A sessão de Assembleia Municipal de Sardoal decorreu por videoconferência. Créditos: mediotejo.net

O presidente da Câmara Municipal de Sardoal considera que na politica “não vale tudo” e, criticando a atitude do PS de Sardoal nas redes sociais, diz que o executivo PSD prefere “perder umas eleições do que a honra e a dignidade”. Na última sessão de Assembleia Municipal, Miguel Borges (PSD) manifestou certezas quanto ao resultado das próximas eleições autárquicas referindo que “os sardoalenses saberão dar valor ao que temos feito e não ao que os senhores dizem, com base em meias palavras, insinuações e mentiras”.

Na última Assembleia Municipal de Sardoal, o presidente da Câmara criticou a atitude do Partido Socialista nas redes sociais, designadamente as publicações do deputado municipal socialista Adérito Garcia que, segundo Miguel Borges (PSD), escreveu  – e passamos a citar -: “Não criticamos só por criticar…”; “estamos apenas a fazer a nossa função de oposição de escrutinar e avaliar…”; “não queremos o protagonismo, só queremos o respeito que nos é devido como eleitos locais”.

O socialista Adérito Garcia iniciou as suas intervenções naquele órgão, no dia 26 de fevereiro, solicitando, precisamente, que as reuniões de Câmara “possam decorrer num tom mais amistoso. Aquilo que temos ouvido não nos tem agradado”, disse.

Por seu lado, Miguel Borges opinou que os assuntos deverão ser discutidos “nos locais certos e era disso que estava à espera depois de ler uma publicação na página do deputado Adérito Garcia nas redes sociais”. O presidente manifestou preferência por ser questionado em sede de Assembleia Municipal “sobre algumas afirmações que são feitas nesta publicação nas redes sociais”.

E, em jeito de balanço autárquico, elencou um conjunto de obras que o executivo do PSD realizou durante o mandato que termina este ano, estando agendadas eleições autárquicas para o fim de 2021.

“Quando iniciámos este ciclo autárquico o nosso compromisso foi, e é, para 12 anos. Muita obra foi feita, material e imaterial”. Justificou que “as nossas obras estão muito dependentes do aviso de candidaturas no quadro comunitário que tem sido a um ritmo muito lento”.

Informou que “o Concelho de Sardoal é o segundo Município com maior valor de investimento no Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial, só ultrapassado pelo Município de Torres Novas. É certo que uma boa fatia é para uma escola nova que está bem visível”.

Nesse momento Adérito Garcia pediu a palavra considerando que o presidente não deveria fazer uma intervenção respondendo a perguntas que não lhe foram colocadas no período antes da Ordem do Dia reservada aos deputados. Mas o presidente da Assembleia Municipal, Miguel Pita Alves, discordou, permitindo que Miguel Borges continuasse a sua intervenção.

Assim, o autarca recordou o investimento que foi feito na pavimentação no concelho de Sardoal: Santiago de Montalegre (355.600€); Casos Novos (76.700€); Panascos (458.400€) e Valhascos (158.300€), acrescentando estar para breve Cabeça das Mós (348.000€); Entrevinhas (67.500€); e Parque Empresarial (57.100€).

Sublinhou que contrariamente ao que “um senhor deputado do Partido Socialista disse numa das últimas Assembleias, o Município tem capacidade de endividamento. Recordo que o trabalho de pavimentação em Cabeça das Mós só pode ser feito depois das obras da Tejo Ambiente, no valor de 956.000€, terminarem”.

Sobre o “cuidado com património histórico, arquitetónico, religioso e cultural muito rico”, o presidente continuou dizendo que o executivo do PSD está a terminar “o processo de candidatura da ‘Semana Santa’ a Património Imaterial Nacional. Já terminámos a 1ª fase do Centro de Interpretação da Semana Santa e do Património com a requalificação da Capela da Nossa Senhora do Carmo, um investimento com o valor global superior a 250 mil euros”.

Miguel Borges referiu também o Externato Rainha Santa Isabel e a candidatura submetida “no dia 19-12-2018, ouviu bem, 2018, e foi aprovada no dia 2-2-2021 […] estivemos mais de 2 anos à espera da aprovação da candidatura”.

Mencionou ainda a visita da Secretária de Estado do Turismo, do presidente da Região do Turismo do Centro  e de “alguns possíveis investidores” há cerca de um ano, ” numa preocupação comum em encontrar uma solução para este imóvel de elevado interesse histórico. Estávamos e estamos no bom caminho na procura de soluções, todos sabemos o impacto negativo que a covid tem tido, muito em especial no turismo”.

Mais uma vez considerou “outro património de elevado interesse histórico e cultural que nos preocupa e muito, mas é pertença de entidades privadas, seja a Misericórdia, a Igreja ou outros. O enquadramento legal que podemos dar é na procura de uma solução financeira para a recuperação deste património. Temo-lo feito, mas que culpa temos nós se a CCDR do Centro, da qual dependemos para Fundos Comunitários, tem blindado o acesso aos fundos para a recuperação do património que não fosse classificado de Nacional?”, questionou Miguel Borges, convicto de uma solução no âmbito do próximo quadro comunitário.

No âmbito da habitação referiu a apresentação de uma candidatura para recuperar os prédios da Tapada da Torre em 21-12-2017. A covid fez com que novo aviso que estava previsto para 2020 não acontecesse, passando os fundos comunitários para este fim para os apoios covid. “Temos o trabalho de casa feito, aguardamos a reabertura do referido aviso”, afirmou, garantindo que “se tardar, não teremos problema algum em o fazer recorrendo à nossa capacidade de endividamento”.

Miguel Borges falou igualmente da nova Escola, da Creche municipal, do projeto R.E.A.D, do Projeto “Educação pela Arte, no “Experimenta + Ciência”, na dinamização das atividades lúdico-pedagógicas nos jardins-de-infância, nos Prémios de Mérito, nas Bolsas de Estudo, no apoio à Saúde Oral dos alunos, no apoio nas atividades de complemento educativo de 5€ por aluno no 1º Ciclo, o programa Miúdos Digitais, a Escola Virtual e outros mais.

Relativamente ao comércio local e indústria referiu a candidatura ao Portugal 2020 com a designação – Parque de Negócio de Andreus – um investimento no valor de 970.734,63 €, e que o Município “está a apoiar o comércio, os restaurantes e a indústria, suportando os encargos mensais com o consumo de água e saneamento desde março. Está quase a fazer um ano, todos os meses ininterruptamente”.

Lançou ainda um desafio ao PS, no sentido de apresentar “um sardoalense que tenha, justificadamente, pedido apoio à Câmara e que esse apoio lhe tenha sido recusado. Basta um! E os que não sabem ou têm vergonha de pedir, o senhor conhece algum? Se conhecem é vossa obrigação encaminha-los para os Serviços Sociais da Autarquia ou dar-lhes o meu contacto”.

E interrogou: “Senhor deputado, quanto é que a Câmara gasta em publicidade com a comunicação social? Não sabe, mas não sabe porque não quer, porque estes dados estão na prestação de contas e em junho de 2020 foi entregue um documento ao Partido Socialista onde constavam esses valores. Mas fique a saber: 2017 – 20.317,00€; 2018 – 21.535,06€; 2019 – 17.058,05€; 2020 – 14.488,99€”.

Nessa ocasião Miguel Borges anunciou ser “recandidato a presidente da Câmara Municipal de Sardoal nos próximas eleições. Os sardoalenses saberão dar valor ao que temos feito e não ao que os senhores dizem, com base em meias palavras, insinuações e mentiras”, afirmou.

Para Miguel Borges “os sardoalenses sabem com o que contam da nossa parte e se fosse o caso, que não vai ser, preferimos perder umas eleições do que a honra e a dignidade, porque em política, não vale tudo!”.

Após a intervenção do presidente, o deputado socialista Rui Valente disse que os sardoalenses gostariam de saber sobre outras obras não referidas por Miguel Borges, como o talude à entrada da vila de Sardoal, sobre o Externato Santa Isabel, assunto que lembrou ter sido referido pelo PS em 2017, declarou a inexistência de comércio em Sardoal e deu conta de obra feita “à custa de empréstimos, mais de um milhão de euros”.

Como resposta a Miguel Borges, o deputado Adérito Garcia disse subscrever o texto publicado nas redes sociais mas “é um texto politico, não tem nada a ver com isto. Mas o presidente fez o seu papel”, reconheceu, dizendo ficar satisfeito por saber que “do ponto de vista político, o PSD” considera que “poderei ser um alvo a abater. Portanto, boa sorte!”.

Relativamente ao Externato Santa Isabel afirmou que “contrariamente ao que o senhor presidente diz nem tudo o que podia ter sido feito foi feito. Há mais de 10 anos que o PS tem chamado a atenção em diversas reuniões, sob várias formas, para o estado de degradação que aquele edifício se encontrava e nem sequer foi possível repor vidros, janelas, para garantir que não houvesse vandalismos ou entrada de humidades”.

Sobre os contratos com a comunicação social admite não ter questionado porque “em abril teremos informação concreta. Mas a informação oficiosa que temos é que, de alguns meses a esta parte, o Município está a pagar um valor mensal na ordem dos 500 euros a um grupo de imprensa regional” um valor que provém do erário público, concluiu Adérito Garcia.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *