Foto: CM Sertã

As comemorações do I Centenário do Nascimento do Padre Manuel Antunes foram oficialmente apresentadas no dia 10 de abril, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Este momento solene foi igualmente aproveitado para a inauguração da exposição itinerante «Padre Manuel Antunes – Um Pedagogo da Democracia e da Liberdade», que depois de ter estado patente ao público na Casa da Cultura da Sertã até dia 6 de abril ruma agora à capital, onde permanecerá até ao próximo dia 12 de maio.

Segundo informação da autarquia, a plateia estava repleta de antigos alunos do Padre Manuel Antunes e de representantes de algumas das principais instituições culturais portuguesas, como a Fundação Calouste Gulbenkian ou o Instituto Camões. Na ocasião o coordenador das Comemorações Antunesianas, José Eduardo Franco, deu as boas-vindas aos presentes e divulgou sumariamente o programa de atividades previsto para este ano. Além da exposição itinerante, que percorrerá o país, destacou a realização do congresso internacional «Padre Manuel Antunes: Liberdade do Saber e o Saber como Liberdade» (a decorrer na Sertã e Lisboa entre os dias 3 de 6 de novembro), a produção de um filme documental, para posterior exibição num canal televisivo português, a Maratona de Leitura, dedicada este ano ao Padre Manuel Antunes (7 de julho), a edição da sua obra seleta, entre outros.

O Superior Provincial da Companhia de Jesus em Portugal, Pe. José Frazão Correia, marcou também presença nesta cerimónia e lembrou “o exemplo” do Padre Manuel Antunes, “um homem que marcou o seu tempo” e que “pensava pela sua própria cabeça”. Sem esquecer a sua importância no seio da Companhia de Jesus, destacou as “suas enormes capacidades intelectuais” e o respeito pela liberdade.

O presidente da Câmara Municipal da Sertã, José Farinha Nunes, também marcou presença no evento, apresentando uma síntese sobre as várias dimensões (política, humanista, cultural, social e religiosa), que caraterizavam o Padre Manuel Antunes, e a “sua coragem intelectual e agudeza” para interpretar o país e o mundo.

Foto: CM Sertã

José Farinha Nunes mostrou uma vez mais não ter dúvidas do papel decisivo desempenhado pelo Padre Manuel Antunes na sociedade portuguesa, dando como exemplo o que se passou logo após o 25 de abril de 1974: “Perante a confusão ideológica e o clima de incerteza que se viveu nos meses seguintes à revolução dos Cravos, [ele teve] a ousadia de defender um novo modelo de Estado, ao mesmo tempo que sustentava que o País se deve pôr em causa para melhor se poder definir”. Talvez por isso, muitos governantes da altura “ainda hoje lhe prestam a sua homenagem”.

O edil da Sertã referiu ainda que o empenho do Município em levar por diante estas comemorações, notando que “vamos fazer de 2018 o ano do Padre Manuel Antunes. Estamos empenhados nesse propósito e tudo faremos para que Portugal fique a conhecer melhor este homem que nasceu no concelho da Sertã, faz agora um século”.

Seguidamente, usou da palavra o coordenador da Comissão Científica destas comemorações, Guilherme d’Oliveira Martins, que numa intervenção incisiva, recordou a passagem do Padre Manuel Antunes pela Faculdade de Letras e lançou o desafio para que “todos saibamos estar à altura do seu legado, assumindo o papel de fiéis depositários da sua herança”.

Guilherme d’Oliveira Martins assinalou a “coragem” do Padre Manuel Antunes e a “capacidade para ouvir o outro”. “Sabia quando devia estar em silêncio ou quando devia falar”, notou.

Enaltecendo o “exemplo para as novas gerações”, o coordenador da Comissão Científica espera que estas comemorações sejam “um momento de celebração e, acima de tudo, de reflexão e divulgação da obra e do legado do Padre Manuel Antunes”.

O anfitrião desta cerimónia, o diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Miguel Tamen, proferiu o discurso de encerramento, recordando que “esta foi a casa do Padre Manuel Antunes e onde o seu conhecimento e trabalho teve real impacto sobre as vidas de milhares de jovens”.

Miguel Tamen elogiou o Padre Manuel Antunes como “um homem que conseguia produzir o seu próprio oxigénio”.

Foto: CM Sertã

Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *