O tenente fuzileiro David Geraldes abraça o preso Mário Abrantes, à saída da prisão de Caxias, a 26 de abril de 1974. No lado esquerdo da fotografia, outros dois presos que o militar conhecia: Amado da Silva e João Pedro Santos Silva. Os quatro tinham estudado juntos no Instituto Superior de Agronomia. Créditos: DR

“Oh Geraldes! Tira-nos daqui!”. A voz familiar era de Amado da Silva, colega no Instituto Superior de Agronomia e preso no Forte de Caxias, aquando da Revolução dos Cravos. No seu relato sobre o dia seguinte, David Geraldes, à época tenente da Marinha Portuguesa, não esconde a emoção que sentiu ao avançar no grande terreiro de acesso à entrada principal do reduto norte de Caxias, com o objetivo de libertar os presos políticos da ditadura do Estado Novo. Prisioneiros, tal como o seu amigo Amado, havia 78, sendo dois igualmente colegas dos tempos de Agronomia: Mário Abrantes e João Pedro Santos Silva, libertados a 26 de abril de 1974. A ordem de libertação parecia nunca mais chegar: mas foi finalmente ouvida às 23h15.

Geraldes foi o militar responsável pela “boa nova”, momento captado pelas câmaras da RTP, que no final da noite de 26 de abril, em Caxias, perante as massas populares “agitadíssimas” e a “clamar pela libertação dos presos” comunicou a decisão tomada pelo general Spínola, em nome da Junta de Salvação Nacional.

“Devem começar a sair de 10 e 10″, disse aos populares, referindo-se aos prisioneiros. “Portanto, mantenham-se calmos. O Rádio Clube Português vai ser convidado a entrar dentro da unidade daqui a pouco”, acrescentou, perante as câmaras da RTP, na tentativa de tranquilizar os ânimos da multidão que aguardava no exterior do Forte.

“Quando os presos estavam a chegar ao recinto exterior – o logradouro da prisão – alguns fotojornalistas fizeram o registo desses primeiros momentos. Nesse enquadramento fotografaram os fortes e emotivos abraços que me envolveram com os colegas de Agronomia”, recorda.

Passam agora 50 anos sobre esses momentos. O engenheiro agrónomo, que tinha então 25 anos, foi um dos protagonistas da libertação dos presos políticos no Forte de Caxias, um marco da Revolução dos Cravos. Exercia o cargo de comandante de instrução da Escola de Fuzileiros e foi o “Oficial às Ordens” do tenente-coronel Dias Lima, Chefe da Casa Militar e enviado do general Spínola. Foi ele quem acompanhou as várias diligências, designadamente nos contactos entre os generais Spínola e Costa Gomes, com o capitão-tenente Abrantes Serra – do Movimento das Forças Armadas (MFA) – e com um conjunto de personalidades então autorizadas a reunir no interior da prisão, que integravam a Comissão Nacional para a Libertação de Presos Políticos.

O tenente David Geraldes comunicava à multidão que os presos políticos iam ser libertados ainda naquela noite. Imagens de arquivo da RTP

Mas a sua missão não foi imediatamente essa. No dia 25 de Abril, David Ribeiro de Sousa Geraldes, enquanto fuzileiro, recebeu ordens para ir ao Terreiro do Paço defender o ministro da Marinha. Entretanto, um contacto de um oficial do MFA indicou que devia regressar à Escola de Fuzileiros. Ali recebeu novas instruções, para avançar para a Rua António Maria Cardoso, com o objetivo de prender agentes da polícia política PIDE/DGS. Mas, chegado com os seus camaradas ao Largo do Chiado, as ordens mudaram de novo, sendo então a sua missão seguir para Caxias, e ocupar a prisão.

No dia seguinte integrou o comando da Companhia de Fuzileiros que “pelas 7h00, chegou ao reduto norte da prisão de Caxias. O representante do MFA, era o capitão-tenente Abrantes Serra”, recorda.

O engenheiro David Geraldes, na sua casa, nas Caldas da Rainha. Créditos: mediotejo.net

David Ribeiro de Sousa Geraldes nasceu em Campo Maior (Portalegre), em 1948, filho de mãe alentejana e pai beirão, de Idanha-a-Nova. Saiu da sua terra natal aos 7 anos, tendo a família ido viver para Aldeia Velha (Sabugal). Aos 13 anos iniciou a Escola Agrícola de Santarém, onde concluiu o curso de regente agrícola. Ingressou no Instituto Superior de Agronomia em 1967. Terminou o curso de Fuzileiros em 1971 e passou a dar aulas de Geografia, Matemática e Português nos cursos na Escola de Fuzileiros. Foi mobilizado para a Guerra Colonial, tendo sido colocado em Moçambique, na região de Tete, onde fez os patrulhamentos de Cabora Bassa e comandou um posto avançado militar. Em 1972, regressa à Escola de Fuzileiros como comandante de instrução. Após o 25 de Abril foi nomeado comandante da Companhia Operacional de Intervenção nº13, com o objetivo de repor a disciplina nessa companhia que havia sido partidarizada. Em junho de 1977 saiu do serviço militar, integrando o Ministério da Agricultura, na Brigada Técnica de Coimbra dos Serviços Agrícolas. Foi colocado depois em Caldas da Rainha, onde frequentou o primeiro curso de extensão rural, sendo posteriormente selecionado para estudar em Israel. Em 1985 foi nomeado subdiretor regional, tendo chegado a diretor regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste, cargo que ocupava quando, em 2004, foi convidado, como independente, para Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, no governo PSD de Pedro Santana Lopes. Num processo de descentralização, David Geraldes instalou o seu gabinete na Golegã. Desempenhou ainda o cargo de administrador do CNEMA – Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas.

Trinta anos depois, David Geraldes seria Secretário de Estado da Agricultura, no governo de Santana Lopes. À data assumia funções de diretor regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste, tendo sido um dos Secretários de Estado envolvidos no processo de descentralização.

Em 2004 passou a trabalhar na Golegã, onde foi criado o gabinete de Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação. A decisão foi tomada pelo próprio. Inicialmente previa instalar-se em Santarém, mas a Câmara alegou não ter instalações disponíveis. Portanto, apesar de alentejano foi, na sequência da sua profissão, um homem com fortes ligações ao Ribatejo.

Ao mediotejo.net recorda que, em Caxias, a Guarda Nacional Republicana (afeta a Marcelo Caetano) controlava a prisão, que estava cercada por militares paraquedistas. “Após contactos verbais com o tenente que comandava a GNR, os portões da prisão foram abertos sem resistência”, refere. Entretanto, por decisão do MFA, os paraquedistas saíram e os fuzileiros ocuparam o amplo recinto de acesso ao interior da cadeia, ficando responsáveis pela segurança e libertação daqueles 78 prisioneiros. Entre eles estavam José Manuel Tengarrinha, Hermínio da Palma Inácio, Nuno Teotónio Pereira, António Dias Lourenço, Maria Helena Neves, José Luís Saldanha Sanches, Fernando Correia, Amado da Silva, Mário Abrantes e João Pedro Santos Silva. 

O engenheiro David Geraldes na sua casa nas Caldas da Rainha. Créditos: mediotejo.net

Geraldes então gritou: “Oh sócio, onde é que tu estás?”. E o amigo Amado da Silva (carinhosamente tratado por “sócio”) respondeu de uma cela. Ao ouvi-lo, o tenente disse de imediato: “Aguenta aí, que dentro de minutos já te vou buscar!” Pouco depois abraçaram-se, “já com cheiro à liberdade de Abril”, diz. Não fosse a Revolução, Amado da Silva teria sido julgado precisamente no dia 25 de Abril, no Tribunal Plenário da Boa Hora.

Minutos antes, chamado o chefe dos guardas prisionais, foi-lhe transmitido que iriam contactar os presos políticos “para lhes dar um sinal claro” da sua libertação. Esse sinal surgiu em forma de abertura das celas e permissão para circularem nos corredores da prisão, decisão que o chefe dos guardas prisionais considerou “impossível”, alegando “haver divergências entre os presos”, e que antevia “forte violência” caso existisse contacto uns com os outros, explica David Geraldes.

David Geraldes a abraçar os colegas do curso de Agronomia, que estavam presos em Caxias no dia 25 de Abril. Créditos: DR

Sendo um dos prisioneiros José Manuel Tengarrinha, alguém que o conhecia bem sugeriu que opinasse sobre o assunto, tendo o detido assegurado que não se verificariam quaisquer incidentes e comprometendo-se a garantir “um total ambiente de tranquilidade”, como veio a acontecer.

As portas das celas foram abertas e foi dada ordem para que os presos saíssem para o pátio exterior da prisão, num momento em que já se sentia assinalável presença de familiares e amigos.

Eram às centenas os populares que se aglomeravam no exterior da cadeia, exigindo a sua libertação. Os militares estavam convencidos que a ordem da Junta de Salvação Nacional (criada na madrugada de 26 de abril) seria pela libertação dos prisioneiros.

“Eles saem, aquilo é uma gritaria tremenda. Cá fora a população apercebe-se… seriam umas 10 horas da manhã [desse dia 26]. É nessa altura que um dos presos avança para mim – a fotografia não mostra, mas estou com a lágrima no olho, a sorrir e a abraçá-lo. Eram os meu colegas de Agronomia. O Amado estava preso porque pertencia à ARA (Ação Revolucionária Armada, o braço armado do Partido Comunista Português), o Mário porque era militante do PCP e o João Pedro porque andava a divulgar literatura do Partido Comunista, foi apanhado em Alcântara e aliciou Dália Falcato, tia de um Secretário de Estado de Marcello Caetano, para o Partido Comunista”, conta.

O general Spínola com o seu ajudante de campo, coronel Dias Lima

Estavam os prisioneiros no pátio, o capitão-tenente Abrantes Serra recebeu um telefonema da parte do general Spínola, a informar que teriam de manter ali os presos. Não havia ordem de libertação, uma vez que era necessário distinguir os presos políticos dos presos considerados de delito comum, o que incluía militantes da ARA ou a LUAR (Liga de Unidade e Ação Revolucionária), organizações armadas revolucionárias que se opunham à limitação de liberdades políticas, sociais e culturais características da política do Estado Novo, que antes do 25 de Abril, aos olhos do Estado Português eram organizações terroristas, devido às operações executadas.

“Nessa altura ficámos gelados! Tanto quanto sei o general Spínola havia chamado um velho amigo e inspetor da PIDE, Coelho Dias – que aliás foi sempre protegido por ordens suas – ao qual terá sido entregue a lista nominativa dos presos, pedindo-lhe que assinalasse os que considerava de delito comum. Este terá sinalizado a esmagadora maioria dos nomes constantes da lista”, refere o engenheiro Geraldes.

Perante tal informação, os fuzileiros pediram aos presos que voltassem para o interior da cadeia, o que conseguiram com algum custo e a ajuda de José Tengarrinha, dizendo-lhes que podiam ficar a circular nos corredores das respetivas alas até ser conseguida a almejada ordem de libertação.

David Geraldes em setembro de 1974, exortação dos Fuzileiros Especiais.

Quanto na tarde do dia 26 de abril chegou a Caxias o tenente-coronel Dias Lima, David Geraldes passou a ser seu “Oficial às Ordens” e, desse modo, acompanhou-o em várias diligências, nomeadamente nos contactos com a já referida Comissão de apoio aos presos políticos, que manteve uma posição “inabalável”, ou seja, pela libertação de todos, sem excepção.

Dessas personalidades recorda Salgado Zenha, Francisco Sousa Tavares, Manuel João da Palma Carlos, José Manuel Galvão Teles, José Augusto Rosa, Jorge Sampaio, João Bernard da Costa, Sophia de Mello Breyner, Miguel Tavares, José Cardoso Pires, Pereira e Moura, Rogério Paulo e Pedro Pinto.

Os advogados, membros da Comissão, nomeadamente Palma Carlos e Xencora Camotim “defenderam, com notável argumentação, a tese de que os presos considerados sob pena de delito comum, tinham praticado atos com fins perfeitamente políticos”.

O engenheiro David Geraldes na sua casa nas Caldas da Rainha, com o ficheiro da PIDE de um dos colegas presos em Caxias. Créditos: mediotejo.net

“Pela hora de almoço desse dia autorizámos que entrassem para a cadeia todas as personalidades que tinham chegado a Caxias para se reunirem numa sala e servirem de fonte de pressão ao poder político para a libertação dos presos”. Advogados, com constituintes seus detidos no Forte, mas que também pertenciam à Comissão de apoio aos presos políticos, relata.

A posição assumida por este conjunto de personalidades foi comunicada ao general Spínola, na Cova da Moura, tendo David Geraldes e Dias Lima seguido até lá, a fim de consultar a Junta de Salvação Nacional, no Mercedes do ministro da Defesa Nacional, Silva Cunha, que tinha caído dois dias antes, curiosamente com o mesmo motorista que horas antes servira o ministro.

“No início da noite desse longo dia, voltámos ao contacto com Spínola tendo sido informado pelo tenente-coronel sobre a situação insustentável provocada por milhares de pessoas que ameaçavam a segurança do Forte, a população estava praticamente na posição de invadir a prisão, bem como a irredutível posição das personalidades que recordo ser: ou saem todos ou não sai ninguém”, afirmou.

Notícia do jornal Expresso do dia 27 de abril de 1974. Créditos: mediotejo.net

Perante a possibilidade de quebra de segurança, o general Spínola, “de forma contrariada”, disse ao tenente-coronel Dias Lima que autorizava a libertação total dos presos mas mediante a concordância do general Francisco Costa Gomes.

Geraldes e Dias Lima voltaram a Caxias “seguidos de um batalhão de jornalistas, ávidos para saberem qual tinha sido a decisão tomada”.

Recorda um “pequeno episódio” que ocorreu no percurso até Caxias, quando passaram na Av. Duque D’Avila. “Àquelas horas da noite, vimos uma tasca aberta e parámos. Em cima do balcão de pedra mármore estavam duas travessas com ovos cozidos e peixinhos da horta”. Em pouco tempo as travessas ficaram vazias. “Tinha passado o dia inteiro sem comer!… e quando íamos para pagar, o dono da tasca recusou o dinheiro e efusivamente disse: ‘Dê cá um abraço!’”.

Perto das 23h20 do dia 26 de abril, chegaram finalmente a Caxias, com “as massas populares agitadíssimas” continuando a clamar pela libertação dos presos. Foi então que o tenente Geraldes anunciou à população a tão aguardada libertação, enquanto o coronel Dias Lima dava conhecimento da decisão à comissão de advogados, Comissão Nacional para a Libertação de Presos Políticos, e a outras personalidades, incluindo elementos da CDE (Comissão Democrática Eleitoral, a organização frentista liderada pelo até então clandestino PCP).

No pátio da prisão “o tenente-coronel disse-me que ia dar a boa nova sobre a decisão tomada pelo general Spínola, em nome da Junta de Salvação Nacional, às personalidades ali reunidas e, em simultâneo, que eu fosse ao exterior da cadeia anunciar a decisão, para tranquilizar os ânimos da população”, explica.

É esse momento, em tantos outros que ficam para a história, que as câmaras da RTP registaram. “Finalmente, a concretização do sonho que todos ansiávamos. O respirar da liberdade. Terminava então o dia mais longo da minha vida… e vivido com extrema intensidade”, confessa.

Nas horas e dias seguintes o Forte de Caxias foi transformado em unidade militar e, na prisão que antes serviu de cativeiro aos resistentes antifascistas, começaram a entrar os agentes da PIDE. Segundo David Geraldes, o “momento alto” foi receber o ex-diretor geral da PIDE, major Silva Pais, e “encaminhá-lo para a cela, no caso a 65, no 3º dto.”, detalha.

Dois dias antes da Revolução dos Cravos, o comandante de instrução da Escola de Fuzileiros recebeu um telex confidencial, do Estado Maior da Armada, com ordens para comparecer em Monsanto, no dia 25 de abril, tal como os comandantes de pelotão, cada um deles fazendo-se acompanhar por um operador de rádio.

David Geraldes afirma ser esta “a prova” de que a PIDE sabia que “algo anormal” iria acontecer. Nessas conversas que teve com Silva Pais, detido no Forte de Caxias, este disse-lhe que: “Nós sabíamos que o Golpe Militar iria acontecer, não sabíamos era quando”, mas “até acertaram em termos de data”, conclui Geraldes.

David Geraldes, na Marinha Portuguesa. Créditos: mediotejo.net
O telex confidencial que David Geraldes recebeu no dia 23 de abril de 1974. Créditos: mediotejo.net

A partir de 27 de abril “muitos pides telefonavam a pedir para os irmos buscar às residências”, correspondendo ao apelo do MFA, que difundiu comunicados com essa informação. Muitos fizeram-no sobretudo “pelo medo de poderem ser linchados pelos populares, se fossem apanhados”, considera David Geraldes. “Por norma, e para o efeito, fiz-me acompanhar de um sargento e um cabo FZE’s (Fuzileiros Especiais). Para que tudo acontecesse de forma discreta, usámos a minha viatura, um Datsum 1200. Nestas missões vivi momentos e experiências rocambolescas”, assegura.

Geraldes, enquanto comandante da segurança de Caxias, recebeu de Silva Pais um manuscrito no qual este pedia papel para escrever à mulher, informando-a onde estava preso. Foi ter com ele, dando-lhe o solicitado e iniciou aí as conversas que teve com o diretor geral da PIDE, designadamente perguntando-lhe qual era a estrutura da polícia política e quem tinha assassinado o general Humberto Delgado.

O diretor Geral da PIDE, major Silva Pais, preso em Caxias. Créditos: DR

“Tenho bem presente as conversas que tive com ele naquela cela. Sempre considerou que o único verdadeiro estadista que o País teve foi Salazar”. E culpou Marcello Caetano pelo 25 de Abril, ou seja, aquilo que viria a ser designado por “Primavera Marcelista”, a “abertura do regime”, segundo Silva Pais, possibilitou a Revolução.

Sobre a estrutura da PIDE, declarou conhecer apenas as “cúpulas”, uma vez que despachava semanalmente com o ministro do Interior e com o presidente do Conselho: António de Oliveira Salazar primeiramente, e Marcello Caetano depois.

Mas foram os representantes dos partidos políticos, credenciados pela Junta de Salvação Nacional para interrogar os agentes da polícia política, que conseguiram a confissão sobre os autores materiais da morte de Humberto Delgado: Rosa Casaco e Casimiro Monteiro.

Em meados de maio, David Geraldes solicitou o regresso à instrução na Escola de Fuzileiros e obteve a autorização. Posteriormente solicitou o licenciamento à vida civil, tendo ingressado no Quadro Único do Ministério da Agricultura como técnico superior.

David Geraldes dedicou a sua vida profissional à Agricultura, tendo recebido inclusivamente um Prémio Qualidade em Serviço Público, em 1993, e integrando, como já referido, o XVI Governo Constitucional.

Agora na reforma, vive nas Caldas da Rainha e dedica-se essencialmente à leitura e aos livros. Foi na sua invejável biblioteca que nos recebeu, entre mais de 10 mil livros, todos catalogados e divididos por temáticas, com uma secção dedicada ao 25 de Abril. Ali guarda também as fotografias, filmagens e notícias dos jornais dos “dias seguintes”, que fixaram para memória futura o momento histórico que se cumpriu pelas suas mãos, na prisão de Caxias.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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