A elevação de Abrantes a cidade oficializou-se através da lei nº. 601, publicada no Diário do Governo de 14 de junho de 1916. Esta promoção da antiga vila constituiu um prémio pela militância republicana dos abrantinos.
Em 1906, o Partido Republicano Português (PRP) assumia já uma forte presença no concelho de Abrantes, em especial a sul do Tejo. Em 1907, na Praça de Touros da vila, onde são atualmente os campos de jogos da Escola Dr. Solano de Abreu, perante cerca de seis mil pessoas, Bernardino Machado fez a promessa que, uma vez implantada a República, Abrantes seria promovida à condição de cidade.
Só em 1914, porém, Manuel Lopes Valente Júnior, um “testa de ferro” do PRP local, em reunião do Senado Municipal, conseguiu ver aprovada a proposta de elevação de Abrantes a cidade por meio de uma estratégia fabulosa. A moção começou por ser votada desfavoravelmente, porém, após suspensão da sessão, concluindo que, na “contagem de espingardas” a situação se lhe tornara favorável, lançou-a de novo e a mesma foi aprovada.
A 20 de maio de 1916, após proposta de Bernardino Machado e a persistência do deputado João José Luís Damas, o Congresso transformou a vila de Abrantes em cidade.


No ano de 1966, decorridos 50 anos sobre a passagem de Abrantes a cidade, impôs-se que se organizassem comemorações com grandeza e diversidade.
Do programa, que se prolongou entre 1966 e 1968, fizeram parte colóquios e conferências, uma exposição fotográfica, jogos florais, espetáculos culturais e uma série de solenidades oficiais no dia do cinquentenário, que contou com a presença, entre outras entidades, do Ministro do Interior e Colónias.
![Américo Tomás inaugura o Monumento a Nuno Álvares Pereira [Foto AMEC]](http://mediotejo.net/wp-content/uploads/2016/05/Américo-Tomás-inaugura-o-Monumento-a-Nuno-Álvares-Pereira-Foto-AMEC.bmp)
As celebrações também contemplaram a Festa da Flor e houve uma preocupação de, nos dias mais festivos, proceder à decoração do burgo, procurando fazer jus ao epíteto “cidade florida”. De entre os espetáculos, tiveram particular qualidade aqueles que, no Cine-Teatro S. Pedro e Igreja de S. Vicente, foram levados a cabo, respetivamente, pelo Grupo de Bailado e Coral Sinfónico da Gulbenkian.
Também se integraram nas festividades a inauguração da piscina de Abrantes, bem como a abertura da secção liceal na cidade. O ponto alto e encerramento das celebrações, contudo, ocorreu, após vários atrasos, já no ano de 1968, a 9 de novembro, com a inauguração do monumento a D. Nuno Álvares Pereira, em que estiveram presentes Presidente da República Américo Tomás e alguns ministros.

Para além das demoras inerentes à conclusão da obra, a célebre queda da cadeira de Salazar também contribuiu para os atrasos, uma vez que obrigou a comitiva presidencial a adiar a sua deslocação.
Em 1991, comemoraram-se as Bodas de Diamante da cidade de Abrantes. Os festejos contaram com a presença, no dia que se cumpriram 75 anos sobre a elevação de Abrantes à categoria de cidade, do então Presidente da República, Mário Soares. Depois da receção, numa sessão solene nos Passos do Concelho, Humberto Lopes, Presidente da Câmara Municipal, homenageou o Presidente da República, a quem foi concedida a Medalha de Mérito Político da Edilidade abrantina.
Um pouco mais tarde, na Santa Casa da Misericórdia foram laureados Manuel Lopes Valente Júnior, João José Luís Damas e Ramiro Guedes, ilustres republicanos que foram determinantes para que Abrantes, em 1916, tenha atingido a condição de cidade.
Neste espaço estava patente uma exposição, intitulada “Abrantes 75 Anos / Misericórdia 5 Séculos de História”, que aqueles que acompanhavam a comitiva presidencial tiveram oportunidade de visitar. No âmbito destas comemorações foi dada particular atenção à investigação histórica, com a edição do livro de Eduardo Campos e Isabel Cavalheiro intitulado Abrantes 1916 – Processo de Elevação a Cidade.
Mário Soares teve ainda oportunidade de inaugurar o “Testemunho” comemorativo da elevação de Abrantes a cidade, junto à Esplanada 1.º de Maio, concebido por José Aurélio e construído com colaboração das Fundições do Rossio de Abrantes, Sociedade Metalúrgica de Alferrarede, Impacor e Construtora Abrantina.
Este testemunho foi recentemente, a 20 de maio de 2017, já no âmbito das comemorações do centenário, sujeito a uma relocalização, encontrando-se atualmente na rotunda da Avenida 14 de junho.
As comemorações oficiais de 1996, no 90.º aniversário da elevação de Abrantes a cidade, integraram múltiplas atividades, as quais culminaram com um programa recheado na semana do 14 de junho. A sessão solene contou com a participação do primeiro-ministro António Guterres, o qual percorreu algumas “ruas floridas” e inaugurou as novas estátuas da Praça Barão da Batalha. Em Alferrarede, o chefe do governo inaugurou as novas instalações do CRIA.
Em 2016, Abrantes assinalou os 100 anos de elevação a Cidade, em cerimónias que decorreram no cineteatro São Pedro e que contaram com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na homenagem a 100 personalidades e entidades do concelho.

Ainda neste dia decorreu a sessão de lançamento do livro “História Cronológica do Concelho de Abrantes da Pré-História a 1916”, da autoria de Joaquim Candeias da Silva.
Desde 07 de junho que Abrantes encontra-se a comemorar os 107 anos da sua elevação a cidade. O programa desenvolve-se até 14 de junho, quarta-feira. É tempo de Abrantes se mimar e (re)descobrir como cidade e comunidade.
![Testemunho recolocado na rotunda da Av.ª 14 de junho [Foto Rui Moleiro]](https://i0.wp.com/mediotejo.net/wp-content/uploads/2016/05/Testemunho-recolocado-na-rotunda-da-Av.ª-14-de-junho-Foto-Rui-Moleiro-e1503072444964.jpg?resize=780%2C520)