O objetivo é valorizar o Almonda, assumindo-o como um corredor ecológico estruturante que permita a conexão de vários locais do concelho, em particular entre a zona do Mercado Municipal e a zona próxima da Nersant e da autoestrada da Beira Interior (A23/IP6) e o seu usufruto pela população.
Para o autarca torrejano, este é um projeto “extremamente importante” tendo em conta as características do município a que preside e em que existe uma que se destaca. “Tem a ver precisamente com o rio. O rio ao longo de séculos, nem sempre foi bem tratado, houve alturas de muita poluição, de fábricas que existiam e poluíam o rio”, indicou.
Olhando para o Almonda, Pedro Ferreira considera que é hoje um rio mais limpo e a criação deste percurso na natureza permite responder a um desafio: o de “colocar a população, sobretudo os mais jovens e menos jovens, a olhar para o seu rio e a vivê-lo. Não é vulgar em muitas cidades, mas este é um rio que entra pela cidade e que circunda. Portanto, quem vive aqui, tem de viver todos os dias com o rio, conviver com ele”.
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A intervenção, orçada em 450 mil euros, contemplou a limpeza do leito e margens do rio, a erradicação de espécies vegetais invasoras, o reperfilamento e a estabilização das margens, e a requalificação da galeria ripícola e da vegetação das margens, a par da criação de um percurso de cerca de três quilómetros para observação de natureza.
Em declarações ao mediotejo.net, Pedro Ferreira, presidente da Câmara de Torres Novas, explicou que quando a autarquia teve conhecimento da “candidatura com valores significativos”, procuraram tirar partido dela, aliando-se à Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Aprovada a candidatura, “arregaçaram as mangas” e foi apresentado o projeto que viu, na quinta-feira, a sua inauguração oficial.
“As pessoas começaram primeiro a espreitar o que era e depois a usufruir. Eu diria que durante o dia, faça sol ou faça chuva, temos pessoas de Torres Novas e de fora de Torres Novas a circular por este percurso”, sublinhou o edil.
O corredor ecológico do Almonda corresponde a um percurso com cerca de 3km que, num futuro próximo, a autarquia procura “ampliar para fora da zona da cidade, para a zona de Riachos e para a zona da Ribeira”.
O percurso acompanha o trecho do rio Almonda, que para Pedro Ferreira é de grande beleza natural, colocando em destaque aquela que é já uma imagem de marca do concelho. “Consta da história que foi caracterizado no tempo dos romanos como o pequeno Mondego. Não me perguntem que comparações é que tem com o Mondego… não é em extensão, nem é em largura, mas acharam, talvez pelo seu circundar, que o Almonda tinha essa característica”.
“É uma zona muito bonita, em todo o seu percurso, com as famosas grutas do Almonda e portanto, é um manancial, é um tesouro que Torres Novas se deve orgulhar e que o tem espelhado no seu brasão municipal. Temos de tratar dele, tirar as mazelas que ainda possa ter e pô-lo cada vez mais brilhante para que seja a praia dos torrejanos (…). Que seja desafiante para olhar, para molhar os pés, para mergulhar e que as pessoas se sintam bem, até de espírito, a olhar para o rio Almonda”, destacou o autarca.
O vereador da CMTN com o pelouro do ambiente e da sustentabilidade, João Trindade, lembrou o trabalho realizado, que considerou ser “realmente diferenciador” e que “permite uma melhoria do espaço a nível ecológico do mesmo”.
Para o futuro, sublinhou a intenção de dar continuidade aos trabalhos, principalmente nas zonas que estão mais degradadas. “Falamos a jusante, de onde terminamos hoje a intervenção, em sentido dos Riachos. Aí ainda há muito trabalho para fazer, é uma zona agrícola, com muitos canaviais e é realmente um troço que pretendemos a seguir desenvolver, reabilitar e renaturalizar à semelhança do que fizemos aqui”.
O projeto procura acompanhar a quase totalidade do rio, embora existam espaços que não permitam uma passagem natural. “Temos esta segunda fase em direção aos Riachos e teremos também a montante, até à Ribeira. Seria bom que a Rota do Almonda, que já existe, fosse melhorada e permitisse, desde a nascente até à foz (…), acesso e que preservássemos o nosso património, o nosso rio Almonda”, destacou.
Também o presidente da Assembleia Municipal de Torres Novas, José Trincão Marques, marcou presença na sessão, tendo destacado como principal vantagem da obra a possibilidade de “aproximar as pessoas do rio”.
Dirigindo-se aos presentes, José Trincão Marques referiu que “só se pode proteger e defender património quando ele se conhece. Se o rio está escondido atrás de silvas e de um matagal, não é conhecido. Há pessoas que não têm noção que o serpentear que o rio faz por dentro da nossa cidade”.
“Esta abertura do rio à população é muito importante. Aliás, o prolongamento deste caminho (…) vai permitir também a prática da atividade física e de lazer de muita gente (…). Tem esta dupla vertente, de aproximação das pessoas ao rio, que é um património ecológico fundamental, mas também tem como desafio as pessoas para poderem usufruir da paisagem, praticarem desporto e fazerem atividade física que é tão importante nos dias de hoje”, acrescentou.
A inauguração foi integrada na Semana do Ambiente e Sustentabilidade com atividades de sensibilização ambiental, um seminário dedicado ao clima, formação em compostagem, ações de limpeza, entre outros.
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