A ministra da Ciência, Elvira Fortunato, não escondeu a satisfação por ver que alunos portugueses estão presentes na competição de lançamento de foguetes, através de universidades estrangeiras, tendo, inclusivamente, encontrado um ex-estagiário seu numa equipa inglesa. “É uma aposta no conhecimento, na área da ciência”, disse, citando uma máxima: “Se achas que a Educação é cara, tenta a ignorância”.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior destacou a capacidade dos projetos científicos portugueses em captar fundos europeus, mas alertou que é preciso “mais financiamento” para alcançar objetivos. “Nós temos muitas verbas na área da investigação e os portugueses têm conseguido fazer isso ao longo dos anos, que é captar projetos e concorrer a outros fundos, nomeadamente a fundos europeus”.
Para a governante, que falava aos jornalistas à margem de uma visita ao EuRoC – European Rocketry Challenge, uma competição de lançamento de foguetes destinada a estudantes universitários europeus, que está a decorrer na cimeira aeronáutica Portugal Air Summit, em Ponte de Sor, o país deixou “há uns anos” de ser “contribuinte liquido” nesta área, tendo conseguido captar mais financiamento europeu.
“Nós já há uns anos a esta parte deixamos de ser contribuintes líquidos, ou seja, nós vamos buscar mais dinheiro à Europa do que aquele dinheiro que lá colocamos”, sublinhou.
“A ciência que temos em Portugal é muito boa, em algumas áreas é excelente, aliás, nós damos cartas a nível internacional, mas é evidente que precisamos de mais financiamento, isso é normal”, acrescentou.
O EuRoc, que conta este ano com a participação de 20 equipas, é uma competição de lançamento de foguetes destinada a estudantes universitários europeus, organizada pela Agência Espacial Portuguesa e que conta este ano, e pela primeira vez, com o apoio da Agência Espacial Europeia decorrendo os lançamentos no Campo Militar de Santa Margarida (Constância).
No mesmo dia da abertura do evento, as equipas concorrentes iniciaram de imediato a montagem dos foguetes. Para além da cerimónia de abertura, o dia foi marcado pelo primeiro contacto dos alunos participantes com o júri para apresentação do seu projeto. O júri do concurso é composto por representantes da Agência Espacial Portuguesa, da ANACOM, da Ciência Viva, da Força Aérea Portuguesa, do Exército Português e da Universidade de Aveiro.
A competição iniciou no dia 11 e decorre até 18 de outubro, em Ponte de Sor e no Campo Militar de Santa Margarida, com a participação de 20 equipas europeias, envolvendo 500 estudantes universitários.
“É extremamente importante! Não é só a importância do trabalho em si, daquilo que eles estão a fazer nesta área em particular para a indústria do espaço, mas é sobretudo o networking, a possibilidade de termos estes alunos do ensino superior a conviverem com vários colegas de outros países”, destacou a ministra.
De 13 a 17 de outubro serão realizados os lançamentos no Campo Militar de Santa Margarida, à razão de três lançamentos por dia, permanecendo as restantes equipas a ultimar a preparação dos rockets em Ponte de Sor. Por fim, no dia 18 de outubro, realiza-se a entrega de prémios e a cerimónia de encerramento no Aeródromo de Ponte de Sor.
Elvira Fortunato classifica a Ciência existente em Portugal de “muito boa” e “em algumas áreas é excelente” embora admita que a Ciência “precisa de mais financiamento” e afirma que em Portugal os cientistas “fazem milagres com as verbas que têm”.
No entanto, acrescenta que “somos muito competitivos e não podemos estar a trabalhar só com o Orçamento de Estado. Temos muitas verbas na área da investigação, e os portugueses têm conseguido fazer isso ao longo dos anos, para captar projetos e concorrer a outros fundos, nomeadamente fundos europeus, e nós há alguns anos a esta parte que deixámos de ser contribuintes líquidos, ou seja, vamos buscar mais dinheiro à Europa competitivo do que aquele dinheiro que lá colocamos. Isto só mostra que os portugueses e os investigadores que estão em Portugal, têm boas condições de trabalho”.
Durante a cerimónia, Elvira Fortunato destacou que “as atividades relacionadas com o setor espacial cresceram significativamente nos últimos anos e Portugal tem vindo a acompanhar de perto este crescimento”.
“A indústria aeroespacial está a crescer em diferentes setores de atividade e são cada vez mais importantes as informações disponibilizadas pelos satélites para diferentes áreas, como por exemplo, no que respeita às alterações climáticas e à poluição dos oceanos com plástico. Assim, é para nós muito importante o vosso trabalho para, através de novas tecnologias, explorar o espaço em diferentes áreas de atividade”, reforçou.
Por seu lado, Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial, frisou que “quando começamos em 2020, com todos os desafios impostos pela pandemia, tivemos aqui presentes cerca de 100 estudantes. Hoje, temos mais de 500 estudantes, oriundos de 11 países europeus, que compõem as 18 equipas em competição. Creio que a edição deste ano permitir-nos-á confirmar que a Europa, e especialmente Portugal, está preparada para este tipo de iniciativas e que o vosso trabalho, e das gerações futuras, é essencial para enfrentar os desafios e também as oportunidades que o setor aeroespacial nos trará no futuro”.
Rogério Alves, vice-presidente da Câmara de Ponte de Sor, reforçou, por sua vez, que “durante a última década, o Município de Ponte de Sor tem trabalhado para ser um agente de mudança no setor aeroespacial. Esta terceira edição do EuRoC revela o quanto a competição tem crescido e como as capacidades e o know-how destas equipas têm sido aperfeiçoados ao longo destes anos”.
Já Pedro Sardinha, Brigadeiro-General, 2.º Comandante das Forças Terrestres, acrescentou que “desde a primeira edição em 2020, que o Exército Português se constitui como parceiro na organização deste evento singular”.
“Muito nos satisfaz voltar, uma vez mais, a estabelecer esta parceria sólida e de proporções significativas com a Agência Espacial Portuguesas. Para esse efeito, foi ontem assinado um protocolo entre o Exército Português e a Agência Espacial Portuguesa, que nos permitirá prestar o máximo apoio às diversas atividades decorrentes desta 3.ª edição da competição. Para além disso, esta parceria não se esgota no EuRoC e permite-nos partilhar experiências e trilhar caminhos para o desenvolvimento de novas tecnologias no setor aeroespacial”, acrescentou.
A competição entrega anualmente sete troféus, sendo os prémios de fogo atribuídos de acordo com a altitude em competição e o tipo de motor, mas existem novidades na edição de 2022. O Prémio Payload, que pretende reconhecer a equipa com a melhor carga útil, será patrocinado pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla inglesa para European Space Agency), que assume assim o seu apoio à competição. Este galardão distingue a inovação, a fiabilidade, bem como a aplicabilidade e o impacto do payload para a sociedade, como se fosse efetivamente lançado no espaço.
“A ESA e a ESA Academy orgulham-se por se juntarem à Agência Espacial Portuguesa para a edição de 2022 do EuRoC e por fazerem parte desta competição inspiradora, que desafia alguns dos estudantes europeus mais talentosos”, aponta o responsável pela ESA Academy, Joost Vanreusel.
“Estou confiante de que a sua participação ajudá-los-á a dar um passo, ou um salto gigantesco, mais perto de uma carreira dentro do setor espacial europeu. Os nossos especialistas da ESA estão mais do que preparados para conhecer as equipas, rever o design dos seus foguetes e apoiá-los para que tenham um lançamento bem-sucedido”, acrescenta.
A 3.ª edição do EuRoC marca ainda o lançamento do Prémio para a Melhor Assinatura Espectral promovido pela ANACOM, a Autoridade Espacial portuguesa, e que incentiva “uma utilização mais eficiente do espectro de radiofrequências”, explica o Coordenador da Unidade Missão do Espaço do regulador, Fernando Guerra.
“Com a associação ao EuRoC, a ANACOM pretende dar maior estrutura à sua presença enquanto Autoridade Espacial, ao mesmo tempo que evidencia o seu papel como regulador das comunicações”, completa. O prémio ANACOM será atribuído à equipa que conseguir realizar o seu lançamento com sucesso, dentro de um período estipulado e com a menor percentagem de utilização do canal (ocupação espectral).
O EuRoC surgiu em 2020 e é uma das várias apostas da Agência Espacial Portuguesa na área da educação, sendo este um dos pilares estratégicos da sua atuação desde a fundação, em 2019. A Agência Espacial Portuguesa, que vê nesta aposta nos jovens o futuro do ecossistema espacial português, tem como objetivo promover e fortalecer o setor espacial em Portugal, para benefício da sociedade e da economia nacional e internacional.
O EuRoC – European Rocketry Challenge conta este ano, e pela primeira vez, com o apoio da Agência Espacial Europeia, decorrendo a competição até terça-feira em Ponte de Sor e no Campo Militar de Santa Margarida, com a participação de 20 equipas europeias.
Os lançamentos dos foguetões vão decorrer a partir de quinta-feira no Campo Militar de Santa Margarida, “à razão de três lançamentos por dia”, permanecendo as restantes equipas a ultimar a preparação dos rockets em Ponte de Sor.
Por último, na terça-feira, realiza-se a entrega de prémios e a cerimónia de encerramento no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor.
A competição, na qual estão inscritas duas equipas portuguesas, uma do Instituto Superior Técnico de Lisboa e outra da Universidade da Beira Interior, integra anualmente sete troféus, sendo os prémios atribuídos de acordo com a altitude em competição e o tipo de motor usado nos foguetões.
O EuRoC surgiu em 2020 e é uma das várias apostas da Agência Espacial Portuguesa na área da Educação, sendo este “um dos pilares estratégicos” da sua atuação desde a fundação, em 2019.
c/LUSA