Protesto contra a poluição na onda de mau cheiro de 2017. A encerrar o protesto, populares juntaram-se frente à Câmara Municipal em silêncio e ligaram a luz dos telemóveis. Este ano 2020 o problema persiste. Foto: mediotejo.net

O movimento ambientalista SOS Alcanena cancelou a manifestação contra os maus cheiros e a poluição agendada para esta sexta-feira, 24 de julho, pelas 20h00, antes da sessão de Assembleia Municipal de Alcanena, no cineteatro São Pedro. A questão é de natureza burocrática, uma vez que o grupo não chegou a pedir a devida autorização para realizar o protesto em nome próprio. Apelam, ainda assim, à participação num protesto cidadão, ou seja, cada pessoa está presente em nome individual, na mesma hora e local. O grupo de populares ligado ao movimento SOS Alcanena confirmou a sua presença.

“Cumpre-nos dizer, com toda a humildade, que a culpa desta situação é exclusivamente nossa. Não há qualquer interferência de outras entidades, fomos nós os responsáveis porque deixámos passar os prazos legais para convocar a manifestação”, esclarece o SOS Alcanena numa nota de imprensa publicada na respetiva página de facebook.

“Não podemos, enquanto movimento, realizar uma manifestação sem cumprir os requisitos obrigatórios sob pena de, em caso de algo correr mal, sermos nós os responsabilizados criminalmente”, esclarece.

“Este é um assunto de interesse público, por isso se alguém quiser aparecer está no seu direito mas responde por si. Nós, elementos do SOS Alcanena, estaremos presentes enquanto cidadãos. Lamentamos esta situação, pedimos desculpa a todos mas esperemos que isto não afecte a luta que temos de travar, todos juntos”, conclui.

O movimento SOS Alcanena havia convocado uma manifestação para esta sexta-feira para a população mostrar a sua indignação pela persistência de episódios de poluição atmosférica no concelho e o desagrado por, apesar de “todos os discursos, tudo continuar na mesma”.

Ricardo Rodrigues, do SOS Alcanena, disse à Lusa que “as mudanças anunciadas” ao longo de décadas e as obras realizadas, com milhões de euros de investimento com fundos comunitários, não resolveram os problemas ambientais do concelho, pois no verão os cheiros “nauseabundos” intensificam-se, tornando “insuportável” a vida da população do concelho.

Segundo o movimento, os maus cheiros resultam da libertação de H2S (Sulfeto de Hidrogénio) no ar de Alcanena, “um gás particularmente prejudicial para a saúde” que leva “a população a uma morte lenta”.

A presidente da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira (PS), confirmou à Lusa a ocorrência de “outra crise”, entretanto resolvida durante o fim de semana, lamentando que continuem a existir industriais que não cumprem com as regras, pondo em causa todo o sistema.

C/LUSA

Cláudia Gameiro

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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