Foto: BFA

A Banda Filarmónica Alveguense (BFA), de Alvega (Abrantes) conta com novos corpos sociais, sendo a nova direção composta por jovens com idades compreendidas entre os 20 e os 30 anos, unidos pelo objetivo comum de não deixar cair a associação, preservando o seu património e legado. O primeiro passo da nova direção acontece este domingo, pelas 9h00, cumprindo com o tradicional peditório da Banda em Alvega com acompanhamento musical, por ocasião da Festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios.

Este é um recomeço praticamente do zero, depois de a banda, uma associação sem fins lucrativos criada em 1994, ter suspendido atividade em outubro do ano passado, altura em que foi roubada a carrinha que garantia o transporte para os ensaios e formação na escola de música, e que nunca mais foi encontrada.

João Pereira, músico de 25 anos, assumiu a presidência da associação a 13 de agosto, sendo que já pertencia à anterior direção da Banda Filarmónica, presidida até então por António Moutinho – atual presidente de junta da União de Freguesias de Alvega e Concavada, que entendeu demitir-se do cargo por incompatibilidades.

Esta nova direção da banda é composta por jovens músicos que pertencem à BFA. “Toda a gente que se encontra nos corpos sociais são pessoas que ou fazem ou já fizeram parte da banda”, indica João Pereira.

“Tivemos que parar desde o desaparecimento da carrinha [em outubro de 2022], porque não conseguíamos manter as atividades, tanto a escola de música como os ensaios foram suspensos durante este tempo todo. Recentemente o presidente da direção, António Moutinho, tinha algumas incompatibilidades em poder manter o cargo na direção, e pediu a demissão”, contextualizou.

João Pereira refere que, na altura, não existia noção de interessados em fazer uma nova lista para os corpos sociais, e entre todos os músicos conversaram no sentido de mobilizar elementos para integrarem o novo projeto “para não deixar cair uma associação que já tem tanta história e cujos músicos que a integram já fazem parte da banda há muitos anos”.

O atual presidente da direção junto de mais músicos da Banda Filarmónica de Alvega numa das últimas atuações. Fotos: DR

Assim, após carta de demissão de António Moutinho, foram convocados os sócios a apresentarem listas para os novos corpos sociais, e a 13 de agosto, em Assembleia Geral Eleitoral na sede da banda, na Praça da República, em Alvega, em frente à sede da junta de freguesia, foi eleito presidente João Pereira, acompanhado de Joana Pinto (secretária), Bruno Lopes (tesoureiro), Pedro Ferreira e Carolina Matos (vogais).

Dando seguimento à Banda de Alvega, que teve origem a 1 de janeiro de 1938 numa secção da Casa do Povo de Alvega, a Banda Filarmónica Alveguense acabou por constituir-se associação em 1994, tendo feito parte da vida de dezenas e dezenas de pessoas, dos mais novos aos mais velhos, mantendo-se uma escola de formação musical além do núcleo da filarmónica, este que participava em encontros regionais e pelo país, promovia atuações e também dinamizava iniciativas locais em conjunto com outras instituições e associações.

A banda ergueu uma sede, onde reúne o seu espólio e património e onde decorrem os ensaios e aulas da escola de música.

Muitos foram os músicos que passaram pela BFA até à sua idade adulta e que, por questões de diversa ordem, acabaram por se desligar desta coletividade ou ingressar noutras filarmónicas da região ou do país.

O principal desafio passa por fazer renascer a associação, contando com os atuais 10 a 15 músicos mas também com a intenção de trazer mais pessoas de volta e, logo que possível, começar a ensaiar com o maestro e a preparar saídas e atuações.

“Neste momento são vários os desafios que temos pela frente, especialmente a nível interno. Temos muito trabalho no que diz respeito à organização da associação, desde listagem de sócios, a inventários, tudo o que vai ser preciso apurar primeiro, antes de começar com atuações e saídas, e etc”, explica o presidente da direção, indicando que tudo isto vai demorar “muito tempo” a par da dificuldade de não terem nenhuma carrinha para transporte, uma vez que não apareceu,e que o processo acabou por ser arquivado nas autoridades. A nova direção tem ainda que estudar alternativas quanto ao transporte, importante para a atividade da associação.

Da fase de inventário surge ainda a necessidade de pedir de volta fardamentos e instrumentos a músicos que deixaram de integrar a banda, e urge trazer de volta o património da associação.

“Neste momento somos muito poucos músicos, entre 10 a 15 músicos. Ainda contamos iniciar conversa com antigos músicos da Banda de Alvega”, indicou, adiantando que o plano de reestruturação inclui ainda a manutenção do anterior maestro, António Augusto Lopes, de quem a banda não se desvinculou, e que tem incentivado os jovens a avançar com este projeto.

“Não nos desvinculámos dele, falámos no sentido de fazer uma pausa, e ele aceitou e mostrou-se compreensivo”, notou João Pereira.

O primeiro passo desta nova direção acontece este domingo, dia 27 de agosto, pelas 9h00, cumprindo com o tradicional peditório da Banda em Alvega com acompanhamento musical, por ocasião da Festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios.

“É tradição a banda fazer sempre o peditório ao domingo e a primeira reunião que tivemos como direção, praticamente toda a gente quis que se mantivesse este ano. É mais uma questão simbólica para que as pessoas em Alvega saibam que a Banda continua ativa, não morreu nem vai morrer, se depender de nós. E o nosso intuito é fazer crescer a associação e ser grandes como sempre foi”, aponta o presidente, reconhecendo que é também importante o contributo da população para poder a Banda Filarmónica fazer face às suas despesas.

A banda irá tocar durante o peditório, que só decorrerá em Alvega este domingo, mas não fica de fora a possibilidade de mais tarde alargar o peditório a outras localidades.

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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