O que fazer, quando em pleno Verão, chegamos a um concelho ribatejano, um dos 13 do Médio Tejo, com uma área territorial equivalente à da ilha da Madeira, com o rio Tejo a sul e o rio Zêzere a norte? Parte-se à descoberta e mergulha-se!
Desde sempre que o turista ao chegar ao concelho de Abrantes, no distrito de Santarém, optava por mergulhar nas frescas águas fluviais. Não havia quem chegasse por aquelas bandas e não ficasse impressionado com os variados recantos à beira rio. Muitos ainda permanecem em estado selvagem, segredos bem guardados pelos nativos renitentes em ver com bons olhos a expansão turística. Talvez poucos, até porque o turismo representa um balão de oxigénio numa economia frágil de um interior cada vez mais desertificado.
Os rios faziam assim as delícias dos banhistas, contudo faltavam os equipamentos de apoio, o nadador salvador e a bandeira azul atribuída anualmente às praias que cumprem um conjunto de requisitos de qualidade ambiental, segurança, bem-estar e infraestruturas, mas ainda assim convidativos a banhos, muito por causa da natureza em estado puro, da beleza envolvente e das altas temperaturas que, desde que há registo, são sentidas no Ribatejo.
Abrantes, com 714.73 km2 e 39 325 habitantes (Censos 2011), respira história, possui uma gastronomia própria e sente a cultura. A autarquia percebeu a importância do turismo e das potencialidades que dois dos maiores recursos hídricos do País: o rio Tejo (que atravessa o concelho numa extensão de cerca de 30 quilómetros) e a Albufeira de Castelo do Bode, nascida no leito do rio Zêzere, poderiam trazer, em forma de riqueza, para o concelho.
E nos dias que correm é simples chegar a Abrantes. A pouco mais de uma hora de Lisboa, com bons acessos rodoviários e ferroviários, situa-se, lá no alto, a poucos quilómetros do centro geodésico de Portugal. Sem motorista ou maquinista, a viagem é facilitada, sobretudo para aqueles que têm pouca alma de pombo correio, por uma qualquer ligação de Internet ou por um GPS. Não há como errar!
E o concelho apostou assim na criação de três praias fluviais ainda que a de Fontes só esteja oficialmente operacional no Verão de 2018 e a do Aquapolis mereça futuramente designação oficial, impossibilitada por conta da diminuição significativa do caudal do rio Tejo. Anexo a este conjunto de lazer a Estação de Canoagem de Alvega, inaugurada no Verão do ano passado, num agradável espaço à beira Tejo, com bar e esplanada e a possibilidade de os mais afoitos, e já agora conhecedores das correntes de água, darem um mergulho no rio. De referir ainda a Estação de Canoagem de Rossio ao Sul do Tejo.

No Aquapolis, além de poder nadar, jogar futebol de praia ou pescar também pode levar os miúdos para andarem de bicicleta
Aquapolis
Trata-se de um local de recreio e lazer dentro da cidade de Abrantes, na margem norte, onde o banhista pode refrescar-se no Tejo. Apesar do rio apresentar um caudal estreito, dar um mergulho é viável desde que tenha disposição para caminhar uns bons metros, do areal até à água. Este espaço público dispõe de chuveiros e durante a época balnear é possível alugar canoas, kayaks, chapéus-de-sol e espreguiçadeiras.
Os desportistas podem usufruir de diferentes espaços na praia fluvial para a prática de voleibol, futebol ou râguebi. Mais acima, o espelho de água destina-se a desportos aquáticos como o remo, a pesca desportiva e a canoagem.
Este espaço resulta da reabilitação das duas margens do Tejo, num investimento de 20 milhões de euros, e tem como elemento principal o açude insuflável, responsável pela formação da albufeira artificial.
Por seu lado, o parque urbano possui ciclovia e zona de patins e skate. Conta ainda com um parque de merendas, dois parques infantis, um campo de jogos, um restaurante, um clube de diversão nocturna, parque de estacionamento gratuito e uma estação de serviço para autocaravanas (disponível para o parqueamento de 10 veículos e onde poderá abastecer-se de água potável e despejar as cassetes do wc).
O Aqupolis é ainda embelezado pela imponente escultura da autoria de Charters de Almeida. Uma peça de grandes dimensões, na linha dos trabalhos de arte contemporânea, as “Cidades Imaginadas”, que o autor espalhou pelo mundo.
Na margem sul, situado em Rossio ao Sul do Tejo, oferece espaços de lazer e contemplação, zona de relvado, caminho ribeirinho, circuito de manutenção e duas zonas de estacionamento igualmente gratuito.
É também na margem sul que pode encontrar a Estação de Canoagem de Rossio ao Sul do Tejo. O espelho de água criado pelo açude insuflável é excelente para a prática de tal modalidade desportiva. Inaugurada a 13 de Março de 2010 possui chuveiros, instalações sanitárias, um bar próximo e estacionamento.

Aldeia do Mato
Quem chega pela A23 o melhor caminho é sair em Montalvo e seguir em direcção a Castelo de Bode. Passa por Martinchel e no primeiro cruzamento vira à direita no sentido oposto à barragem. Corta à esquerda na placa que diz Aldeia do Mato onde vai encontrar uma das principais atracções turísticas da região.
A praia fluvial da união de freguesias de Aldeia do Mato e Souto é mais que uma piscina fluvial na Albufeira de Castelo de Bode com vigilância e nadador salvador. Vale pelas óptimas condições que oferece para actividades de recreio e lazer mas principalmente pela beleza da natureza envolvente. Ainda que o cenário tenha alterado após os incêndios que fustigaram aquela zona em Agosto último, uma paisagem deslumbrante pode ser observada não só da praia fluvial mas do miradouro da aldeia.
A praia possui um Parque Náutico que dispõe de infraestruturas de apoio como piscinas flutuantes, cais de acostagem, equipamento para a prática de desportos náuticos – é possível o aluguer de canoas, kayaks e gaivotas -, passeios de barco, balneários, instalações sanitárias, bar com esplanada, bungalows para descansar ou passar a noite, estacionamento grátis e um parque de merendas.
Há ainda a possibilidade de aventurar-se em actividades mais radicais como rapel, BTT, tiro com arco, slide, escalada, percursos pedestres ou passeios de Moto4.
Reconhecida pela Quercus com os galardões de Bandeira Azul e Praia Para Todos, a praia fluvial possui por isso bandeira azul e bandeira de praia acessível. A primeira é símbolo de qualidade ambiental e a segunda permite a utilização por pessoas com mobilidade reduzida. Peca unicamente pelo estreito acesso rodoviário à praia, que em dias de grande afluência de banhistas complica a fluidez do trânsito.
Neste espaço público, o bar – bem como o aluguer de equipamentos – encontra-se aberto de 1 de Maio a 31 de Outubro, todos os dias das 14h30 às 20h00 horas, aos sábados, domingos e feriados das 10h00 às 20h00 horas.
Por lá os petiscos são vários e os restaurantes também. Contudo, fica a sugestão de migas de couve com bacalhau assado ou carvoeiras com entrecosto e ainda açorda de sável.

Fontes
Na freguesia de Fontes, a cerca de 30 quilómetros da cidade de Abrantes, já nasceu uma praia fluvial no Zêzere, embora conte com inauguração oficial apenas em 2018, data que terá uma concessão responsável pela gestão dos equipamentos e o selo de praia fluvial e quem sabe também bandeira azul.
As obras, no valor de cerca de 150 mil euros, estão em curso com alguns dos equipamentos colocados de fresco. E quem for à praia de Fontes, que na verdade dista cerca de 4 quilómetros da aldeia, pode ver o equipamento em madeira para bar, sanitários e balneários e a piscina a flutuar no rio.
Emoldurada por uma abundante vegetação em tons de verde em espelho nas límpidas águas do Zêzere, aquela que será a praia fluvial de Fontes, situa-se num recanto que privilegia o descanso e o silêncio, por vezes quebrado por uma ou outra embarcação de recreio.
A infraestrutura irá dispor de serviços de apoio que contam com nove lugares de estacionamento, um dos quais para pessoas com mobilidade reduzida, acessos pedonais incluindo percursos acessíveis a pessoas com mobilidade condicionada, um bar com 18,75 metros quadrados, sanitários, balneários, duches com uma área de 24 metros quadrados, um ponto de água potável, uma zona de lazer equipada com mesas, bancos e papeleiras, um parque para contentores de resíduos indiferenciados e ecoponto e iluminação pública bem como piscina flutuante na água.

Estação de Canoagem de Alvega
Situada junto do rio Tejo, esta zona de recreio e lazer de Alvega, a cerca de 20 quilómetros da cidade de Abrantes, dispõe de condições criadas para a prática de canoagem e vólei de praia. É composta por um espaço de protecção de embarcações, uma zona fluvial que permite a prática desportiva de actividade aquáticas, valência de bar com esplanada onde se pode comer um hambúrguer ou um prato de caracóis e infraestruturas de apoio como chuveiros e instalações sanitárias.
A Câmara Municipal adjudicou a exploração da Estação de Canoagem de Alvega à Casa do Povo da localidade, um investimento de cerca de 270 mil euros.
A construção realizou-se no local onde estava situado o anterior equipamento, na margem do rio Tejo, implicou a construção de um novo edifício de apoio a actividades recreativas que beneficia de um novo posicionamento e está agora assente numa laje, permitindo a passagem da água do rio sem degradar a infraestrutura.
Caracterizado como um espaço de lazer e encontro para a comunidade local e para os visitantes, a Estação de Canoagem de Alvega integra as rotas do Caminho do Tejo. Para lá chegar, saia na A23 na saída de Mouriscas e siga as placas indicativas. Passe a ponte sobre o rio e está na localidade. Ou então viaje pela EN 118, a união de freguesias de Alvega e Concavada é a última do concelho de Abrantes e do distrito de Santarém. O Alentejo é logo a seguir.