Foto: mediotejo.net

Gavião inaugurou este sábado, dia 11 de março, na presença da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, aquele que a autarquia considera ser o “projeto mais ambicioso” do concelho: a nova Incubadora de Empresas da vila. Um investimento que rondou 1,4 milhões de euros, co-financiado em 85%, e que pretende agora estimular e atrair novas empresas, promover a criação de postos de trabalho, contribuir para a qualificação profissional e incentivar projetos de empreendedorismo.

O dia começou com receção da Ministra nos Paços do Concelho, seguindo-se guarda de honra e atuação da Banda Juvenil e dos Bombeiros de Gavião, perante dezenas de gavionenses que não quiseram perder esta cerimónia solene e aproveitaram para conhecer este novo equipamento com uma área de 3.100 metros quadrados e com dois pisos, disponível no centro da vila.

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O objetivo passa por “apoiar, acompanhar e incentivar o desenvolvimento económico e empresarial do concelho, promovendo o empreendedorismo, a qualificação profissional e a criação de emprego no concelho”.

Esta é uma Incubadora de Empresas de base não tecnológica, com capacidade para acolher 12 negócios, num investimento de cerca de 1,4 milhões de euros, e que nasceu no espaço onde existiu o logradouro, salas de aula e dormitórios do antigo Seminário de Gavião. O novo edifício conta agora com um auditório, sala de reuniões, serviço de receção e apoio, oficinas, gabinetes, serviços e espaços de coworking/teletrabalho.

O projeto foi financiado em 85% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com a autarquia a assegurar a restante verba.

O presidente da Câmara, José Pio, referiu-se a esta incubadora como sendo “um dos projetos mais ambiciosos e de extrema importância para o concelho de Gavião”, que visa cativar novas empresas e empresários através de “preços simbólicos”, funcionando como “incentivo aos empreendedores que poderão ter um espaço moderno a preços muito competitivos para o arranque no mundo dos negócios e para aqui desenvolverem as suas atividades”.

Discurso de José Pio, presidente da Câmara Municipal de Gavião

No decorrer do seu discurso, José Pio fez ainda alguns agradecimentos, dirigindo-se aos envolvidos na construção desta obra, mas fez agradecimento especial a Firmino Espadinha, chefe de Divisão de Obras e Serviços Urbanos da Câmara Municipal de Gavião, pela sua especial dedicação a este projeto.

O edil referiu que se pretende “dotar o concelho de um centro de negócios onde os empresários encontrem espaços físicos e autónomos para poderem estabelecer as suas atividades de forma cómoda, versátil e acessível”, e descreveu aos presentes as valências do equipamento.

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A incubadora tem uma receção, um auditório, um espaço de coworking, quatro gabinetes individualizados, albergando agora o Gabinete de Apoio às Empresas de Gavião, o Gabinete Técnico Florestal, o Gabinete de Proteção Civil Municipal, e contando com uma sala de formação, sala de reuniões e seis oficinas, sendo que é objetivo a partilha de espaços e equipamentos comuns.

“Acreditamos que o investimento poderá contribuir para o aparecimento e fixação de novas empresas e também para solidificação de algumas empresas que já existem no concelho”, disse, afirmando que esta obra vem na senda da estratégia municipal “para fixar capital humano no concelho”.

Perspetivando o futuro, e alargando horizontes perante a Ministra da Coesão Territorial e presidente da CCDRA, Ceia da Silva, apresentou brevemente os projetos que vão ao encontro de “transformar a interioridade em oportunidade”.

Focou outros investimentos previstos para tornar o concelho “mais competitivo e um polo relevante do empreendedorismo”.

José Pio disse ser intenção “até ao fim do presente mandato” dar por concluída a obra das piscinas descobertas e da recuperação da antiga Casa de João Ascensão transformada em posto de turismo, loja de produtos tradicionais, bar da piscina, Museu da Banda e espaço expositivo que albergará a coleção Quimera, do artista Luís Rodrigues. Também a obra de requalificação do edifício-sede do Agrupamento de Escolas será realidade no corrente ano. Segundo o edil gavionense este grupo de investimentos e projetos, associados ao ninho de empresas de Gavião, à requalificação da Rua 23 de Novembro e à requalificação das piscinas cobertas, representa mais de 7,5 milhões de euros de investimento realizado no concelho.

O presidente reafirmou a ambição de trabalhar em prol de “um concelho moderno, virado para o futuro, colocando sempre as pessoas em primeiro lugar mas acompanhando sempre os desafios que nos são colocados pela rápida evolução dos tempos modernos, por isso, queremos e precisamos de mais”.

De olhos postos no próximo quadro comunitário de apoio Portugal 2030, a Câmara de Gavião já trabalha numa série de projetos. José Pio focou a aquisição de terreno com 18 hectares, junto à EN118, com pretensão de instalar uma nova zona industrial na zona de Atalaia, pois a atual não tem lotes disponíveis e não tem possibilidade de expansão.

Após a cerimónia solene foi feita uma visita aos espaços da Incubadora de Empresas de Gavião, aberta a toda a comunidade. Foto: mediotejo.net

Além disso falou na intenção da criação da Casa das Artes de Gavião, para preservar a cultura e incentivar novos artistas, no projeto em desenvolvimento para criação do canil/gatil municipal, considerando que a resposta intermunicipal que a autarquia integra em Proença-a-Nova “não é minimamente satisfatória”.

Também a Estrada Velha de Gavião é outro projeto em curso para candidatar à mobilidade urbana sustentável, além do projeto de musealização do Lagar da Fraga, último lagar de varas da freguesia de Belver, e a criação e melhoria de infraestruturas do Parque da Ribeira da Venda na Comenda.

Também na calha está um projeto para criação de museu que perpetue a memória de Mouzinho da Silveira, que viveu e está sepultado na freguesia de Margem.

Por fim, o autarca deixou um “desejo”, esperando que a Incubadora de Empresas de Gavião “cumpra o desígnio com que foi sonhada: fazer Gavião voar cada vez mais alto”.

Por sua vez, a Ministra Ana Abrunhosa referiu ser a segunda vez na semana que se inaugura um projeto deste género no distrito de Portalegre, que serve para “acolher empresas e para criar emprego e para fixar pessoas, o principal objetivo dos políticos nestes territórios”, mencionando que esta aposta serve para “contrariar a tendência de desertificação e abandono do Alentejo”.

Discurso de Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial

A ministra disse esperar que no Programa Regional do PT2030 possa a autarquia candidatar-se a fim de partir para uma segunda fase desta incubadora de empresas, crendo que a adesão será positiva e que o projeto poderá vir a crescer dado o volume de interessados nesta primeira fase.

“O nosso objetivo, mais do que andar a fazer estradas (…) a nossa prioridade é melhorar as condições de vida para as pessoas, é não ter equipamentos de saúde degradados, é não ter escolas degradadas. Não há motivo para isso acontecer, os fundos estão aí para isso. É uma questão de escolhas. Nós temos que fazer as escolhas certas para as nossas populações”, afirmou Ana Abrunhosa durante a sua intervenção enquanto era ouvida por uma plateia interessada e atenta às palavras que proferia.

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Também a Ministra Ana Abrunhosa reconheceu que a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo é uma das melhores comunidades intermunicipais do país, referindo que a união dos autarcas “faz a diferença nas escolhas que fazem e que nessas escolhas tenham como prioridade projetos intermunicipais que façam verdadeiramente a diferença no território, em primeiro lugar para os que já cá estão e depois procurando trazer mais pessoas, mais empresas, mais riqueza para o território”.

A ministra indicou ainda que “o custo de não fazer as escolhas certas é condenar os territórios”, e que mais do que a necessidade de investimentos estruturantes, é a necessidade de fixar pessoas. “Temos que trabalhar em rede, e perceber e quantificar o impacto das escolhas que fazemos. E em primeiro lugar é perceber a mudança na qualidade de vida. E nunca esquecer os jovens e os maiores”.

“Nós não fazemos política para os jovens. Pelo menos a política suficiente, e depois queixamo-nos”, salientou, falando na tendência que está a fixar investimentos e empresas internacionais no Interior do país e na procura de mais qualidade de vida pelos jovens que pretendem fixar-se longe dos grandes aglomerados populacionais e das áreas metropolitanas.

“Se há territórios onde podemos ter qualidade de vida é aqui”, indicou. “Levar os filhos pela mão à escola é qualidade de vida. Ir comprar ao mercado e saber o que comemos e conhecer quem nos vende a fruta, quem nos vende os produtos frescos, não é medido no PIB per capita, mas garanto-vos que é qualidade de vida”, foi enumerando, para sustentar a sua argumentação.

Relevou a estratégia no setor do turismo no Alentejo por ser sinónimo de turismo de “qualidade”, falando numa estratégia reconhecida mundialmente, e entendendo que também noutros setores se devem fazer opções relevantes para as comunidades.

No rol de discursos de quem presidiu à mesa da cerimónia, também tomou a palavra Ceia da Silva, presidente da CCDRA (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo), que teceu rasgados elogios à Ministra, ao presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo e ao autarca gavionense José Pio, deixando ainda palavras de apreço ao ex-presidente de Câmara Jaime Estorninho, que se encontrava na plateia durante a sessão solene que decorreu no auditório da Incubadora.

Discurso de Ceia da Silva, presidente da CCDR Alentejo

Elogiou a forma de cooperação e definição de políticas supramunicipais para projetar o futuro da região. Referiu que a CIMAA é das comunidades intermunicipais que “melhor funciona no território”.

Também deixou elogio à disponibilidade e postura da Ministra da Coesão Territorial enquanto “força mobilizadora do território”, deixando “reconhecimento pelo excelente trabalho que tem feito”.

Quanto a José Pio, presidente da Câmara de Gavião, referiu que tem “um H de humildade”, caraterizando-o enquanto “autarca competente, dedicado e trabalhador e que luta pelos interesses do seu concelho”, mencionando que é também “um autarca chato” na defesa das suas gentes e território.

Na ocasião, dirigindo-se a Jaime Estorninho, ex-presidente de Câmara de Gavião, fez reconhecimento do percurso e postura deste, e na sala houve lugar a um forte aplauso e ovação ao autarca.

Ceia da Silva falou na obra da incubadora de empresas como sendo uma obra que vai melhorar a vida da comunidade e do concelho, e frisou que se deve “terminar a fatalidade do discurso dos pobrezinhos, é um discurso que tem de terminar”.

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Esta obra, crê, é um exemplo de coesão territorial, e o presidente da CCDRA referiu que “este território não é menos nem pode ser menos que Lisboa e o Litoral”, vendo com bons olhos a “alteração de mentalidades” e o facto de se começar a ver equipamentos no Interior que não era possível ver no passado.

“Não tenho dúvidas que esta região vai dar a volta”, afirmou, notando que tal se deve muito ao lançamento de projetos que antes eram pensados apenas para os grandes centros urbanos.

Ceia da Silva disse crer que este é um espaço “muito digno”, e que traz riqueza a Gavião e ao Alentejo.

No fim da sua intervenção, e mais uma vez focando a importância do papel do Ministério da Coesão Territorial, o presidente da CCDRA indicou que abriram avisos para as empresas que sofreram com as inundações e estragos com as intempéries que ocorreram com intensidade em dezembro de 2022, indicando que na próxima semana irão abrir os avisos de candidatura para os municípios e infraestruturas municipais afetadas.

“A CCDRA tem a porta completamente aberta a todos (…) queremos ser parceiro de desenvolvimento”, concluiu o responsável.

No decorrer da cerimónia foi concretizada a assinatura de contratos de cedência de espaços de incubação, sendo que de seis candidaturas apresentadas, para já, apenas quatro reúnem condições para formalizar contrato de ocupação do espaço.

Em causa a Associação de Produtores Florestais do Município de Gavião, representada por Júlio Catarino, que passa a dispor de um gabinete no âmbito da defesa da floresta contra incêndios, prestando assistência técnica e apoio à realização de candidaturas, bem como apoio a regularização de propriedades rústicas; Ana Chambel, do Espaço Ser e Crescer, dinamizará um centro de terapias, psicologia, explicações e atividade física; a empresa GaviAdventure, representada por Sara Tibúrcio, dedicada à animação turística, desporto, aventura e lazer também integrará o espaço; e um gabinete de mediação familiar e mediação de conflitos, pela mão de Marta Silva, fecha o ciclo, compondo estes os rostos que vão estrear a incubadora de empresas de Gavião nesta primeira fase.

Segundo a autarquia, em declarações à Lusa, existem mais interessados em fixar-se no ninho de empresas, entre as quais uma empresa da área das energias renováveis, uma de artesanato, outra do ramo agrícola e um laboratório de perfumaria e detergentes.

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Também na sessão ocorreu assinatura de protocolos com instituições de ensino superior da região, nomeadamente com o Instituto Politécnico de Portalegre e com o Instituto Politécnico de Tomar, tendo por objetivo “criar um instrumento de cooperação vantajoso essas instituições, para o tecido empresarial e para a população do concelho de Gavião”.

Fernando Rebola, vice-presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, assinou o protocolo que perspetiva a realização de iniciativas, intercâmbios, estágios e projetos nos domínios da formação, investigação, e prestação de serviços na área do Turismo bem como pelo desenvolvimento de tecnologias de promoção de produtos regionais.

Em representação do Instituto Politécnico de Tomar esteve o diretor do Laboratório de Conservação e Restauro, Ricardo Triães, cuja parceria vai assentar na colaboração no domínio da salvaguarda, conservação, restauro e valorização de bens culturais no âmbito da formação, investigação, intervenção e divulgação do património cultural.

Estiveram presentes na iniciativa além da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e do presidente da CCDRA, Ceia da Silva, que presidiram à cerimónia de inauguração, também o presidente da Assembleia Municipal de Gavião, Paulo Pires, o presidente da CIMAA e autarca de Ponte de Sor, Hugo Hilário, os deputados do PS eleitos pelo círculo de Portalegre, Ricardo Pinheiro e Eduardo Alves, Tiago Teotónio Pereira, vogal da CCDRA, bem como os vereadores do executivo municipal de Gavião, entre outros autarcas da região, representantes do comando da GNR, Bombeiros, Agrupamento de Escolas, comunidade em geral e representantes de entidades e instituições locais.

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Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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