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“Pela sua Saúde” é uma rubrica onde médicos de diferentes especialidades partilham informação com os nossos leitores, visando contribuir para a prevenção de doenças e a promoção da saúde.

Dor Lombar: o que é?
A dor lombar, também designada lombalgia ou lumbago, tem origem na coluna vertebral, que se localiza abaixo do nível das costelas. Afeta mais de 2/3 da população ao longo da sua vida e é uma das causas mais frequentes de consulta médica.

Que características tem?
A lombalgia pode manifestar-se de forma aguda ou instalar-se gradualmente. Pode surgir após um traumatismo, um esforço físico ou sem motivo aparente. Muitas vezes, restringe-se à região lombar, mas pode, também, estender-se à coluna dorsal ou à bacia e nádegas. Nalgumas situações, irradia para uma ou ambas as coxas, podendo mesmo alcançar a perna e o pé. Habitualmente, agrava com a posição sentada ou de pé parado, acompanhando-se de rigidez e limitação nos movimentos da bacia.

Que sinais nos devem alertar para a necessidade de ajuda médica?
As lombalgias são muito frequentes e podem repetir-se em vários episódios ao longo da nossa vida, mas mesmo que tenhamos já um diagnóstico anterior, se se prolongarem por um período superior a 6 semanas, necessitam de uma avaliação médica. Devem também ser estudadas nos doentes com idade inferior a 18 anos ou superior a 50 e sempre que surgirem após um traumatismo. Os doentes com dor lombar e antecedentes de doença oncológica ou imunosupressão devem recorrer ao seu médico assistente, bem como todos aqueles em que a dor for acompanhada de febre, suores noturnos ou perda de peso. O facto de surgir ou se intensificar durante a noite, sem alívio na posição deitada, requer também uma adequada avaliação médica.

Quais são as suas principais causas?
A causa mais frequente de dor lombar resulta do repuxamento excessivo de músculos e tendões, provocado por esforços físicos intensos, movimentos repetitivos, má postura, queda ou prática desportiva. Também é frequente ter origem na deterioração e envelhecimento dos vários elementos que constituem a coluna vertebral e na inflamação crónica das articulações e dos discos de cartilagem que permitem a mobilidade das vértebras. Estes últimos, podem mesmo sofrer uma rutura, formando uma hérnia discal que comprime os nervos responsáveis pela sensibilidade e força das pernas, originando assim uma dor irradiada para os membros inferiores. 
Por vezes, a lombalgia tem origem numa fratura, consequência de um traumatismo ou do colapso espontâneo de uma ou mais vértebras, como se verifica em doentes com osteoporose grave ou tumores. As deformidades da coluna, como a escoliose e a espondilolistese, bem como as doenças reumáticas, como a artrite reumatoide e a espondilite anquilosante, podem também provocar dor lombar.

O que podemos fazer para a prevenir?
Embora nem todas as causas de lombalgia possam ser totalmente prevenidas, há várias medidas gerais que podemos adoptar para minorar o desgaste natural da coluna vertebral e evitar algumas lesões. Com esse objetivo, é fundamental manter um estilo de vida ativo, um peso adequado e uma postura correta, realizando exercícios de fortalecimento e alongamento muscular, pelo menos dois dias por semana. No entanto, é importante evitar esforços físicos excessivos, nomeadamente o transporte repetido de cargas pesadas e quando tal se tornar inevitável é indispensável utilizar os músculos das pernas e não os músculos lombares para as elevar ou baixar. Por último, o tabagismo é uma causa importante de deterioração dos discos vertebrais, o que deve constituir uma motivação adicional para deixar de fumar.

Como se trata?
A dor lombar é frequentemente limitada e de bom prognóstico, sobretudo a que resulta de pequenos traumatismos ou esforços físicos, resolvendo muitas vezes sem qualquer tratamento ou apenas com repouso e um analgésico de uso comum. No entanto, pode ter uma maior intensidade e duração ou estar associada a outros sintomas que necessitem de avaliação médica. Ainda assim, na sua grande maioria, requer apenas medicação mais especializada ou eventualmente, reabilitação por fisioterapia. Só muito raramente se beneficia de tratamento cirúrgico adicional.

Neurocirurgião no Hospital CUF Santarém e na Clínica CUF Alvalade

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