De um simples trabalho de compostagem, em dezembro, surgiu a ideia entre educadores e pais da realização de uma horta escolar onde “os meninos pudessem aprender a fazer e a meter as mãos na terra”, disse ao mediotejo.net, Doroteia Veríssimo, educadora de infância responsável pela parte pedagógica do projeto.
No início, alguns pais tiveram dúvidas sobre a iniciativa, mas à medida que ia evoluindo quase todos se prontificaram a ajudar e a participar. A educadora afirma que “os meninos andam muito entusiasmados com o projeto. “De uma coisa pequena, algo enorme ganhou azo”, adianta Doroteia, que diz ter aprendido muito com a horta pedagógica graças à ajuda de Habibi Majul, proprietária de uma quinta e a team leader do projeto, que partilhou os seus conhecimentos e experiência para estar à frente do Jardim do Saber.
A educadora partilhou os seus saberes, em sala de aula, para ensinar os mais pequenos de forma mais divertida, nomeadamente com trabalhos sobre germinação.
As responsáveis, Doroteia e Habibi, explicaram a dinâmica do jardim-horta, e afirmaram que o princípio base é a sustentabilidade.
“Quando pensámos em fazer isto, fomos logo à procura de materiais velhos e usados, fazendo do velho novo. Ou seja, tudo o que utilizamos aqui para fazer este espaço é reutilizado, não comprámos nada”.
O nome da iniciativa foi escolhido entre algumas ideias que os pais deram, e os alunos desenharam um logotipo por baixo. Jardim do Saber – Semear, Brincar, Partilhar e Colher, foi o nome com mais votos, sendo o desenho trabalhado mais tarde pela turma do curso profissional técnico de comunicação e serviço digital da escola de Constância.
O primeiro espaço do projeto a ser implementado foi o espaço dos girassóis. Estes germinaram em casa de Habibi Majul e, mais tarde, foram oferecidos aos alunos em vasos para que estes pudessem plantar no espaço as flores. “Agora o foco é a horta, com uma plantação de vegetais, temos courgette, alface, ervas aromáticas e tomateiros”, explicou a mãe responsável.
“Primeiro a ideia é que eles possam plantar e colher um dia, para ver o resultado do seu trabalho e que fiquem satisfeitos. Aliás, a canja que temos hoje aqui para o convívio foi feita no vizinho Paulo, um restaurante aqui do lado, e a hortelã utilizada foi do Jardim do Saber. Eles foram levar lá as massas e a hortelã e ficaram muito satisfeitos”, frisaram as responsáveis.
Depois, para o ano, o segundo passo é o prado de flores, para facilitar um ecossistema para polinizadores, um tema muito importante e atual na temática da sustentabilidade”, adiantaram. Apesar de ser um projeto de duas turmas do jardim de infância, foram envolvidas também duas turmas do primeiro ciclo, para ajudar nas regas e nas limpeza de ervas daninhas, em processo que se realiza sempre às sextas-feiras.
Inicialmente o lago não estava previsto, visto já existir um no espaço escolar, que estava sem uso, sendo tratado por um funcionário. “Pensamos trazer os peixinhos que estavam naquele lago para aqui. Falamos com o engenheiro responsável pelo Parque Ambiental de Santa Margarida, que nos ajudou desde o início. Foi o Parque Ambiental que fez o buraco do lago e trouxeram os nenúfares. Agora temos ali 8 peixes e duas rãs”, notou a educadora Doroteia Veríssimo.
Questionadas sobre o futuro dos vegetais plantados, as responsáveis comentaram que já têm algumas ideias, nomeadamente convidar os meninos do último ano da creche, que vão no próximo ano letivo para o Jardim de Infância, a irem visitar o espaço para conhecerem o projeto e fazerem um piquenique convívio.
“A segunda colheita será provavelmente as folhas de espinafres e vamos fazer um bolo com esses espinafres para os alunos do jardim de infância e da creche”, avançou.
Visto que o ano letivo está a terminar, a comissão composta por educadoras e pais vão organizar-se em equipas de forma a fazer uma planificação para que os meninos continuem a ir ao espaço, a ver a evolução do local e a continuarem a tratar do jardim, tirando as ervas daninhas e regando semanalmente.
Olga Antunes, diretora do Agrupamento de Escolas de Constância, ela própria educadora de infância de formação, afirmou que “pensar em projetos para jardim de infância é pensar nisto, em iniciativas para por as mãos a fazer, é levar as crianças a terem aprendizagens e a trabalhar conteúdos de uma forma divertida”.
“Hoje temos aqui crianças felizes, eu vi a alegria quando eles estavam a encher os canteiros de terra. Eu ainda sou do tempo em que no jardim de infância ninguém ralhava connosco, educadoras, por os filhos chegarem sujos a casa. Deixem os vossos filhos sujarem-se porque a terra é sem dúvida a forma deles aprenderem a conviver com aquilo que é importante, com o nosso planeta, a conviverem com a natureza”, apelou Olga aos encarregados de educação presentes na cerimónia.
Na final da tarde do dia 6 de junho, terça-feira, os alunos, orgulhosos, fizeram um pequeno espetáculo, leram frases sobre o ambiente e mostraram aos pais o espaço do Jardim do Saber. O presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, não deixou de marcar presença e aplaudir a iniciativa.
No final houve ainda houve tempo para um lanche/jantar convívio entre todos, num brinde ao futuro das crianças e a um planeta sustentável.