Morreu Júlio Pomar. Uma mente fértil e criadora apagou-se para sempre depois de uma longa e produtiva vida.
Não vou falar da sua biografia e das suas obras visto que tanto já se falou e outros sabem fazê-lo melhor, mas vou raciocinar sobre o seu “modus operandi” ou a sua maneira de trabalhar.
Se formos ver em ordem cronológica, a sua obra muda muito desde o realismo ao abstratismo, passando por outros ismos que ele estudou, personalizou e recriou.
E aqui é a sua lição de vida e de artista. Quando começamos uma tarefa ou uma profissão pensamos numa maneira e se formos inteligentes, e sobretudo criativos, vamos modificar, melhorar e personalizar o nosso conceito de trabalho que tínhamos no início. Isto é progresso, progredir criativamente numa tarefa ou profissão. Júlio Pomar nunca se deteve de experimentar, provar, falhar e recomeçar, sempre “sujou” as mãos de tintas e de tantos materiais que é difícil dizer o que ele NÃO fez.
Foi criticado? Sim, muito. Agora que morreu estão todos a chorar e elogiam-no, mas não devemos lembrar as duras críticas que ele teve de enfrentar. Ele sempre foi sincero com a arte e o seu modo de a interpretar e fez isto até ao fim da sua carreira.
Não entendo aqueles artistas que quando encontram um desenho, uma expressão ou um estilo que outros gostam e elogiam, continuam a fazer isto toda a vida, não progridem não se põem em dúvida. Júlio Pomar sempre colocava dúvidas sobre o que fazia e recomeçava incansavelmente.
Haveria muito a dizer sobre ele e sua obra que em boa parte gosto e admiro, mas a lição principal, sobretudo para os jovem artistas do Médio Tejo é: trabalhem com amor sempre procurando na vossa mente e no vosso coração a melhor maneira de se exprimir.