Dirigindo-se a António Costa, o presidente da autarquia, Sérgio Oliveira (PS), fez questão de aproveitar o momento para voltar a tocar num problema que se arrasta há muitos anos, com um estrangulamento ao desenvolvimento harmonioso do concelho originado por uma travessia antiga, com limitações à circulação, que é feita de forma alternada e regulada por semáforos, e que não permite a passagem de viaturas pesadas.
“Permita-me que peça a sua ajuda para um problema que nos assola e que está diretamente relacionado com o desenvolvimento económico e com a coesão territorial (…) mais concretamente a travessia sobre o rio Tejo, uma estrutura adaptada da ferrovia para a rodovia em 1986 como sendo uma solução provisória e que, passados estes anos todos, não só continua como solução provisória como tem a agravante de, desde 2011, estar interdita ao trânsito pesado”, referiu o autarca, tendo feito notar que a resolução daquele “estrangulamento” iria gerar emprego e ajudar a fixar população.
ÁUDIO | SÉRGIO OLIVEIRA, PRESIDENTE CM CONSTÂNCIA:
Atualmente, em termos de trânsito rodoviário, na ponte da Praia do Ribatejo, que liga Constância Sul a Vila Nova da Barquinha, situada mesmo ao lado da fábrica da Caima, apenas circulam, de forma alternada e regulada por semáforos, veículos com um máximo de 3,5 toneladas de peso, havendo registos de uma média diária de 3.400 viaturas.
Sérgio Oliveira tem afirmado de forma recorrente que a solução para o problema da fixação de população reside no nível do desenvolvimento da economia, tendo apontado sempre a um “estrangulamento” que subsiste no concelho e na “necessidade de uma nova ponte sobre o Tejo” naquela zona.

“A ponte sobre o Tejo é fundamental para o desenvolvimento da freguesia, do concelho e da região e, sem ela, o município de Constância continua cortado ao meio, sem desenvolvimento integrado, e a ver definhar uma das suas principais freguesias, que é Santa Margarida da Coutada, e vamos continuar a insistir junto das instâncias de direito pela construção de uma nova travessia”, afirmou recentemente Sérgio Oliveira.
Com o “estrangulamento” em termo de acessibilidades, o concelho de Constância, com cerca de quatro mil habitantes, fica “partido ao meio”, com a freguesia de Santa Margarida da Coutada isolada do resto do concelho no lado sul do Tejo, e com as freguesias de Constância e de Montalvo a norte do rio.
Hoje, o primeiro-ministro ouviu o pedido de ajuda do autarca de Constância mas não se pronunciou, pelo menos no seu discurso, sobre o repto. No final da sessão na fábrica da Caima, de apresentação do projeto ‘Caima Go Green’, António Costa não esteve disponível para falar com os jornalistas pelo que não foi possível obter uma reação ao apelo do autarca.
Por outro lado, o CEO do Grupo Altri, José Pina, questionado sobre a questão das acessibilidades e a falta de uma travessia em Constância que permita a circulação de pesados, reconheceu que este é um problema que “condiciona a capacidade operacional” da empresa, tendo feito notar que a resolução deste problema “seria uma oportunidade para em Constância se criarem as infraestruturas de futuro”.
Já sobre propostas ou intervenções do grupo empresarial junto do governo para resolver o problema da travessia, José Pina disse que este é um processo que está com a Câmara e com o governo central, manifestando total disponibilidade para ajudar a ser parte da solução de um problema que se arrasta há muitos anos e que afeta a Caima, o concelho de Constância, e também a região envolvente.

ÁUDIO | JOSÉ PINA, CEO GRUPO ALTRI:
Esta travessia sobre o Tejo, denominada de ‘Ponte da Praia’, serve os concelhos de Vila Nova da Barquinha e Constância, ligando as estradas nacionais EN3 e EN118 e a Praia do Ribatejo (Vila Nova da Barquinha) à freguesia de Santa Margarida da Coutada (Constância).
Inaugurada em 1889 apenas como travessia ferroviária, a ponte viu, em 1986, a estrutura antiga (entretanto substituída por outra nova, assente sobre os mesmos pilares) adaptada a ponte rodoviária e cedida às câmaras de Vila Nova da Barquinha e Constância.
A circulação rodoviária naquela ponte só é permitida a veículos ligeiros até 3.500 quilos e que não ultrapassem os 2,10 metros de altura e os 2,40 metros de largura, excetuando as viaturas de emergência e transportes escolares.
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É uma vergonha com várias Pontes no Ribatejo. A Ponte de Muge para o Cartaxo, a Ponte da Chamusca para a Golegã e outras, em que amaram a economia destas regiões, uma vez que são Pontes que estão absoletas e degradadas. A Ponte de Muge só cabe uma fila, a da Chamusca tem dias em que 2 camiões ficam presos e ninguém circula de um lado para o outro.