Diretora antevê um ano difícil. Foto: mediotejo.net

A finalizar a organização das escolas do concelho de Ferreira do Zêzere para responder às normas da Direção-geral de Saúde quanto à prevenção da Covid-19, a diretora do agrupamento, Maria Isabel Saúde, antevê um ano com muitas incertezas. Ainda assim há boas notícias: o agrupamento viu ser aprovado o seu Plano de Inovação, que vai ser aplicado no 8º ano. Mais um passo no caminho da modernização dos processos educativos.

“Para já está a ser um ano com um princípio difícil”, constata a diretora ao mediotejo.net. A pandemia tem trazido desafios à organização da circulação no edifício da Escola Básica de 2 e 3º ciclos e Secundária Pedro Ferreiro, que concentra um número significativo dos 900 alunos de todo o concelho de Ferreira do Zêzere. O espaço exterior é amplo, mas o interior tem as suas limitações.

“Tudo se faz pelo interior”, resume Maria Isabel Saúde, constatando que este é um dos principais problemas que tem marcada esta preparação do ano letivo.

Acresce, conforma adianta, que só há transportes de manhã, o que limita o desfasamento desejado de horários entre ciclos de ensino. Por tal, por ocasião desta entrevista, os horários ainda não tinham sido concluídos.

A aposta da direção tem sido assim na criação de circuitos de entradas e saídas, reorganização de intervalos e um incentivo a que as turmas se mantenham essencialmente juntas, inclusive no exterior. Para o usufruto do refeitório ainda não há indicações específicas, mas a lotação deverá ser reduzida em 1/3, não havendo mais que turma e meia a almoçar em simultâneo.

Os mesmos problemas e soluções encontram-se a ser identificados no Centro Escolar de Ferreira do Zêzere, com uma tentativa de criar circuitos diferentes para as crianças do pré-escolar e do 1º ciclo.

A par deste cenário, o agrupamento tem investido na aquisição de máscaras e material de limpeza. Encontra-se ainda preparado um plano de ensino misto, caso as circunstâncias da crise pandémica o venham a exigir, adianta a diretora.

Um verão exigente e cansativo sucedeu a um final de ano atípico. A experiência de ensino à distância no confinamento “correu bem”, frisa a docente, e o “balanço global é positivo”.

Reconhece porém que houve alunos, já devidamente identificados, que se perderam no processo, ou por falta de acesso à internet, ou por falta de acompanhamento. “Queríamos compensar agora”, salienta Maria Isabel Saúde, explicando que esses alunos, em caso de algum tipo de problema devido à pandemia, serão os últimos a ser enviados para casa.

O Agrupamento de Escolas de Ferreira do Zêzere tem feito os possíveis para atender às exigências, mas há todo um universo de incertezas a que não consegue dar resposta. “Não vai depender só de nós”, constata a diretora, explicando que o funcionamento do ano letivo está mais dependente das decisões que sejam emanadas da Direção-geral de Saúde que da administração escolar.

“Está toda a gente muito preocupada, os pais querem respostas que não podemos dar”, constata, afirmando que “vamos todos dar o nosso melhor.

“Os alunos sentem falta da escola, das interações. Não há ensino à distância que substitua isso”, reflete.

O Agrupamento de Escolas viu entretanto ser aprovado um Plano de Inovação, que será aplicado às turmas do 8º ano. Este plano permite fazer alterações ao currículo e testar um modelo de ensino que vá ao encontro de melhores aprendizagens e das necessidades dos alunos, na linha do que já tem vindo a ser feito no âmbito da flexibilidade curricular.

Neste sentido, explica a docente, vai apostar-se na semestralização (em vez dos tradicionais três períodos), com menos momentos quantitativas e mais qualitativas. A ideia é encontrar uma distribuição mais consciente do tempo e que responda melhor à aquisição de conhecimentos, mantendo os bons e maus alunos interessados nos conteúdos programáticos.

“Procurámos, respeitando as aprendizagens essenciais, desconstruir a aparência do currículo”, procura explica, criando um plano “para os alunos bons brilharem e para entusiasmar os menos interessados”.

A diretora reconhece que na preparação deste projeto se falhou ao não envolver mais os encarregados de educação, mas constata que “o agrupamento tem dado provas que sabe aquilo que faz”.

Este Plano de Inovação consiste, na essência, em desdobrar o tempo disponível para cada disciplina em programas articulados que permitam uma melhor compreensão das matérias.

Por exemplo, aponta a docente, a Matemática terá um componente de 50 minutos, o “Matematicando”, dedicada a trabalhos mais práticos e experimentais. Na Educação Física será possível fazer atividades mais voltadas para a exploração da natureza, numa conexão com as aprendizagens das Ciências. Foi ainda possível articular as Tecnologias de Informação e Comunicação com a Educação Visual.

Estas opções, adianta Maria Isabel Saúde, resultaram de um inquérito passado aos alunos. “Fomos buscar as áreas que mostraram mais interesse”, sintetiza. O ano letivo arranca a 17 de setembro em Ferreira do Zêzere.

Cláudia Gameiro

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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