Um coletor obstruído na rede de saneamento em Alferrarede, no concelho de Abrantes, obrigou a uma intervenção de emergência das entidades municipais, nomeadamente da Abrantáqua, para corrigir um problema ambiental criado com a escorrência de águas residuais para o leito da Ribeira de Alferrarede, na zona de Alferrarede Velha.
A situação foi detetada e resolvida entre os dias 17 e 18 de julho. Foi um cidadão ali residente que denunciou o caso com proatividade às entidades competentes, alertando por email sobre o mau cheiro e os resíduos presentes no leito da ribeira.
Na denúncia do cidadão, a que mediotejo.net teve acesso, referem-se “descargas poluentes de esgoto na Ribeira que passa em Alferrarede Velha, na Avenida Conde de Alferrarede, junto da ponte”.
“Mataram a ribeira”, lamentou nesse texto, referindo que “o cheiro naquela zona é horrível, os peixes da ribeira bem como os lagostins estão todos mortos”. O cidadão pedia “encarecidamente” aos responsáveis municipais que se deslocassem ao local para resolverem o problema ambiental de forma urgente.
O nosso jornal contactou o presidente de Junta da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, Bruno Tomás, para confirmar o sucedido, e o autarca remeteu para melhor esclarecimento junto do responsável pelos SMA (Serviços Municipalizados de Abrantes), Ricardo Aparício.
Os SMA tiveram conhecimento da anomalia ao final da manhã do dia 18 de julho, através do e-mail do cidadão, mas a Abrantáqua detetou o problema no dia anterior, cerca das 9h00, durante a operação de manutenção de rotina da estação elevatória. A Abrantáqua é a empresa concessionária responsável pela gestão do sistema de recolha e tratamento das águas residuais do Município de Abrantes.
Segundo Ricardo Aparício, dos SMA, foram efetuadas intervenções para desobstrução do coletor, tendo sido realizadas limpezas. “Pelas 10h00 do dia 17 o coletor já estava a funcionar perfeitamente e a correr para a estação elevatória, seguindo o curso normal”, garantiu ao mediotejo.net.
Quando a notificação por email chegou às entidades “a situação já estava normalizada”, e tinha sido limpo “o que era possível”.
Além da limpeza realizada através de aspiração, foram ainda despejados dois camiões cisterna com água para limpar o máximo possível o leito da ribeira, que se encontra seco nesta altura do ano.
Também foram efetuadas colheitas da água da ribeira junto ao Rio Tejo, para perceber o impacto que a poluição nesta afluente terá tido, e aguarda-se o resultado das análises.
Quanto aos eventuais peixes e lagostins mortos, tanto a Abrantáqua como os SMA negam ter observado durante a deslocação ao local qualquer tipo de mortandade. Pelo contrário, referem ter observado “lagostins vivos”, mas não colocando de parte a possibilidade de “o leito seco da ribeira ter provocado a morte a alguns elementos que possam ter vindo ao de cima junto com o efluente”.
Questionado sobre o possível impacto e consequências deste despejo de águas residuais para a ribeira, Ricardo Aparício esclareceu que as análises foram feitas “para tentar perceber até que ponto chegou o despejo”, frisando que “são situações anómalas, de que ninguém gosta, mas avarias acontecem e houve obstrução do coletor, eventualmente por alguma má utilização do esgoto”.
“Pelo tempo que durou e pela quantidade que foi, acredito que não haja nada de alarmante. A situação foi normalizada, vamos em frente e esperemos que não aconteça mais nada”, concluiu.