Foto: DR

A judoca tomarense Patrícia Sampaio foi afastada da competição nos Jogos Olímpicos de Tóquio, durante a madrugada desta quinta-feira, dia 29, com a alemã Anna-Maria Wagner a sair vencedora na segunda ronda da prova de -78kg. A jovem de Tomar mostrou-se desgostosa por não ter conseguido mais, mas em Tomar é visível o orgulho pelo facto de a atleta conterrânea ter chegado a Tóquio, representando o país entre os melhores atletas do país e do mundo. Muitas têm sido as demonstrações de carinho e congratulações pela prestação da jovem promessa do judo português aos 22 anos, no dia em que Jorge Fonseca alcançou medalha de bronze para Portugal nos -100 kg.

Depois de ter conseguido vencer o primeiro combate contra a venezuelana Karen Leon, Patrícia não conseguiu vencer o confronto com a Campeã do Mundo, Anna-Maria Wagner.

Após a prova onde foi eliminada, Patrícia ficou abatida, desgostosa e não conseguiu conter as lágrimas. Nas redes sociais a atleta desabafou sobre o momento.

“Dói. Dói imensuravelmente. Dói como nunca havia antes doído. Não sei explicar porquê. Seco as lágrimas e elas teimam em voltar a cair. Não tenho palavras para expressar tudo o que sinto neste momento. Assim se encerra um ciclo muito complicado. Fiquei física e psicologicamente exausta, mas percebi que aguento mais do que pensava ser capaz. Agora é preciso dar tempo ao tempo, libertar as emoções e preparar-me para novos capítulos. Obrigada a todos o que estiveram do meu lado e acreditaram no meu sonho. Família, amigos, treinadores, fisioterapeutas, médicos, psicóloga, nutricionista… Todos me ajudaram sempre a dar o melhor de mim e devo-vos muito. Quanto a mim… estarei de volta”, escreveu Patrícia Sampaio nos seus perfis das redes sociais, fazendo acompanhar a publicação de imagem desoladora, de quanto percebeu que a adversária alemã a havia ultrapassado com “ippon”.

Reprodução do Instagram da atleta.

De Tomar chegam palavras reconfortantes, aplausos e manifestações de orgulho, desde conterrâneos, amigos, ao Município de Tomar, que já reconheceu que a atleta foi “grande” e que “em 2024 há mais”.

Também a autarca Anabela Freitas se manifestou nas redes sociais, dirigindo palavras a Patrícia. “Estive e estou, aliás, estivemos todos contigo nesta viagem com muito orgulho, e já agora, com uma lagriminha no olho. Força, Patrícia”, escreveu.

Também a Federação Portuguesa de Judo dirigiu palavras à atleta tomarense. “Estamos certos que esta foi mais uma página importante da tua história. Sabemos que ainda tens muito para dar ao judo português e a Portugal, és um grande motivo de orgulho para todos!”, pode ler-se.

“Fiquei desiludida porque esperava mais, não estou desiludida comigo, porque sei que fiz tudo o que podia, estou triste com a situação”, diz Patrícia Sampaio

Em declarações à Lusa a judoca portuguesa Patrícia Sampaio reconheceu hoje que a alemã Anna-Maria Wagner foi superior no combate dos oitavos de final da competição de -78 kg dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, admitindo que esperava chegar mais longe.

“Sentia-me confiante, porque estava a treinar muito bem e tinha preparado uma estratégia boa para cada atleta, mas é o judo, ela também devia estar confiante. Fiquei desiludida porque esperava mais, não estou desiludida comigo, porque sei que fiz tudo o que podia, estou triste com a situação…ainda é muito recente”, referiu a judoca tomarense, de 22 anos.

Patrícia foi vencida pela alemã, Campeã do Mundo, Anna-Maria Wagner. Foto: COP

Patrícia Sampaio compareceu na zona mista do Nippon Budokan após o fim do programa da primeira sessão, ainda visivelmente abatida.

“Eu treinei muito e vinha com as estratégias montadas, mas acabou por não resultar o que preparei. Tentei atacar, acabei por ser contra-atacada e ela também estava muito bem preparada. Acho que a preparação dela se sobrepôs à minha. Elas também fizeram o trabalho de casa. Senti que foi superior, eu não estava a conseguir fazer tudo o que imaginei e planeei”, lamentou.

A portuguesa, 18ª do ‘ranking’ mundial, encerrou a sua estreia olímpica entre as nonas classificadas da sua categoria de peso, após vencer a venezuelana Karen León, por ippon, no primeiro combate, e cair no segundo diante de Anna-Maria Wagner.

“Agora, espero que seja campeã olímpica”, desabafou Patrícia Sampaio, reconhecendo que a derrota, por ippon, frente à alemã ocorreu numa altura em que já estava em desvantagem de waza-ari, a 1.45 minutos do fim. “Quando ataquei, pensei que ia ser eu a projetar, ela é que acabou por consegui. Eu estava na expectativa de conseguir marcar, até porque já estava a perder e estava a tentar recuperar”, admitiu.

A judoca da SF Gualdim Pais, em Tomar, recordou ter estado praticamente dois meses a recuperar de uma lesão na perna esquerda, após os Europeus, em Lisboa, onde regressava à competição, depois da fratura sofrida na perna direita, em outubro de 2020, no Grand Slam de Budapeste.

Foto: COP

“Eu fiz o máximo, fiz tudo o que podia fazer. Mesmo quando não conseguia andar, quando estava de muletas, eu fiz tudo o que o meu corpo me permitia fazer e dei sempre o máximo, acho que é daí que vem a desilusão”, rematou.

O bicampeão do mundo Jorge Fonseca angariou a primeira medalha da comitiva portuguesa em Tóquio até ao momento, ao conquistar o bronze frente ao atleta canadiano Shady Elnahas.

A representação portuguesa no judo encerra na sexta-feira, com a participação de Rochelle Nunes no torneio de +78 kg, em que vai enfrentar no primeiro combate a porto-riquenha Melissa Mojica.

Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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