O mediotejo.net foi à descoberta do Parque Verde do Bonito, no Entroncamento. Foto: Ana Rita Cristóvão | mediotejo.net

Na zona norte do concelho do Entroncamento existe um lugar onde a biodiversidade se expressa na sua forma mais natural. Num reino verde, envolto pelo abraço das árvores e pela leveza da água, respira-se sossego e sente-se a calma a pairar no ar. O mediotejo.net foi à descoberta do pulmão da cidade entroncamentense, o Parque Verde do Bonito.

O cenário verdejante arrebata o olhar ao primeiro passo. O acenar das folhas das árvores, atravessadas por uma leve brisa que se faz sentir, dá-nos as boas vindas. Chegámos ao Parque Verde do Bonito, no Entroncamento.

O GPS trocou-nos as voltas e ao invés de iniciarmos esta viagem pela entrada principal, junto ao portão n.º1, entramos precisamente pelo lado oposto, no portão n.º6. Mas este aparente engano acabou por ser um feliz acaso – fomos ter a uma das entradas que ladeia o ex-libris do parque, a Albufeira do Bonito.

Com uma pequena barragem, esta albufeira artificial é alimentada pela ribeira de Santa Catarina e dá-nos um cenário de imensidão. Se olharmos mais atentamente, avistamos o pormenor do rasto deixado pelos patos que ali deslizam nas águas calmas, apreciando as visitas que vão chegando.

 

Depois de uns breves momentos de contemplação, é hora de ajeitar os nós das sapatilhas porque o caminho avizinha-se longo, não estivéssemos naquela que é considerada a maior zona verde do concelho. São 18 hectares de área florestal, muita dela em estado natural, que fazem deste pulmão verde da cidade um local de excelência para quem quer descomprimir da confusão da cidade.

Logo à partida, temos duas opções: ou seguimos o trajeto definido, de piso térreo direito e sempre em frente, ou somos convidados a seguir pelo meio da floresta, no identificado “Trilho da Universidade Sénior”. Qualquer que seja a escolha, uma coisa é certa: aqui, todos os caminhos vão dar à natureza.

Neste caso, fomos pela primeira opção, culpa do espelho de água que nos enfeitiça o olhar. Para apreciar mais de perto, existem passadiços à volta da albufeira, com bancos de madeira recostados que nos tentam a parar e ficar ali, apenas a apreciar o cenário de campo dentro da cidade. Mas ainda há muito caminho pela frente.

E há medida que avançamos os percursos multiplicam-se de tal forma que o único guia que vale é a intuição, acompanhada pelas placas de identificação espalhadas pelo parque. Começamos por descobrir o anfiteatro, protegido pela sombra natural dos carvalhos, uma das espécies predominantes no parque. Em frente, está a “Praça do Cais”, onde podemos encontrar uma cafetaria com esplanada no meio da natureza com vista direta para albufeira. Ideal para uma pausa, mas conseguimos resistir, para já.

Entre as ramagens das árvores vimos uma pequena casa de madeira, identificada como “Observatório”. Daí, avistamos sobretudo patos e peixes, mas muitas mais espécies haverá por descobrir, uma vez que são cerca de 300 as que existem permanente ou temporariamente no parque (230 espécies de flora e 75 de fauna, segundo informação da Câmara Municipal prestada ao mediotejo.net), num espaço onde a representatividade de ecossistemas está presente a cada esquina.

Também os salgueiros são predominantes na densidade verde do Bonito. Conjugados com as pequenas pontes que nos permitem atravessar o curso da ribeira de Santa Catarina sem molhar o pé, proporcionam-nos um cenário idílico. Os seus troncos levam-nos à “Praceta da Alegria”, ao lado da “Praceta do Choupal”, espaços que nos convidam a um piquenique em família ou a dois.

Entre mudanças de rota, subimos ao piso superior do Bonito, passando ao lado do portão n.º3, localizado junto ao viaduto que liga o Entroncamento à Atalaia – são no total seis as entradas para o parque, quatro deles abertos exclusivamente para circulação pedonal ou de bicicletas. Na parte alta do parque, uma larga área delimitada assinala o “Parque Permanente Scouts”, destinado aos escuteiros. A vista cá de cima permite-nos ter uma visão mais ampla e desafogada.

“Jardim dos Fenómenos”, “Parque de Jogos Tradicionais”, “Parque Infantil” e “Circuito de Manutenção” são outras das placas que nos indicam por onde passamos, embora estes locais não estejam ainda concluídos, predominando a natureza que cresce espontânea e livremente. Por esta zona, mais recatada dos olhares, vimos pessoas a passear os seus animais de estimação e bicicletas a rolar. Também aqui, novamente, os bancos de madeira compõem a paisagem, desta vez com uma vista para a albufeira mais distante mas igualmente arrebatadora.

Descemos as escadas para o piso inferior e terminamos o percurso no lado oposto àquele onde começámos, junto ao outro portão que ladeia a albufeira do Bonito, a n.º5. Avistamos nas suas margens, na zona dos “Pesqueiros”, os amantes da pesca desportiva a treinar as suas técnicas.

Ao final da tarde, fugidos da azáfama da cidade, os entroncamentenses e munícipes vizinhos aproveitam os últimos raios de sol para um passeio, um piquenique, um momento de exercício físico ou apenas um momento de convívio. No Parque Verde do Bonito, respira-se natureza no seu estado puro, e os únicos sons que ecoam são o dos pássaros a chilrear e o do nosso pensamento a chamar-nos para um minuto de descanso num dos tão tentadores bancos recostados de madeira.

RECORDE O PARQUE VERDE DO BONITO NAS DÉCADAS DE 80/90:

ACESSOS E LOCALIZAÇÃO DO PARQUE:

Localizado na freguesia de Nossa Senhora de Fátima, o Parque Verde do Bonito está aberto todos os dias das 07h00 às 22h00. O espaço dispõe de estacionamento gratuito com área de serviço para autocaravanas (com abastecimento e descarga de água). No interior do parque existem também instalações sanitárias, bem como um número de emergência (919 576 665).

O acesso para a entrada principal do parque é feito através da Avenida das Forças Armadas (no cruzamento com a Rua Gil Vicente, virar na direção do parque – coordenadas GPS: 8°28’2,696″W 39°29’0,298″N). Pode entrar também pelo lado da albufeira do Bonito, onde se localiza o espaço de restauração Bonito By Trincanela (próximo das Piscinas Municipais do Entroncamento). O parque é ainda servido pelo TURE – Transportes Urbanos do Entroncamento, integrando o percurso da Linha Vermelha.

Ana Rita Cristóvão

Abrantina com uma costela maçaense, rumou a Lisboa para se formar em Jornalismo. Foi aí que descobriu a rádio e a magia de contar histórias ao ouvido. Acredita que com mais compreensão, abraços e chocolate o mundo seria um lugar mais feliz.

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