O Jornal “Público” em julho de 1999 fazia a primeira página com a ligação ferroviária TGV entre Lisboa ao Porto numa hora e quinze minutos. O mesmo jornal, 20 anos depois, em outubro de 2020, voltava com a mesma primeira página, referindo-se às recentes declarações do Ministro das Infraestruturas sobre o arranque deste projeto.
Sobre a nossa região, o PNI – Programa Nacional de Investimentos para 2030 inclui uma estrutura ambicionada há mais de 30 anos, a travessia sobre o Rio Tejo entre Abrantes e Constância e a conclusão do troço entre o IC9 e a A23. Mas esta ponte rodoviária já estava incluída no projeto inicial do traçado do IC9 há mais de 20 anos, mas tem sido adiada ao longo dos tempos, pelos sucessivos governos.
Será caso para pensar que afinal será desta?
Talvez. Mas se entretanto não acudirem aos territórios interiores com medidas de incentivo à fixação de pessoas, com a abolição das SCUT na A23 ou tirando partido do turismo que se viu agora na pandemia que é um sector estruturante, com a criação de um Museu sobre a participação de Portugal na I Grande Guerra, em Tancos (não existe referência museológica alguma em Portugal sobre esta parte da nossa história) com a ligação ao Arneiro da Parada em Montalvo (tudo muito próximo da rota EN2), é bem possível que esta travessia seja mais uma daquelas obras que daqui a 15 ou 20 anos já só sirva para os habitantes daquelas localidades passarem o rio para o outro lado.
Quero acreditar que possa ser muito mais que isso, mas o tempo o dirá.
Fotografia: Ponte entre Abrantes e Rossio ao Sul do Tejo, outubro de 2020