Com 280 utentes e 230 funcionários distribuídos por vários lares em Vila de Rei, os responsáveis da Misericórdia local vivem num “sobressalto constante” por receio de infeções, tendo apelado à rapidez na realização dos testes à covid-19 anunciados pelo governo. Por outro lado, a instituição liderada pela Provedora Irene Barata fala dos preços “escandalosos” a que chegaram os equipamentos de proteção individual, pedindo que se ponha “mão nisto”.
“Não temos casos positivos nos utentes dos nossos lares e quando chegamos ao fim do dia e vemos que continua tudo bem com eles e com os nossos funcionários é uma vitória, porque vivemos aqui num sobressalto constante”, disse à Lusa o diretor geral da Santa Casa da Misericórdia de Vila de Rei (SCMVR), tendo feito notar a sua ansiedade pela chegada dos testes aos lares locais após o arranque gradual do programa nacional do Governo para o efeito.
“Graças a Deus que já iniciaram os testes em lares e aquilo que desejamos é que cheguem a nós rapidamente e que depois até haja a possibilidade de os repetir, passado algum tempo”, disse Valdemar Joaquim, sublinhando a “grande preocupação, a toda a hora”, com as cerca de 530 pessoas, entre utentes e funcionários, que tem à sua responsabilidade em Vila de Rei.
Segundo defendeu aquele responsável, “um teste com resultado negativo é algo palpável, um comprovativo que vem sossegar e mostrar a todos que o trabalho que estão a fazer está a surtir efeito”, tendo feito notar que, neste momento [sem testes], “não se sabe de nada”.
Com 240 utentes divididos por duas Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), um Centro Geriátrico, uma Unidade de Cuidados Continuados e mais quatro dezenas de pessoas em apoio domiciliário, a SCMVR apostou desde o início do surto pandémico em medidas como a restrição de visitas aos utentes, o isolamento profilático dos mesmos após ida ao hospital para tratamentos, além do reforço dos cuidados de higiene, mediação das temperaturas e distribuição de equipamentos de proteção individual (EPI´s) a todas as equipas profissionais.

“A preocupação que o vírus entre [nos lares] é constante e o plano de contingência geral da Santa Casa vai no sentido de reduzir ao máximo o risco, sendo que os equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas e batas, materiais que todos necessitamos, são fundamentais e devia haver algum controlo sobre os preços praticados”, alertou.
Para Valdemar Joaquim, os materiais que asseguram algum controlo e proteção ao vírus estão a “preços escandalosos”, que “ultrapassam tudo”, tendo apelado “a quem tem poderes para tal,” para “pôr a mão nisto, se é que é possível”.
E “urgência nos testes”, reiterou. “Para um maior descanso e porque só com eles é que a gente vai saber alguma coisa”, concluiu.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%).
Dos infetados, 1.180 estão internados, 271 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 184 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
c/LUSA