12 de agosto de 2012, faz este sábado cinco anos que se fez história. Uma data que dificilmente será esquecida por Jacinto Lopes, presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere, que elevados níveis de ansiedade. Afinal, a fasquia era elevada: fazer constar no Livro de Recordes do Guiness a maior omelete do mundo.

Para cozinhar a omelete, foram necessárias sete toneladas de ovos, 500 litros de óleo e 100 quilos de manteiga Foto: D.R.

Foram necessárias mais de cinco horas para cozinhar a omelete com 6466 quilos – o que equivale a mais de 160.000 mil ovos -, para se bater o recorde que pertencia à Turquia, com uma omelete de 4.401 quilos. Para cozinhar a omelete, foram necessárias sete toneladas de ovos, 500 litros de óleo e 100 quilos de manteiga e a criação de uma frigideira própria para o evento, com dez metros de diâmetro.

Jacinto Lopes estava tão pressionado que nem conseguiu festejar de forma efusiva o sucesso alcançado neste dia, confessa Foto: mediotejo.net

O mediotejo.net desafiou o presidente da Câmara, Jacinto Lopes, a um exercício de memória, desfiando as emoções deste dia. Algo que fez com relativa facilidade uma vez que não é todos os dias que se consegue um feito destes:

Foi um dia de muito stress. Acordei à hora normal com um dia de muito trabalho pela frente. Parece que os Deuses se tinham virado todos contra nós. Tudo o que tínhamos planeado, em termos de condições atmosféricas, nomeadamente vento, foi tudo ao contrário. Tínhamos a tenda preparada para o vento entrar por norte porque tínhamos um queimador debaixo da frigideira mas, eis que não,  fomos contemplados com vento de sul. Tivemos muitos problemas para conseguir manter o fogão aceso”.

Verdadeiros milagres foram acontecendo. Decidi bater o record a 11 de agosto de 2011. Foi um ano de planeamento muito exaustivo. Houve coisas que só consegui arranjar na semana anterior. O pior de tudo foi conseguir a certificação da balança para pesar o ovo. Acabou por ser o ISQ a ser nossos parceiros. Resolveram-nos um problema que se não fosse resolvido não tinha havido recorde para ninguém”.

Omelete demorou sete horas a ser confecionada, mais três do que o previsto Foto: D.R.

“Tínhamos 7600 quilos de matéria orgânica para aquecer. A frigideira de 10,20 metros foi montada na semana anterior. Estava assente em cinco pés. Cada pé tinha um sensor e juntavam-se os cincos a um contador próprio, transformando-se numa balança. A nossa botija de gás para aquecer a frigideira tinha 5 toneladas. Estamos a falar de aquecer 7 toneladas de ovo, 500 litros de óleo e 100 quilos de manteiga”

“Vivi momentos de angústia porque via as horas a passar e o peso da balança não diminuía. Eram 9h30 e já lá estava. Começámos às 14h30 e a ideia era bater o recorde em quatro horas, quatro horas e meia. Acabou por demorar mais de sete. O fogo apagou-se algumas vezes. A frigideira estava fria, começamos por ligar o gás e despejar as 7 toneladas de ovo, em estado líquido. Equivalia a 165 mil ovos. Depois foi aquecendo gradualmente e demorou muitas horas a fritar”

“Quando declararam o recorde batido foi um alívio. No fim ficámos com 6466 quilos de omelete. Evaporou 1200 e tal quilos. Só uma hora antes de batermos o recorde é que víamos os contadores a baixar. A partir daí, começo a ver o fumo a sair e pensei que íamos bater o recorde. Quando declararam o recorde batido foi um alívio”.

Foram precisos 150 voluntários para mexer a omelete de quase sete toneladas Foto: D.R.

“Acho que ansiedade foi tanta que me provocou diabetes. Tínhamos feito um grande investimento até ao nível das pessoas. Precisamos de cerca de 150 voluntários para mexer a omelete. Vieram pessoas de Lisboa para nos ajudar a bater o recorde. Naquele dia passaram por Ferreira do Zêzere cerca de mil pessoas só para ir ver bater o recorde”.

“Acho que tornámos o recorde imbatível. A logística é tanta e tão complicada que não vai ser fácil aparecer um maluco como eu a tentar bater aquilo. Passado cerca de um mês recebemos os certificados definitivos. Houve gente à espera de provar a omelete que foi embora porque demorou mais do que previsto. No final distribuímos a omelete, em caixas próprias, sem estar temperada. Distribuímos a centenas de pessoas e a instituições mais ainda sobrou muita porque distribuir 6,5 toneladas de omelete não é fácil”.

“O impacto foi bom, sobretudo, para o ego dos ferreirenses. Nós somos gente que sabe fazer as cosias, que tem garra. Foi bom as pessoas saberem que, através de uma partilha de esforços, conseguimos alcançar coisas grandiosas. Toda a gente gosta de ver a sua terra valorizada. Também foi bom para a indústria do ovo, para as empresas. Foi bom para todos nós. Ferreira é a capital do ovo com marca registada desde 2011″.

“Estava tão cansado, no fim, que não consegui mostrar o que me ia por dentro. Não consegui expressar um grande sorriso nem contentamento. Fiquei quase em estado de choque. Por dentro estava eufórico. Foi muito bom chegar ao final e conseguir. Sou sincero, houve uma altura que pensei que a omelete não ia solidificar. Também tivemos um chef de cozinha espectacular, o chef Pedro Mendes, com uma dinâmica vencedora. Foi isso que nos fez chegar ao fim da noite com o recorde batido”

Aos 12 anos já queria ser jornalista e todo o seu percurso académico foi percorrido com esse objetivo no horizonte. Licenciada em Jornalismo, exerce desde 2005, sempre no jornalismo de proximidade. Mãe de uma menina, assume que tem nas viagens a sua grande paixão. Gosta de aventura e de superar um bom desafio. Em maio de 2018, lançou o seu primeiro livro de ficção intitulado "Singularidades de uma mulher de 40", que marca a sua estreia na escrita literária, sob a chancela da Origami Livros.

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