Memórias da guerra colonial vão assinalar 50 anos do 25 de abril em Constância. Foto: DR

O município de Constância está a promover uma recolha de memórias de ex-combatentes na Guerra Colonial, de 1961 a 1974, documentos que vão integrar uma exposição comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, anunciou a autarquia.

Além da “consulta documental que está a ser realizada”, o município indica estar a fazer uma “recolha de memórias de ex-combatentes” do concelho de Constância, assim como de testemunhos de familiares, “para tentar mostrar o outro lado da guerra, a visão e a perspetiva de quem a viveu”, abordando temas como “o sofrimento das famílias, aquando da mobilização para o Ultramar, as condições encontradas, a violência dos combates, e as saudades”, entre outros.

Esta iniciativa do município, realizada através do Museu dos Rios e das Artes Marítimas, integra um “vasto programa cultural” e pretende, por um lado, “relembrar a Guerra Colonial, um dos acontecimentos com mais impacto na História recente portuguesa, e, por outro lado, homenagear os jovens das décadas de 60 e 70 que tiveram como destino combater nas colónias/províncias portuguesas em África”.

Entre 1961 e 1974, foram mobilizados, para Angola, Guiné e Moçambique, mais de um milhão de militares.

Do concelho de constância, partiram centenas de jovens que deixaram as suas famílias e a sua terra para combaterem num território distante e hostil, do qual pouco, ou nada, sabiam. Este trabalho pretende, assim, homenagear estes jovens e valorizar esse enorme esforço, salvaguardando as memórias e esta história como parte integrante da identidade local e nacional.

Este trabalho iniciou-se em julho, com a ajuda dos jovens que integraram projetos no âmbito do Programa de Ocupação dos Tempos Livres, do Instituto Português do Desporto e Juventude, nomeadamente, Diogo Reizinho (filme e edição), Miguel Luís (pesquisa e entrevistas), Catarina Matos e Rodrigo Monteiro (transcrição de entrevistas).

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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2 Comentários

  1. İNİCİATİVA muito louvável.
    Os impactos na vida das pessoas das comunidades e do pais merecem análise reflexão.
    A democracia que vivemos, a descolonização que fizemos e a guerra em que combatemos, os intervenientes diretos, as famílias e Portugal daquelas décadas e de hoje merecem.
    Vamos seguir e partilhar o vosso trabalho.
    ENERGIA e FORÇA para desenvolver e sustentar valores do Portugal de Abril que não temos definitivamente garantidos…
    Muito há para alcançar!

    Abraço Amigo

  2. Concordo totalmente com a opinião do sr. Libânio Martins da necessidade de não se deixar de recordar os anos de 50,60 e 70 quer retirou a muitos jovens a possibilidade de seguir outros caminhos na sua vida. O sofrimento dos jovens na altura que obrigavam a uma guerra sem sentido e retiravam a possibilidar de trabalho e estudo não pode ser esquecido. Parabéns à CMConstância por esta Iniciativa.

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