O Movimento Independente MIFT criticou "demagogia" e disse que "Tramagal merece mais". Foto: mediotejo.net

Foi num ambiente caloroso e muito participado que o Movimento Independente Freguesia Tramagal (MIFT) apresentou os seus candidatos às eleições autárquicas de 26 de setembro. O cabeça de lista, António José Carvalho, apresentou na sexta-feira algumas ideias do que pretende para a freguesia e não escondeu a satisfação pela envolvência popular em torno do movimento que ostenta um ramo de oliveira como símbolo, tendo afirmado que “Tramagal merece mais” e reiterado a esperança de vencer as eleições para “voltar a colocar o Tramagal no mapa”. 

Na sua intervenção, perante cerca de uma centena de pessoas munidas de bandeirinhas, cartazes com frases apelativas ao voto e um hino criado pelo movimento independente, António José Carvalho apontou algumas das prioridades da sua candidatura, não tendo ainda apresentado o programa eleitoral final, e apontou baterias ao atual executivo de maioria socialista, para o qual perdeu as eleições em 2017 por cerca de 60 votos. “Tramagal merece mais”, afirmou, numa crítica ao “Abrantes vale mais”, lema do PS.

“Tramagalenses e crucifixenses, a demagogia do “futuro está aqui” e do “Abrantes vale mais”, não nos resolve os problemas. Há quatro anos quem dizia que ficava aqui preparava-se para ir embora. E hoje continuam a dar-nos muito pouco valor. Tramagal merece mais. Temos uma economia forte, boa indústria, agricultura, floresta, temos um enorme potencial de desenvolvimento, merecemos mais”, afirmou o candidato do MIFT.

“Tramagal merece mais. Temos uma economia forte, boa indústria, agricultura, floresta, temos um enorme potencial de desenvolvimento. Merecemos mais”, afirmou o candidato do MIFT. Foto: mediotejo.net

ÁUDIO | DISCURSO DE ANTÓNIO JOSÉ CARVALHO, CANDIDATO DO MIFT:

“É um orgulho para o MIFT estarmos de novo neste Largo dos Combatentes da Grande Guerra, sala de visitas da vila do Tramagal, espaço de muitas vivencias, de festas, também de lutas, e praça da paz como quando no final da II Guerra Mundial aqui se fez uma grande manifestação. Hoje estamos aqui para honrar memórias mas sobretudo para dar confiança no futuro. Somos terra de democracia, é uma alegria enorme sentir que hoje, um mês antes das eleições, a liberdade continua a passar por aqui”, começou por dizer o candidato, 56 anos, professor de Geografia na Escola de Tramagal.

“A nossa freguesia é hoje um território com muitos problemas, dizer isto não é dizer mal de nós, o MIFT não diz mal das nossas terras, muito menos das nossas gentes, somos o que somos, e em qualquer parte com orgulho dizemos que somos do Crucifixo e do Tramagal. Mas estamos no quadro de umas eleições autárquicas em que é preciso avaliar o trabalho das entidades públicas e temos que dizer com clareza. O Estado e as autarquias têm falhado no Tramagal”, afirmou, numa análise à situação atual da freguesia.

“A nossa resiliência para ultrapassar várias crises profundas nas últimas décadas não foi acompanhada pelas políticas públicas e investimentos públicos adequados. Nós merecíamos mais, merecemos muito mais. Deixaram-nos isolados na rede rodoviária principal, sem um ponte que ainda não se vai fazer com o PRR mas devia. A ponte devia ter ido agora para os investimentos de recuperação desta crise que passamos. Há outras pontes, bem menos importantes que a nossa, como a que vão fazer em Alcoutim, no Guadiana, em Nisa, para passar para Espanha, e em outras localidades de pouca importância, vão-se fazer. A nossa continua ainda no plano das intenções e vamos querer e fazer a força do MIFT para que isto ande o mais depressa possível”, referiu António José Carvalho.

No discurso proferido no Largo dos Combatentes, ao final da tarde de sexta-feira, o candidato do MIFT disse ainda que “a própria Estrada Nacional 118 tem problemas mesmo dentro da própria vila. Nada se fez para resolver nos últimos anos, nada. A estação de comboios foi convertida em apeadeiro sem um mínimo de dignidade para uma vila e é uma péssima imagem como entrada num concelho. O Tejo corre-nos aos pés em más condições, faltam-nos equipamentos sociais, no apoio à infância e à velhice. Os equipamentos desportivos vivem com dificuldade, e não tiveram no devido tempo os apoios necessários”.

Por outro lado, continuou, “o sistema de recolha de resíduos na nossa freguesia está colapsado, está à vista de toda a gente, junto aos caixotes do lixo, junto ao cemitério velho, há lixo na nossa freguesia que não devia haver. Há serviços municipalizados que têm a responsabilidade de responder por um bom sistema de recolha de resíduos. A rede de águas residuais está envelhecida e carente de investimentos. As infraestruturas têm prazo de validade, precisam de manutenção e cuidados, se não começam a rebentar e é isso a que nós já estamos a assistir na nossa freguesia”.

António José Carvalho, cabeça de lista do Movimento Independente Freguesia Tramagal (MIFT). Foto: mediotejo.net

“No centro de saúde, como prevíamos há quatro anos, às vezes mandam-nos para o Rossio. A escola Octávio Duarte Ferreira é um edifício de escolar degradado como já não se vê em lado nenhum. Os equipamentos culturais também se degradaram apesar do esforço do associativismo e da boa vontade de todos os tramagalenses. Os espaços públicos e verdes dão mostra de uma falta de brio que não é a nossa. As ruas acumulam buracos que só são tapados de 10 em 10 anos. Obras novas são feitas sem a qualidade devida. O nosso centro histórico degrada-se. A rede móvel é fraca, a internet chegou tarde. Os fundos comunitários não chegam à freguesia no investimento público. Há problemas na habitação. A promoção turística não existe. Não temos um Espaço Cidadão que a nossa Assembleia de Freguesia aprovou há já três anos. Não temos reabilitação urbana, tiraram-nos a biblioteca”, elencou.

“Como resultado”, afirmou, “só na última década, perdemos quase 20% da população, isto não é normal. O país perdeu população, perdeu 2%, o concelho perdeu 12%, nós perdemos quase 20, 18,9% para ser mais preciso. Desde que há vila de Tramagal, perdemos metade da população. Éramos mais de 5.000 pessoas a residir na freguesia, hoje somos menos de 3.000”.

“Isto é um indicador muito preocupante, mas é a realidade, e perante ela temos duas opções. O conformismo ou mudar. No MIFT somos dos que pensamos que isto tem de mudar”, defendeu António Carvalho, criticando de seguida a “demagogia” do PS, que gere atualmente os destinos da freguesia de Tramagal e do concelho de Abrantes.

“Tramagalenses e crucifixenses, a demagogia do “futuro está aqui” e do “Abrantes vale mais”, não nos resolve os problemas. Há quatro anos quem dizia que ficava aqui preparava-se para ir embora. E hoje continuam a dar-nos muito pouco valor. Tramagal merece mais. Temos uma economia forte, boa indústria, agricultura, floresta, temos um enorme potencial de desenvolvimento, merecemos mais”, disse.

“Nos 50 anos do 25 de abril, que vamos comemorar aqui e sempre, exigimos aos poderes públicos melhores serviços e políticas que melhorem a qualidade de vida das populações. Deem-nos a vitória nas próximas eleições e exijam também isso, exijam que a junta de freguesia trabalhe bem, por todos e para todos”, afirmou, apontando de seguida à estratégia de ação do movimento independente.

MIFT apresentou as suas equipas no Largo dos Combatentes em Tramagal. Foto: mediotejo.net

“Como é que vamos alterar este quadro das coisas? Desde logo acabando com a inação. Este grupo de cidadãos do MIFT podia continuar calado, sentado, a ver o que acontecia. Mas assim como é que íamos estar aqui hoje e à beira de ganhar as eleições e a obrigar ao compromisso os outros poderes? Aos que nos querem sentados e calados avisamos já: é de pé, ativos, a dizer o que considerarmos importante para a freguesia, que nos vão ver sempre”, assegurou António José Carvalho, num discurso em que se emocionaria por diversas vezes.

“É a trabalhar com o máximo de empenho, saber e competências que reunimos no MIFT que nos vão ver a puxar pela freguesia. Reparem no que aqui fizemos hoje. Obrigado MIFT pelo trabalho, está bonito o Largo dos Combatentes hoje. Obrigado a todos os que nos apoiam. Fizemos isto quase sem dinheiro. Cumprimos, e bem, esta organização. Como movimento independente, pagamos para ir a eleições autárquicas, não temos a facilidade do dinheiro público a subvencionar os partidos e talvez por isso sejamos diferentes. Não prometemos o que não podemos cumprir mas denunciaremos a má vontade que nos coloquem ao cumprimento das nossas promessas”, disse, tendo afirmado acreditar na vitória eleitoral no dia 26 de setembro.

“Nós vamos tomar o destino nas nossas mãos. Para nós, a assembleia de freguesia e a junta são como está na lei. Com autonomia e competências próprias. Nós vamos e queremos muito colaborar com todos, a favor da freguesia. Mas não vamos ser uma repartição da Câmara. Muito menos secção de um partido. O nosso interesse é o bem estar da nossa comunidade, o bem comum, e não vamos gerir a junta de acordo com qualquer outra agenda. Tanto na ação local como com a representação por inerência que esperamos ter na assembleia municipal, como representantes do povo da freguesia, seremos a sua voz, colocaremos sempre o seu interesse acima de qualquer outro e exigiremos justiça.”

António José Carvalho durante a sua intervenção. Foto: mediotejo.net

Tendo afirmado que “o MIFT é a única candidatura que até agora apresentou propostas para a freguesia, António José Carvalho reiterou a ambição de “voltar a pôr o Tramagal no mapa. O que é isso? É isso mesmo. O Tramagal tem de continuar a aparecer no mapa de Portugal como terra de trabalho e qualidade, que fomos e somos. E isso tem que estar no mapa”.

O candidato do MIFT deixou ainda apontamentos sobre o Crucifixo, para onde anunciou uma sessão de esclarecimento junto da população.

“O MIFT nunca falhou ao Crucifixo. Quisemos a recuperação da fonte do Largo da Fonte, o asfaltamento da estrada o quanto antes, pressionámos para que o passeio fosse feito, queremos as ruas limpas e demais serviços a funcionar bem, como em toda a freguesia, quisemos a recuperação da Escola,  uma obra que estava adjudicada e não está em execução por razões mal compreendidas, estivemos sempre presentes, queríamos que a dinamização do património histórico e natural, como os percursos da Ribeira de Alcolobre e outras iniciativas, já estivessem no terreno”. 

“Estamos atentos e cooperantes para que a promessa de toda a gente ter habitação condigna na Freguesia se concretize até 2024”, continuou. “Para nós o Crucifixo é uma aldeia de primeira. Contem com o MIFT para apoiar a cultura e o desenvolvimento social e económico no Crucifixo: nos arranjos dos caminhos para as hortas, na gestão das linhas de água, na promoção do Sítio Arqueológico de importância nacional e na promoção da localidade. À semelhança do que fizemos há quatro anos vamos realizar uma sessão de esclarecimento no Crucifixo”, afirmou, tendo defendido uma área de reabilitação urbana.

“Há muitos anos que tarda a implementação de uma área de reabilitação urbana na nossa freguesia. A nossa Câmara atual não quis que o Tramagal tivesse uma área de reabilitação urbana para que pudesse melhorar mais rapidamente e com mais recursos, principalmente o nosso centro histórico, mas todos os espaços urbanos. Em todos os lugares que usaram esta ferramenta das áreas de requalificação urbana, os sinais de melhoria da qualidade de vida urbana são notórios”.

“Vamos esperar que o município mude a sua posição com a máxima velocidade e vamos fazer para que isso aconteça, nós temos soluções para melhorar o nosso espaço urbano, não vamos deixar que a inação deixe cair mais património e que se perca mais valor na freguesia”, disse, tendo defendido ainda mais espaços verdes para a freguesia.

“Sobre os espaços verdes, os valores negociados entre a Câmara Municipal e a junta de freguesia cessante são manifestamente insuficientes, são 17 mil euros, é um dinheiro que para cada um de nós pode dar a impressão que é muito, mas para a dimensão daquilo que se queira fazer na nossa freguesia em matéria de espaços verdes, é uma ninharia (…) e não chegam para nada. E portanto logo, antes de começarmos a plantar flores, vamos ter que renegociar com a Câmara Municipal esta transferência de competências”.

Foto: Décio Dias

A finalizar uma intervenção que se estendeu por cerca de 30 minutos, o candidato do MIFT abordou ainda os temas relativos ao Orçamento Participativo, à Escola de Tramagal, ao Museu ‘A Forja’, ao Plano de Urbanização (PUT) e ao Rio Tejo, fechando com a promessa de criar “uma estrutura social que garanta de facto que o apoio chega aos desfavorecidos e às pessoas que passam mais dificuldades”. 

“A junta de freguesia não pode acabar com a poluição do Tejo, não podemos por a correr a água no Tejo quando ela falta, mas temos de ter aqui um papel de comunicação, intervenção, de reunir aqui pessoas que venham fazer força para que os problemas se resolvam, os ambientalistas, os técnicos, o próprio governo, o ministério do ambiente, que venham aqui tomar conhecimento do problema que ali está, porque nós temos a sorte de ter o Tejo aqui ao pé mas estamos numa situação especial, apanhamos o Tejo depois do açude, a espuma é aqui que corre, e ainda não aproveitamos da água do Zêzere que só em Constância volta a fazer do Tejo muitas vezes um rio como deve ser. E nós ficamos aqui neste meio-termo em que hoje mesmo não nos sentimos à vontade para dar um mergulho no Tejo. Isto está em desacordo com a legislação europeia em matéria de ambiente. Temos direito em dar um mergulho no Tejo, em pescar à cana no Tejo, a regar com água do Tejo, portanto o Tejo não pode continuar assim muito mais tempo, entregue à sua sorte, e nós a vê-lo passar assim bonito, mas em más condições. Vamos trabalhar para isso”, afirmou.

“O monumento da forja e a forja, não tenho a confirmação, mas acho que foi mesmo aquela a ferramenta utilizada pelo pioneiro da indústria, Eduardo Duarte Ferreira, foi com aquelas ferramentas que ele trabalhou, o fole apodreceu no monumento. O MIFT pediu em dezembro à junta que fizesse tudo o que fosse possível para recolher ao menos todo o espólio que ali está guardado. Continua lá. Isto não pode acontecer. É património. O MIFT não promete coisas que não saiba que tem dinheiro para fazer. A Câmara Municipal e a nossa junta já se comprometeram na requalificação daquele monumento, com financiamento, nós vamos cuidar é que isso seja feito rapidamente e de acordo com a vontade dos tramagalenses e não de outros que vêm de fora, às vezes impor projetos que não gostamos e não queremos, e que não correspondem à nossa vontade, disse, relativamente ao património e legado industrial e metalúrgico da Vila.

“Portanto vamos querer zelar pelo património, temos aqui um espólio enorme, e queremos que o Tramagal seja conhecido por uma terra de trabalho, de força, que sempre foi. E por isso vamos querer valorizar muito a comemoração do 1º de maio em Tramagal, como festa dos trabalhadores, de Tramagal, como festa de todos. O próximo 1º de maio vai ser uma festa grande”, disse, antes de avançar para a questão do plano de urbanização.

MIFT apresentou candidatos e algumas ideias do programa de candidatura a Tramagal. Foto: mediotejo.net

“O plano de urbanização já está em vigor desde 2014, conclui o prazo de validade em 2024. Este plano tem previsto construir uma variante aqui pelo sul da vila, tem previsto fazer aqui por baixo neste terreno um espaço de recreio e lazer. Nós vamos querer que o plano se execute. O plano está em vigor, é um plano municipal, que tem verbas previstas para executar, em 10 anos, e que tem de se executar. Estamos a dois anos ou três de acabar e não vemos nada no terreno. Vamos querer que o plano de urbanização não seja só a dificuldade de quando queremos fazer um anexo se tem os metros quadrados que deve ter ou que lá está escrito, vamos querer que concretize também o plano de investimentos previsto pelo município”, afirmou António Carvalho, falando de seguida da escola e dos investimentos anunciados para a reabilitação da mesma.

“A escola Octávio Duarte Ferreira. Estranhámos que na sexta-feira passada (dia da apresentação da candidatura do PS), aqui, não se tivesse falado desse investimento. Estranhámos e com preocupação. Esperemos que seja em vão e que tudo esteja a correr bem, mas este investimento é um investimento fundamental para a nossa freguesia. Está também previsto – não é o MIFT que está a prometer, está em concurso público, o nosso presidente da junta já afirmou várias vezes que vamos ter um investimento de 1 milhão de euros na nossa escola, portanto isso não pode falhar – não pode falhar nem se pode adiar muito mais tempo, tem de ser já este ano”, disse, apontando de seguida o setor social.

“O apoio social e a dinamização de uma estrutura social que garanta de facto que o apoio aos desfavorecidos e às pessoas que passam mais dificuldades. Nós temos uma intenção de que deveria haver uma comissão social na freguesia para cuidar das situações sociais, nunca se conseguiu implementar em verdadeiro funcionamento esta comissão social. Nós vamos comprometer-nos em ter uma estrutura de apoio social efetivo que facilite o contacto de quem está em dificuldade com alguma estrutura que permita um encaminhamento. Vamos ter essa estrutura na nossa junta de freguesia, vamos ser essa estrutura”, assegurou, avançando de seguida para o Orçamento Participativo de Abrantes.

António José Damas de Carvalho, Atílio Alves Picão, Susana Isabel Dias Estriga, Susana Isabel Mendes Peixinho são os quatro primeiros nomes do MIFT candidatos à gestão da freguesia de Tramagal. Foto: mediotejo.net

“A requalificação do Largo dos Combatentes da Grande Guerra, onde estamos, que tem uma história que – sou franco – custa-me a contar. Em 2018 um grupo de cidadãos da freguesia viu nos orçamentos participativos municipais uma oportunidade de melhorias na freguesia. Um orçamento participativo é uma coisa boa, que incentiva as pessoas a participarem e escolherem o que querem fazer com o dinheiro que a Câmara dá. Ora esse grupo de cidadãos apresentou duas propostas, a aquisição de duas carrinhas ao serviço da freguesia e instalação de um polidesportivo no centro escolar que também incluía fazer uma ligação entre o portão e o próprio edifício. Estas duas propostas não vingaram, por poucos votos, com o apoio de todos teríamos nessa altura conseguido mais duas carrinhas. E conseguimos – ganhámos – uma outra proposta para requalificar este Largo. A proposta para desmontar aquela fonte que não funciona há 8 anos, pelo menos, garantidamente, e que portanto está obsoleta, não funciona, trocar estes bancos que sempre achámos incómodos, fazer este jardim – que chamamos jardim mas não tem flores – instalar wifi gratuito, um parque infantil ao centro, e uma parte da proposta mais polémica, que era voltar a por o fontanário, o marco, aqui no local. Ganhámos a proposta, é para fazer, é assim que ditam as regras do orçamento participativo, propostas que ganham, o município não tem de achar se é bom se é mau, foi o povo que escolheu, tem que fazer. Ora, desde que ganhámos a proposta insistimos com a Câmara Municipal inúmeras vezes para que o projeto arrancasse. Tivemos reuniões, disponibilizámos a toda a hora para que isto avançasse, mas nunca avançou”, explanou.

“Nem fizemos questão que o marco viesse para o Largo dos Combatentes de novo, era já uma coisa que consideraríamos talvez menos importante, face à importância que seria termos esta praça como verdadeira sala de visitas de que nos orgulhássemos, e iluminação pública também. Ora 2018 foi a votação, votamos muitos, quase 100 pessoas, neste projeto – é muito difícil votar mesmo em termos práticos – em 2021, eu próprio tive uma reunião na Câmara, foi-me apresentado um projeto, discutimos o projeto, “sim senhora, vamos lá para a frente”, quando é que se faz, o sr vice presidente disse-me que tinham toda a vontade de fazer antes do verão. Ora o verão oficialmente acabou aqui há dias. Não tivemos a praça mais um verão ao dispor aqui da comunidade”, lamentou António José Carvalho, ele próprio autor desta proposta vencedora do Orçamento Participativo.

“Ora isto, deixo à apreciação, porque é que acontece isto na nossa terra. Honestamente acho que não o fizeram porque foi o MIFT a apresentar a proposta. Não faz sentido esta política de por questões eleitorais e de influência de partidos não se tomarem opções para o bem de toda a gente. Para o MIFT não pode continuar a acontecer. De maneira que, no próximo verão, o Largo dos Combatentes tem de estar requalificado. Tem de ser assim. Muito fica por dizer, o tempo é curto. Continuem a acompanhar-nos nesta campanha eleitoral que tudo faremos por esclarecer. Vamos com confiança na mudança”, concluiu, num agradecimento final ao membros que integram a lista e que apoiam o movimento.

Os primeiros nove candidatos do MIFT são (da esqª para a drtª) Rui Antunes, Mariana Inácio, José Garcia, Susana Peixinho, António José Carvalho, Susana Estriga, Atílio Picão, Sandra Silva e Paulo Velho. Foto: mediotejo.net

“Quero agradecer a todos os tramagalenses que aderiram a esta causa, projeto e vontade, de forma desinteressada, pondo a sua disponibilidade ao serviço de todos, o seu empenho e que estão aqui hoje prontos para ajudar a freguesia nos próximos quatro anos. Nós só ajudar a nossa freguesia a ser feliz. Viva o MIFT! Viva o Tramagal! Vamos!”, concluiu.

António José Carvalho, candidato do MIFT no seu discurso. Foto: Décio Dias

ÁUDIO | DECLARAÇÕES DE ANTÓNIO JOSÉ CARVALHO AO MEDIOTEJO.NET:

Como viu a envolvência no coração da vila e também o apoio que recebeu de cerca de uma centena de tramagalenses?

Foi muito agradável, muito importante para nós, de participação de envolvimento da comunidade e de política, de campanha eleitoral, de discussão e apresentação do nosso projeto e das nossas ideias, de maneira a que eu sinceramente emocionei-me, nasci neste Largo e tenho um carinho enorme por tudo isto. A equipa fez aqui coisas, desde a decoração até ao hino, as faixas, as bandeiras que pintámos à mão, tudo isto tem uma força muito grande para nós, é muito sentido e é feito com o máximo de boa vontade para que as pessoas percebam que há aqui uma alternativa e uma vontade de mudar no Tramagal.

Foi dia de apresentar à população algumas ideias, quais destaca?

Temos vindo a apresentar, principalmente através das redes sociais, as nossas propostas, vamos continuar a fazê-lo. O fundamental da nossa ação vai ser um entendimento diferente do funcionamento da junta de freguesia. As nossas ideias dos fregueses de Tramagal e Crucifixo têm de ser o inspirador da ação autárquica neste território. Não é aparecerem projetos que às vezes não têm aqui tanto cabimento, não é haver influência da Câmara Municipal e até do Estado e outras entidades sobre a vida da freguesia, nós queremos que aqui as coisas sejam como os tramagalenses querem. E isso obriga a uma maneira totalmente diferente do que foram as governações até agora, muito dependentes das vontades da Câmara sempre do mesmo partido, e em que a freguesia do Tramagal tem sido bastante prejudicada, a nosso ver.

E isto é um ponto muito importante para nós, mudarmos a maneira de pensar a junta, para assumirmos as nossas responsabilidades, exigimos os financiamentos necessários para as executar, e exigir que os outros que também têm competências no nosso território que as façam como deve ser, aquilo que está nas suas competências, porque o que tem havido é um vazio de ação da maior parte das entidades públicas.

Elencou muita coisa para fazer no Tramagal, quer destacar algumas prioridades caso seja eleito?

A primeira prioridade é a implementação de uma estrutura de ação social forte, que é uma coisa que a junta pode fazer. A freguesia tem problemas sociais graves, à mercê também do envelhecimento, fracas reformas, baixos salários, enfim, o Tramagal tem problemas e esses problemas têm de ser encarados muito seriamente e em tempo. Depois nós não anunciamos grandes obras, aliás grande parte do que temos vindo a publicitar são coisas que já estão comprometidas em que a Câmara municipal já garantiu os apoios financeiros para a realização, seja da recuperação da escola primária do Crucifixo, dos percursos da ribeira do Alcolobre, para o desenvolvimento do Museu da Forja e do próprio Museu (MDF), para a requalificação do Largo dos Combatentes, para a escola (que está em concurso e tem um milhão de euros para gastar)… não somos nós propriamente que estamos aqui a prometer isso, estamos desejosos que isso se concretize, e estaremos atentos de uma maneira exigente perante quem tem responsabilidade de executar esses projetos.

Depois há algumas outras coisas que também até revestem algum simbolismo e que representam uma mudança de estratégia por exemplo aqui na vila do Tramagal. Apresentámos uma possibilidade de implementação de um instrumento de gestão territorial, um plano de pormenor para recuperar todo um quarteirão que há aqui na zona central da nossa vila que está ao abandono há 30 anos, que é até um perigo, que tem a casa de (Eduardo) Duarte Ferreira, cuja obra empresarial é de uma dimensão e importância incomparável no concelho e até no distrito. E isto pode-se contrariar e não é necessário a Câmara comprar aquela casa – isto seria preciso explicar mais detalhadamente – desde que intervenha através de um plano de pormenor, cria a possibilidade de os próprios particulares virem rentabilidade na sua ação, e se não virem rentabilidade e não quiserem tornar-se ativos na recuperação do seu próprio património, a própria Câmara tem os seus próprios meios legais para o fazer e se substituir aos proprietários. De maneira que é algo que pode não custar dinheiro à Câmara.

A Área de Reabilitação Urbana é uma ideia mais geral, do que há em Abrantes e foi criado também para o Rossio e Alferrarede. A área de reabilitação urbana é a criação de um enquadramento de financiamentos e possibilidades de financiamento e intervenção. Por exemplo, um espaço verde que necessite de fundos comunitários para ser requalificado, tem privilégio por estar dentro de uma área de reabilitação urbana, os proprietários se fizerem obras têm benefícios fiscais. Portanto, o estar dentro de uma ARU é um instrumento para um território não assim tão pequeno como eu estava a falar da antiga escola, tem um âmbito mais geral, que serve a população, o comércio, a restauração, as esplanadas, veja-se em Abrantes como apareceram as esplanadas e calçadas novas. Já reclamámos isso há 4 anos, já estava em falta, reclamámos na Assembleia Municipal, e o município decidiu não avançar que é uma coisa que não obriga a um compromisso financeiro por parte da Câmara, permite é de facto dinâmicas mais positivas sobre áreas que se vão deprimindo no território.

Porque é que concorre como independente e não por um partido?

A intervenção cívica, no meu entendimento, não se deve restringir aos partidos políticos. Respeito muito os partidos políticos e o sistema partidário e a democracia como está instituída em Portugal, que tem funcionado relativamente bem e tem as suas virtudes. Há, depois, nas situações especialmente nas situações autárquicas, uma ineficácia dos partidos perante a resolução dos problemas. A partidarização das soluções, muitas vezes até em termos técnicos, dificulta a implementação das melhores soluções. Penso que os movimentos independentes a nível autárquico têm um potencial muito grande para congregar ideias diferentes e que de alguma maneira queiram fugir ao controlo eleitoral que os partidos fazem sobre as autarquias. Nós entendemos já há 4 anos que para congregar um máximo de boas vontades vindas de todo o tipo de pessoas, nós temos 4 cores no nosso símbolo porque é isso, a diversidade, somos do Tramagal, do Crucifixo, somos novos, somos velhos, de todos os credos e quadrantes políticos, mas vimos na ideia de criar num movimento independente a união dessas vontades todas a favor da nossa causa que é o desenvolvimento do Tramagal.

Quais as expectativas para o resultado eleitoral, tendo em conta que há 4 anos ficou a cerca de 60 votos da vitória?

A dinâmica que aqui esteve hoje inspira-nos a continuarmos e a explicar ao máximo o nosso projeto e a levar a que as pessoas votem em nós no dia 26 de setembro. A expectativa é boa, sentimos que vamos conseguir, agora os eleitores é que ditarão no dia 26 o resultado. Agora ligando tudo isto com a ideia do Tramagal no mapa de Portugal, há uma coisa que estamos a fazer que talvez tenha alguma originalidade. Nós somos genuinamente independentes, estamos a fazer as coisas com custos extremamente baixos e a dar grandes exemplos que devem ser raros. Nós por exemplo reciclámos a propaganda eleitoral de há 4 anos, continuamos a usar, e ainda hoje usámos, cartazes que tinham sido feitos há 4 anos, à mão por nós. Porque a mensagem não difere muito, por um futuro melhor. E isto é um exemplo de como nós podemos, de uma forma comunicativa e criativa, chegar às pessoas. Nós estamos a usar muito as redes sociais, um pequeno movimento independente como o nosso, numa freguesia importante para nós mas que não é Lisboa ou Porto, nós estamos a fazer o mesmo… temos jovens a colocar diretos no Instagram e Facebook, ao mesmo tempo temos os músicos que estão connosco na candidatura a fazer o hino, ao mesmo tempo que outros estão a fazer o spot publicitário que fizemos no Largo aqui há dias para a campanha, outros estão a pintar uma faixa, e é esse Tramagal que queremos, e damos esse exemplo bom de que aqui no Tramagal continuam a fazer-se coisas muito curiosas e top.

EQUIPA CANDIDATA DO MIFT À FREGUESIA DE TRAMAGAL:

António José Damas de Carvalho, Atílio Alves Picão, Susana Isabel Dias Estriga, Susana Isabel Mendes Peixinho, Rui Luís Matos Antunes, Sandra Cristina Antunes da Silva, Paulo Jorge Maximiano Lopes Velho, José Eduardo Coelho Garcia, Mariana Inácio Torres surgem como os primeiros nove elementos candidatos à Junta de Freguesia de Tramagal.

A lista integra ainda os nomes de Catarina da Rosa Costa, Maria Lourenço dos Reis Horta Ferreira, Maria Teresa das Neves Valente Martins, Norberto Simples Andrade, Ana de Moura Lopes Velho, Hugo Filipe Elias Nobre, Ilídio José Palmeiro Martins, Abílio Mendes Pombinho, André Manuel Pires Neves, Miguel André Grácio, Manuel José de Jesus Lopes, Rita Cunha Romano, João Miguel Lobato Antunes, Paula Maria Miguens Marques São Pedro, João Miguel Alarico Peixoto, Gonçalo Tempera Filipe, Ana Cláudia Esteves Antunes, David Nunes, Sofia Marina Alves Delgado, João Manuel Cordeiro Mendes, Joana Rita Ruivo Matias, Fernando Vicente Barralé, Agna Maria Rodrigues Gonçalves Pereira, Fátima Alexandra Martins de Moura, Décio Alexandre Pires Dias, Sandra Isabel Carrapeto Guarda Braz, Diogo Filipe Ferreira Dias, Gil Manuel Lopes Manito, José Filipe dos Santos Maximiano, Maria da Conceição Lopes Ribeiro, Sérgio Aparício dos Santos, Ana Rita Mendes Aparício, Diogo Filipe Marques Amaro, Sónia Cristina Gomes Chaves, José Manuel Calado Rafael, Dora Maria Santos Mata e Tomás, e Ricardo Manuel Gonçalves Nunes Inácio.

As eleições autárquicas estão agendadas para dia 26 de setembro.

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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