O açude insuflável de Abrantes, intervencionado desde o dia 5 de julho com a operação de colocação de uma ensecadeira no sentido de reparar dois rombos na borracha do açude, atualmente desinsuflado, começa a ser reparado esta segunda-feira, 30 de julho. Os “atípicos” caudais do Tejo para esta época do ano atrasaram as obras, justifica o executivo. O investimento ultrapassa os 350 mil euros e o rombo é atribuído a atos de vandalismo.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Abrantes, João Gomes, deu conta aos jornalistas, na terça-feira, 24 de julho, em reunião de Executivo, de “contratempos” nas obras do açude insuflável de Abrantes devido a “dificuldades na gestão dos caudais” de água, considerados “elevados” no rio Tejo e “muito acima do normal” para esta época do ano.
A EDP tem colaborado, diminuindo o caudal do rio mas, explica o autarca, tendo referido que, segundo a elétrica, “nos últimos 10 anos”, 2018 é aquele em que as barragens possuem “o maior nível de água”. Por isso, sublinhou, as obras no açude ainda não entraram na segunda fase como estava previsto acontecer no dia 23, dando conta da segunda fase de reparação do açude iniciar-se apenas na segunda-feira, dia 30 de julho.
A intervenção nos vãos, realizada por uma empresa alemã, ronda os “170 mil euros para a execução dos trabalhos” sendo uma obra que está “quantificada e balizada em tempo e em valor”, disse o vereador João Gomes que situou o valor do projeto nos 43 mil euros.

Neste momento “falta criar uma barreira que está prevista e que o açude tinha, que implica a criação de perfis metálicos com madeiras e isolamento da madeira para as pessoas poderem trabalhar completamente em seco dentro da zona do vão e poder repará-lo”, acrescenta, manifestando “preocupação” na questão dos caudais. “A obra foi iniciada agora temos de a concluir, mesmo com atrasos na obra”.
A par desta intervenção estará “a alteração da escada passa-peixe, nomeadamente para fazer face aos caudais diminutos que o rio Tejo apresenta e facilitar a passagem dos peixes” explicou, com a introdução de “um sistema de monitorização da passagem dos peixes, condição fundamental para o licenciamento daquela infraestrutura”.
João Caseiro Gomes explicou ao mediotejeo.net que “nesta fase, vai ser intervencionada a acessibilidade à escada passa-peixe”, ou seja, “melhorar o maciço rochoso, que será devidamente preparado para facilitar a entrada dos peixes na escada passa-peixe. É uma questão de máquina e o valor está incluído na ensecadeira”.
A empreitada iniciou a 5 de julho com uma intervenção preparatória – a construção de um aterro, a partir da margem direita do rio Tejo, para colocação de uma ensecadeira, a montante dos vãos – para uma 2ª intervenção que constará de trabalhos de inspeção e reparação das comportas insufláveis dos vãos 3 e 4 do açude, tendo em vista a resolução de fugas de ar na comporta do vão 3 e a reparação do rombo ocorrido na comporta do vão 4.
O aterro de acesso aos vãos 3 e 4 e colocação de ensecadeira nos mesmos é uma obra por ajuste direto, adjudicada à empresa Construmação – Construções e Terraplanagens, Unipessoal, Lda, pelo valor de 146.600,00 euros, com um prazo de execução de 90 dias.
As ensecadeiras são dispositivos utilizados para a contenção temporária da ação das águas em superfícies escavadas, normalmente onde se pretende executar obras sem a interferência da água.

Os danos no açude foram atribuídos pelo Executivo a “atos de vandalismo” com a presidente Maria do Céu Albuquerque a lamentar recentemente ter sido o executivo municipal “surpreendido ao longo do processo por questões que ultrapassavam” o conhecido.
Por seu lado, João Gomes lembra que “os atos de vandalismo decorreram de uma situação anómala, aquando do açude desinsuflado sem água no Tejo por causa da intervenção na ponte” que liga Abrantes ao Rossio ao Sul do Tejo. Questionado pelo mediotejo.net se haveria algum processo judicial a decorrer o vice-presidente negou, explicando a inexistência na época de vídeo vigilância. “Ninguém foi identificado, não podemos estar a imputar uma situação contra desconhecidos”.
Em 2005 foi noticiada a construção do açude, com um custo global de dez milhões de euros, numa obra por dois anos, com o objetivo de criar um extenso espelho de água no Tejo, constituindo a base do Aquapolis, o parque urbano ribeirinho que se estende pelas duas margens do rio.
O açude foi inaugurado a 16 de junho de 2007 pelo então primeiro ministro José Sócrates.