A primeira edição das Jornadas Sociais e da Saúde de Abrantes já começou e vai acontecer ao longo do dia de hoje. A iniciativa a acontecer no Edifício Pirâmide, vai contar com quatro painéis temáticos e debates que incidirão sobre o envelhecimento ativo, prevenção de doenças e promoção da segurança das pessoas idosas, acolhimento e integração de refugiados e palestra artística de sensibilização sobre a violência doméstica.
Na sessão de abertura, que aconteceu pelas 10h00, marcaram presença a secretária de Estado da Igualdade e das Migrações, Isabel Rodrigues e o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos. O início da sessão foi dado com um momento musical, a cargo da Universidade da Terceira Idade de Abrantes.
O presidente da autarquia abrantina usou da palavra, saudando os presentes e dirigindo um especial agradecimento às instituições e associações que integram a rede social do município.
“Senhoras e senhores representantes das instituições sociais, rede social, associações e entidades do nosso concelho, quero agradecer imenso o trabalho muito especial que fazem, muito cuidado e muito dedicado ao longo dos anos na nossa comunidade e quero deixar este agradecimento aqui público da nossa rede social que trabalha todos os dias em prol da nossa comunidade”, vincou.
Esta edição das Jornadas foi particularmente marcada por um contexto “particularmente desafiante”, que se faz sentir por toda a Europa e também no município que preside, explicou Manuel Jorge Valamatos.
“Estas jornadas sociais e da saúde ficaram igualmente marcadas por um contexto mundial particularmente desafiante, fruto de uma guerra na Europa e de todas as consequências associadas, que nos têm levado para uma crise económica social e humanitária”.
Conscientes desses impactos históricos, que se refletem sobretudo nos mais vulneráveis, o autarca disse que “o município de Abrantes, enquanto organização impulsionadora do desenvolvimento local, reforça, através desta iniciativa, o seu compromisso e a responsabilidade de promover a melhoria da qualidade de vida da sua comunidade, defendendo os direitos humanos e o espírito de união que faz parte do ADN abrantino”.
Além da promoção de estratégias para uma vida ativa, a iniciativa permite dinamizar “a reflexão dos agentes locais, de temáticas do envelhecimento ativo e saudável, a prevenção de doenças, a promoção da segurança das pessoas idosas, a prevenção da violência doméstica, assim como uma importante reflexão sobre o processo de acolhimento e integração de pessoas refugiadas que temos vindo a realizar no nosso concelho através do Gabinete de Apoio ao Povo Ucraniano”, acrescentou Valamatos.
O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, que se assinala a 25 de novembro, vai ser também realçado ao longo do dia de hoje, no Edifício Pirâmide, onde decorrerá um painel dedicado a esta temática.
Segundo Manuel Jorge Valamatos, esta é “uma luta que o Município de Abrantes tem levado muito a sério com a aplicação de medidas e instrumentos inovadores, como foi o caso, por exemplo, do botão de ajuda para vítimas de violência doméstica, disponibilizado na nossa aplicação ‘Abrantes 360’ e que obteve grande destaque nacional, sendo apontado como um exemplo a replicar”, assinalou.
Destacando a necessidade de acompanhamento dos “nossos idosos”, o autarca abrantino reforçou a responsabilidade de “proteger aqueles que na sua longa jornada de vida muito contribuíram para o nosso presente”, acrescentando que “esta dívida de gratidão para com os nossos idosos é uma responsabilidade de todos e temo todos de a assumir, criando todas as condições para que possam envelhecer com qualidade de vida, acompanhando-os e garantindo a sua segurança, os necessários cuidados de saúde e, sobretudo, dar-lhes a atenção e o carinho que merecem”.
“Estou convicto que ao longo deste dia este debate nos permitirá encontrar respostas mais adequadas para estas temáticas, podendo ser aplicadas pelo Município e por toda a rede social, mas também por cada um de nós na nossa vida pessoal. Não tenhamos dúvidas, este é o tempo de debatermos com grande dedicação todas as formas de exclusão social. É o tempo de abrirmos novos caminhos para que todos possam ter acesso aos serviços e apoios que carecem e às oportunidades que procuram. Este é o tempo de reforçarmos as práticas de vivência em comunidade que sempre nos uniram e que nos caracterizam, estimulando a proteção e a integração social de todos”, concluiu Valamatos.
Isabel Almeida Rodrigues, secretária de Estado da Igualdade e das Migrações, afinou pelo mesmo diapasão e relembrou as dificuldades que têm assolado a última década. “A última década não foi muito fácil para o mundo, começámos com uma crise das dívidas soberanas, quando finalmente achávamos que íamos respirar fomos surpreendidos pela Covid, algo que nenhum país do mundo tinha esperado”, afirmou.
“Quando retomávamos a normalidade das nossas vidas, fomos surpreendidos por algo que acharíamos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial (…), impossível acontecer aquilo que aconteceu este ano com a invasão da Ucrânia pela Rússia e enfrentamos hoje, uma crise económica e social de dimensões muito grandes”, acrescentou a secretária de Estado.
Isabel Rodrigues realçou a importância de “chamar a uma reflexão profunda sobre a forma como nós olhamos para o outro e como vemos o outro que é uma pessoa titular de direitos exatamente te como nós. No entanto, não quero que estas referências à situação dramática que o mundo vive hoje e em que se constrói uma nova ordem mundial que nos deixa apreensivos e preocupados (…) não pode tolher a visão que devemos ter sobre Abrantes”.
“É meu dever sinalizar o trabalho extraordinário que esta autarquia tem feito. Em 6 edições do prémio ‘Viver em Igualdade’, Abrantes recebeu uma menção honrosa e 5 prémios. A atribuição deste prémio obedece a um conjunto de critérios rigorosos, que se verificam consecutivamente aqui em Abrantes, pelo que estão todas e todos de parabéns”, destacou.
De acordo com a secretária de Estado da Igualdade e das Migrações, em Abrantes “encontramos um trabalho de qualidade, baseado num diagnóstico local e de género, temos um Plano Municipal para a Igualdade, desde 2011 (…) e sabemos que se encontra a atualizar este diagnóstico local, com vista a elaborar um novo plano (…). Abrantes, como o senhor presidente da Câmara já referiu, integra a temática ‘Violência e discriminação contra pessoas LGBT+ em ações de prevenção e sensibilização.”
A secretária de Estado vincou o compromisso que Abrantes tem com o combate à violência doméstica. “Tem um Serviço Municipal de Cidadania e da Igualdade de Género, serviço de atendimento a vítimas de violência doméstica, também desde 2011, através do projeto Maria, e desenvolve esta ação de forma integrada com uma rede especializada de intervenção na violência de Abrantes, a REIVA”.
Relativamente à problemática da violência doméstica, Isabel Rodrigues refere que “em nenhuma situação nós podemos aceitar a violência e muito menos podemos aceitar a violência que tem na sua génese estereótipos e visões de identidades femininas e masculinas que não se coadunam com a visão integrada que devemos ter, plena dos Direitos Humanos. Combater a violência doméstica é um dever de todos”.
“Este é um esforço que tem de ser continuado, porque apesar de todo o trabalho que nós fazemos, os números continuam a ser muito preocupantes (…). Daqui a 10 anos deveremos estar a celebrar o decréscimo do número de agressões, este tem de ser o nosso grande objetivo. Para isto, é importante o envolvimento da comunidade na recusa veemente e determinada dos comportamentos violentos, na educação das gerações mais novas para a paz, para a resolução pacífica dos seus conflitos. Mas também para a não aceitação de desculpas relativamente ao comportamento dos agressores”, acrescentou.
Isabel Rodrigues apelou à necessidade de agir perante o surgimento de situações de violência. “Eu queria deixar-vos aqui um apelo a que não façamos isso. Se o a agressor tem problemas, vamos apoiar o agressor a superar esses problemas, mas nunca aceitar que a agressão possa ser uma expressão desses problemas. Este é um combate muito sério. O número de mulheres vítimas em todo o mundo é qualquer coisa de verdadeiramente assustador”.
“Queria ainda saudar o programa que a Câmara Municipal organizou a atenção para este encontro de hoje. Chamando à discussão entre todos os intervenientes, temas que são da maior importância para que haja, efetivamente, uma maior inclusão de todas as pessoas na vida do concelho”, reiterou.
A secretária de Estado encerrou a sua intervenção deixando um apelo aos presentes e reconhecendo os trabalhos desenvolvidos no município. “Queria deixar-vos com uma palavra de reconhecimento que acho que é devido ao trabalho extraordinário que a autarquia tem desenvolvido em defesa das pessoas e dos seus direitos e deixar a certeza que tenho de que este é um trabalho em construção e que os objetivos da autarquia são ambiciosos, mas que não se permitirão outra coisa que não alcançá-los”, concluiu.
Dada a descentralização de competências, este ano as Jornadas Sociais, organizadas pela Câmara Municipal de Abrantes e abertas à participação de vários agentes sociais e da saúde, profissionais, parceiros da Rede Social e comunidade em geral, passam a integrar a temática da Saúde, e nesta primeira edição reformulada os painéis incidirão sobre o envelhecimento ativo e a segurança dos idosos, a experiência do município no acolhimento aos refugiados e às vítimas de violência doméstica.
O primeiro painel da iniciativa que durará todo o dia, teve como tema “Viver e Envelhecer com Qualidade de Vida”, seguindo-se pelas 11h30 o segundo painel sobre “Prevenção de Doenças e Promoção da Segurança das Pessoas Idosas”, que está neste momento a decorrer e conta com a participação do CHMT e do Destacamento Territorial da GNR de Abrantes, este último que abordará o “Programa Apoio 65 – Idoso em segurança”.
De tarde, os trabalhos retomam com o painel “A Experiência do Município de Abrantes no Acolhimento e Integração de Pessoas Refugiadas”, com o Técnico Superior Maksym Darmogray, de nacionalidade ucraniana, a dar conta do projeto desenvolvido pela autarquia e do acompanhamento que tem liderado desde o estalar da Guerra na Ucrânia, com a receção de mulheres e crianças no concelho.
Também a temática da violência doméstica, nas suas várias formas, estará em destaque, por via de palestra e sessão artística “Recuso ser Vítima” por Sílvia Abreu, presidente da Associação Tocar n’Alma, com histórias na primeira pessoa que pretendem “inspirar e transformar”. Por fim, Raquel Olhicas, vereadora da Ação Social e da Saúde na Câmara Municipal de Abrantes, será a responsável pela sessão de encerramento, que acontecerá pelas 16h45.
PROGRAMA
