Foto: Foto Petr David Josek/AP

Passado um ano e cinco meses do espoletar da pandemia de covid-19 no país, e de o lar do Centro de Solidariedade Social Nossa Senhora das Dores de Ortiga, concelho de Mação, ter resistido desde o início da pandemia não tendo registado casos ou surtos, eis que o paradigma mudou.

No final da passada semana foi detetado o primeiro surto da doença SARS-COV-2 na instituição. Nada fazia prever que, estando todos os utentes e funcionários vacinados e cumprindo com rigor as medidas de segurança e protocolos, uma utente começasse a manifestar sintomas pouco usuais. Imediatamente foi feito teste rápido que deu resultado positivo. Da testagem aos 80 utentes e funcionários, contabilizam-se 18 casos positivos na instituição, número que se mantém após nova bateria de testes realizada esta quinta-feira, dia 5.

“Nada fazia prever, da nossa leitura e parcos conhecimentos, estava fora de questão”, lamenta Afonso Matias, presidente da direção do lar.

O responsável afirma que o surto veio “de fora”, dado que os idosos têm idas frequentes ao hospital por problemas de saúde e pelo avançar da idade, com deslocações a Abrantes, Santarém e outros, pelo que havia sempre esse risco.

Quanto às visitas, essas voltaram a ficar suspensas por tempo indeterminado – sendo que assim estiveram durante muitos meses – tendo apenas sido retomadas com agendamento, protocolo de distanciamento e separação por acrílico dos utentes.

O lar já havia dado conta deste surto nas redes sociais institucionais, referindo que os casos positivos se apresentam assintomáticos ou com sintomas ligeiros.

Centro de Solidariedade Social Nossa Senhora das Dores, em Ortiga, Mação. Foto: DR

“Há uma utente que começou a ter alguns sintomas anormais no dia 26, fizemos um teste rápido, e acusou. A partir daí contactámos a DGS, fez-se testes e apareceram os primeiros 10 casos positivos em utentes e duas funcionárias”, contou.

Afonso Matias sublinhou o rigor dos procedimentos e cuidados diários na instituição e fora dela, por todos os funcionários, havendo um protocolo decidido pelo médico e corpo clínico que manteve o modelo de visitas sem contacto para “não facilitar”.

A logística não tem sido fácil, nem a gestão, uma vez que “as funcionárias que vão à ala covid, não podem intervir noutras alas” e estão “os utentes separados uns dos outros, sendo que os que estão contaminados foram colocados numa ala própria”.

Já os utentes que não testaram positivo permanecem nos seus quartos para evitar deslocações e riscos de contágio.

“É todos os dias esta logística muito complicada”, releva o responsável pela direção, que do alto dos seus 75 anos se dedica, há mais de 12, à gestão daquela instituição, e que agora interrompe, por recomendação da DGS, o seu velho hábito de todos os dias se deslocar ao lar e avaliar as necessidades e averiguar o que há para resolver.

O presidente da direção deu conta que esta quinta-feira, dia 5, se repetiram testes na instituição e que se aguardam os resultados. “Vamos ver o que vai dar, quais vão ser os resultados… E as funcionárias que estão em casa, estão de baixa até determinado dia, e depois é verificar qual a sua situação e se vêm trabalhar ou não”, explica.

Sobre expectativa e previsão do que aí vem, Afonso Matias afirma que a gestão tem de ser feita “dia a dia” quando não é “de hora hora”, porque “de um momento para o outro tudo pode mudar”.

O lar de Ortiga tem atualmente 45 utentes e 35 funcionários, incluindo assistentes técnicos, que agora aguardam por dias melhores.

Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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