimento de segurança pode justificar um ‘afrouxar’ das nossas garantias e da nossa privacidade como sociedade. Afinal, nada será mais importante do que a nossa segurança e algumas dessas liberdades e garantias podem colocar em causa a nossa vida.

Tal como um qualquer agressor doméstico, cuja detenção só é possível perante o perigo iminente ou facto consumado, um terrorista ou radical só pode ser detido com as mesmas premissas. Ou seja, é possível deter de forma preventiva um arguido de ‘colarinho branco’ durante 12 meses mas não é tão fácil ‘tirar’ de circulação um radical islâmico, que apela ao ódio numa mesquita na Europa, que viaja várias vezes ao ano pra territórios como a Síria e que é de facto um perigo eminente.

Controlar com ‘inteligence’ terroristas destes obriga a imensos recursos que nem sempre estão disponíveis. É por isso que devemos discutir se o nosso código Penal, bem como a nossa Constituição,  devem ser adaptados a esta nova realidade e a esta nova ameaça.

Será que as nossas famílias estão preparadas para enviar os seus filhos para a guerra? Para combater este mal na sua origem? Será que estamos dispostos a aumentar o nosso orçamento na área da Defesa e da Segurança? À custa do quê? Pelo menos o debate deve ser feito.

 

Duarte Marques, 39 anos, é natural de Mação. Fez o liceu em Castelo Branco e tirou Relações Internacionais no Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, com especialização em Estratégia Internacional de Empresa. É fellow do German Marshall Fund desde 2013. Trabalhou com Nuno Morais Sarmento no Governo de Durão Barroso ao longo de dois anos. Esteve seis anos em Bruxelas na chefia do gabinete português do PPE no Parlamento Europeu, onde trabalhou com Vasco Graça Moura, José Silva Peneda, João de Deus Pinheiro, Assunção Esteves, Graça Carvalho, Carlos Coelho, Paulo Rangel, entre outros.
Foi Presidente da JSD e deputado na última legislatura, onde desempenhou as funções Vice Coordenador do PSD na Comissão de Educação, Ciência e Cultura e integrou a Comissão de Inquérito ao caso BES, a Comissão de Assuntos Europeus e a Comissão de Negócios Estrangeiros e Cooperação. O Deputado Duarte Marques, eleito nas listas do PSD pelo círculo de Santarém, foi eleito em janeiro de 2016 um dos novos representantes portugueses na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, com sede em Estrasburgo. É ainda membro da Assembleia Municipal de Mação.
Sócio de uma empresa de criatividade e publicidade com sede em Lisboa, é também administrador do Instituto Francisco Sá Carneiro, director Adjunto da Universidade de Verão do PSD, cronista do Expresso online, do Médio Tejo digital e membro do painel permanente do programa Frente a Frente da SIC Notícias.

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