Foto: DR

O Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA), em Vila Nova da Barquinha, que reúne 11 grandes esculturas criadas por artistas portugueses de várias gerações, foi inaugurado a 6 de julho de 2012, faz agora oito anos, tendo o parque ribeirinho de sete hectares, que alberga o projeto, transformado por completo a paisagem e constituindo-se como um exemplo de projetos apropriados e usufruídos pela comunidade barquinhense e região envolvente.

O Parque de Escultura Contemporânea do Almourol reúne esculturas de grandes dimensões de 11 artistas portugueses, num investimento da ordem dos 900.000 euros conseguido graças a apoios comunitários (80 por cento) e a uma parceria da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha com a Fundação EDP, que garantiu toda a assessoria técnica e artística.

Inaugurado em 6 de julho de 2012 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o PECA está instalado no Barquinha Parque – Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista 2007 – espaço que também comemora este mês 15 anos da sua criação, tendo sido inaugurado em 2 de julho de 2005, pelo então Ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia.

Fernando Freire, atual presidente da autarquia, lembrou ao mediotejo.net que o “Mercado das Artes”, quando criado em 2012, tinha como objetivo mostrar um conjunto integrado de operações de valorização ambiental, patrimonial e urbana com incidência no centro urbano de Vila Nova da Barquinha e na frente ribeirinha adjacente.

Parque de Escultura Contemporânea Almourol assinala 8 anos de existência. Foto: Fábio Carvalho

“No edifício do Centro Cultural criou-se um posto de informação turística e, recentemente, o Centro de Interpretação Templário de Almourol.  A nascente do parque foi construído um edifício para residência de artistas e ao seu lado foi criado o Centro de Estudos de Arte Contemporânea onde funcionam vários ateliês de fotografia, desenho e pintura”, notou.

“Na galeria do Parque passaram a realizar-se várias exposições durante o ano, algumas com relevo nacional. Na Galeria Santo António, no Largo da Igreja, e no Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo, junto do Chafariz, trabalham artistas que se dedicam à olaria, pintura, design, mascotes e, recentemente, surgiu o Museu Hermético português”, relata, lembrando um percurso de oito anos.

“Num concelho onde a gastronomia baseada nos sabores do rio como o sável, a lampreia e as enguias já é uma marca, o turista passou a percorrer as ruas das freguesias e apreciar as obras de arte pública de artistas como Vhils ou Manuel João Vieira. São 11 as intervenções executadas no âmbito do ARTEJO, um projeto artístico com a comunidade”, notou Fernando Freire.

O Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA), em Vila Nova da Barquinha, que reúne 11 grandes esculturas criadas por artistas portugueses de várias gerações, foi inaugurado a 6 de julho de 2012, faz hoje oito anos. Foto: DR

“Dentro destas operações quero destacar o projeto “Esculturas no Parque”, o qual se veio a constituir como um projeto de referência nacional. Aqui podemos apreciar 11 peças de arte de grandes dimensões de autores como Joana Vasconcelos ou Rui Chafes (Prémio Pessoa 2015)”, destacou o autarca, tendo lembrado que “o objetivo foi e é dinamizar e requalificar o tecido urbano”.

“A regeneração é um facto inolvidável e a baixa da Barquinha com intervenções no espaço urbano, a última na Praça da República, está a ficar com cara nova. O aspeto económico não foi esquecido e desde 2012 que a vila quadruplicou a oferta de camas e de alojamento e surgiram novos negócios ligados à restauração. Recentemente, nasceu o Cais – Ninho de empresas, junto à loja do cidadão”, lembrou.

“Se o centro de Vila Nova da Barquinha passou a atrair parte dos milhares de turistas que visitam o Castelo de Almourol, e é hodiernamente visitado pelas gentes da nossa região, muito se deve à qualidade do nosso parque de escultura e ao clima de sossego e bem-estar que é oferecido a todos os visitantes”, destacou Freire.

Alberto Carneiro, Ângela Ferreira, Carlos Nogueira, Cristina Ataíde, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Xana e Zulmiro de Carvalho foram os artistas convidados a instalar esculturas de grandes dimensões na paisagem ribeirinha da Barquinha, cobrindo o PECA autores e obras cujo trabalho se desenvolveu da década de 60 até à actualidade.

Alguns dos artistas criaram as suas obras, inspirados nas atividades da comunidade local, como foi o caso de Ângela Ferreira, que transformou um instrumento usado na rega dos campos num enorme baloiço, ou Cristina Ataíde, que recuperou a forma da merujona (instrumento de pesca local), e usou a estrutura para criar uma enorme bola em ferro que se pode subir.

Fernanda Fragateiro usou o duplo sentido da obra “Concrete Poem” para criar barras de betão sobrepostas, nas quais o público também se pode sentar ou deitar.

O mesmo apelo à interatividade pode ser encontrado na obra do artista plástico Alberto Carneiro, o decano do grupo de criadores, que criou uma floresta em granito e bronze, rodeada de placas sobre o chão que se podem pisar, e onde se encontram as palavras-chave da simbologia da peça: “Terra, Arte, Vida, Água, Ar, Fogo”.

Há oito anos, na cerimónia de inauguração, o então Presidente da República, Cavaco Silva, elogiou o esforço de “valorização urbanística” feito em Vila Nova da Barquinha, município que era então presidido por Miguel Pombeiro e cujo executivo o atual presidente integrava, considerando o Parque de Escultura Contemporânea “a prova de que a Cultura não está confinada aos grandes centros urbanos”.

“Não posso deixar de felicitar o esforço que aqui foi feito para incluir este concelho no roteiro da arte contemporânea portuguesa. Para além do Castelo do Almourol, existe agora uma outra razão para visitar Vila Nova da Barquinha e eu convido os portugueses a não deixarem de fazê-lo”, disse, na ocasião.

Apesar de algumas reticências iniciais da população local, o tempo viria a demonstrar que hoje Vila Nova da Barquinha não seria a mesma sem esta intervenção ribeirinha que alia a arte, o lazer, o turismo e o ambiente.

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *