O presidente da Câmara Municipal de Alcanena lamentou o encerramento do balcão do Banco Santander na vila, considerando a decisão “abrupta” e “desrespeitadora” para com o concelho, após mais de 70 anos de presença da instituição bancária no território.
Em declarações ao mediotejo.net, Rui Anastácio mostrou-se crítico da forma como o processo foi conduzido e da leitura que o banco faz da realidade e das perspetivas de desenvolvimento de Alcanena. O balcão encerrou no dia 12 de dezembro.
“Eu lamento porque penso que, no caso do Santander, ao fim de 70 anos aqui em Alcanena, é não perceber o que está a acontecer, não perceber que Alcanena irá conseguir, nos próximos anos, captar fortíssimos investimentos”, afirmou o autarca, sublinhando que o concelho se encontra numa fase de crescimento demográfico e económico.
“Não faz sentido, a nosso ver, sair, e muito menos desta maneira, de uma forma abrupta. Pareceu-me que, ao fim de 70 anos, o tratamento que foi dado ao concelho de Alcanena foi muito triste e desrespeitador do nosso território, da parte de uma instituição que sempre mereceu da minha parte bastante respeito, como o Banco Santander”, acrescentou.
ÁUDIO | RUI ANASTÁCIO, PRESIDENTE CM ALCANENA:
O encerramento do balcão no dia 12, anunciado anteriormente pelo banco no âmbito de um processo de “otimização da rede”, foi alvo de um ofício enviado no final de novembro pelo executivo municipal e pela administração da empresa municipal Aquanena ao Conselho de Administração do Santander Totta, no qual o município manifestou “profundo lamento, estupefação e veemente repúdio” pela decisão.
Nesse documento, a autarquia criticou o facto de o banco ignorar “o legado histórico e a relação de confiança construída ao longo de sete décadas”, considerando que a decisão assenta em “meros critérios de otimização operacional” e revela “total desinteresse e falta de sensibilidade” face à estratégia de desenvolvimento que o município afirma estar a implementar desde 2021.
A Câmara Municipal de Alcanena considera o encerramento “inaceitável”, sobretudo num contexto em que o concelho tem vindo a captar investimento público e privado, alertando ainda para o impacto social da decisão. Segundo o município, o fecho do balcão “retira um serviço essencial aos munícipes mais idosos e menos digitalizados” e transmite “um sinal nefasto aos novos investidores e às novas famílias” que procuram serviços bancários de proximidade.
Em reação ao anúncio do banco, o executivo municipal e a administração da Aquanena decidiram solicitar formalmente o encerramento de todas as contas detidas no Santander Totta, decisão que terá sido concretizada até à data efetiva do fecho do balcão, no passado dia 12.
O Santander Totta já havia confirmado à agência Lusa que o encerramento de balcões se insere numa estratégia de “otimização da rede e melhoria do serviço ao cliente”, garantindo que não está prevista a saída de trabalhadores por iniciativa do banco. A instituição explicou que pretende concentrar equipas em balcões de maior dimensão e apostar em modelos alternativos, como os ‘work cafés’, bem como em soluções digitais, incluindo máquinas VTM (virtual teller machines).
Ainda assim, para o município de Alcanena, a decisão representa uma perda significativa para o concelho e evidencia um afastamento das instituições bancárias tradicionais dos territórios do interior, numa altura em que a autarquia afirma estar a trabalhar para reforçar a atratividade económica e social do município.
c/LUSA
