O Partido Socialista (PS) de Constância apresentou a proposta de recomendação “Fábrica da Tupperware em Portugal” na sexta-feira, 16 de dezembro, durante a última sessão de Assembleia Municipal de 2022, e que foi aprovada por unanimidade.
A bancada do PS recomendou à Câmara Municipal que o executivo “providencie canais de diálogo e interação com a Tupperware num esforço conjunto no sentido de serem encontradas soluções que impeçam o encerramento da fábrica e o consequente despedimento dos trabalhadores”, em Montalvo.
Recomendou ainda que “junto do Governo e em particular do Ministério da Economia questionar que medidas poderão ser tomadas para salvaguardar todos os postos de trabalho”.
Pela voz do deputado municipal Carlos Lopes, o grupo do PS lembrou que a fábrica está a funcionar “há cerca de quatro décadas naquela localidade” e segundo informações públicas “encontra-se numa situação económica muito difícil. No pretérito mês de setembro foram despedidos cerca de uma centena de trabalhadores temporários, e rescindidos contratos com alguns outros com contratos a termo”.

Afirma que “os cerca de duzentos funcionários que ainda restam correm o mesmo risco de despedimento. A Tupperware refere que a atual situação se deve à crise económica mundial e à consequente quebra de venda dos produtos ali manufaturados que colocam a internacional norte-americana à beira da falência”.
Acrescenta que tal situação “está a provocar um impacto socioeconómico na freguesia e no concelho sabendo-se que um despedimento em massa afetaria famílias inteiras cujos únicos rendimentos eram provenientes daquela fábrica, condenando-os à precariedade”.
O PS declarou saber que o presidente da Câmara, Sérgio Oliveira, “vem acompanhando esta situação” e manifestou “grande preocupação pelo atual momento vivido naquela empresa e total solidariedade com todos os seus funcionários e colaboradores na esperança que a situação se resolva a bem de todas as partes”.
Por seu lado, a bancada da Coligação Democrática Unitária (CDU), também as deputadas municipais abordaram o mesmo tema demonstrando “solidariedade com as famílias dos trabalhadores” pedindo ao presidente da Câmara um ponto de situação, no atual momento.
Sérgio Oliveira confirmou que acompanha semanalmente a situação da Tupperware e deu conta de estar “na mesma”, ou seja, após o despedimento de 100 trabalhadores temporários em setembro, “despediu nove trabalhadores do quadro e não houve mais despedimentos até à presente data e não está em cima da mesa o encerramento da fábrica em Montalvo”.
Manifestando “preocupação”, garantiu que a Câmara Municipal vai continuar a acompanhar a situação da fábrica.
Tal como o mediotejo.net noticiou, a fábrica da multinacional Tupperware em Montalvo, iniciou no dia 3 de novembro um processo de rescisão de contratos, confirmou na ocasião a direção de Recursos Humanos da empresa ao mediotejo.net.
Depois de em setembro terem sido dispensados todos os trabalhadores temporários – cerca de 100 pessoas –, a empresa acabou por rescindir contrato com 9 funcionários, dos 231 efetivos. Uma situação considerada “inevitável” pela administração da empresa, face à “quebra muito acentuada” de encomendas verificada este ano, sobretudo no último semestre.
Depois de um período de quebra nas vendas durante a pandemia de covid-19 (e com a unidade de Montalvo a entrar em lay-off durante um mês e meio), em 2021 a empresa alcançou resultados muito positivos.
Contudo, o comportamento dos consumidores inverteu-se em 2022, a nível mundial, e os prejuízos acumulados da Tupperware fizeram soar as sirenes em Wall Street no final do outubro: no dia em que a empresa apresentou os resultados do 3º trimestre, as ações na Bolsa de Nova Iorque caíram 45% e a imprensa da especialidade começou a falar na hipótese de falência.
Com prejuízos acumulados superiores a 700 milhões de dólares, e face aos maus resultados deste ano, a gigante norte-americana poderá não conseguir cumprir com os seus compromissos de crédito.
No entanto, Sérgio Oliveira já havida confirmado ao nosso jornal que Tupperware vai continuar a laborar, dando conta do aumento do número de encomendas.