O tema foi introduzido pelo vereador Vasco Damas, do movimento ALTERNATIVAcom, na passada reunião de executivo camarário de Abrantes, no dia 25 de julho. O vereador questionou acerca dos “cheiros pestilentos” que invadiram durante meses a aldeia de Vale de Horta, em Bemposta, conforme noticiado pelo nosso jornal.
Lembrando que a população se viu obrigada a fechar portas e janelas para poder respirar dentro das suas próprias casas e se proteger dos maus cheiros, Vasco Damas reforçou ainda as preocupações demonstradas pela comunidade a nível ambiental pela consequência da aplicação dos fertilizantes seja na água, seja nos hortofrutícolas.
Em resposta, o presidente da Câmara, Manuel Jorge Valamatos (PS), referiu que o Governo interveio perante a denúncia pública dos cidadãos da comunidade de Vale de Horta, na freguesia de Bemposta (Abrantes), devido às queixas de maus cheiros. Também mencionou que a própria junta de freguesia de Bemposta fez referência à utilização de meios pesados a circularem nas estradas, deixando-as “fragilizadas”.
“Este assunto chegou ao Ministério do Ambiente e ao Ministério da Agricultura, e foram eles que desencadearam um conjunto de operações tendentes à fiscalização dessa situação. Julgo que o processo está em análise. Sei que os episódios deixaram de acontecer”, referiu o edil.
Contactado pelo nosso jornal, o presidente de junta de Bemposta também confirma que a situação mudou de figura e que pararam com a aplicação das lamas, “até ver”, o que, consequentemente, fez com que os maus cheiros também parassem de existir. Ainda assim, paira a dúvida se tal acontecerá apenas temporariamente ou se estará efetivamente resolvido o problema.
Também a movimentação de camiões deixou de existir, segundo o presidente da junta, Manuel João Alves, que confirma terem existido ações de fiscalização no local pelas entidades competentes aquando da denúncia, apesar de não saber hoje em que ponto de se encontra o processo, após as diligências tomadas.
Recorde-se que esta situação durou vários meses e que, segundo a comunidade, estará ligada a camiões carregados de matéria fertilizante que começou a ser descarregada no terreno de um particular na aldeia vizinha de Balancho, onde se verificava a passagem, em média, de quatro camiões por dia.
Não sendo um problema propriamente visível, a população debateu-se com cheiros incomodativos que invadiam a aldeia de 150 habitantes, que caracterizaram como cheiro “nauseabundo”, a “animais mortos” ou de “cheiro a fossa”, situação comprovada no terreno pelo nosso jornal.
Manuel João Alves, presidente de junta de Bemposta, já havia confirmado que tal acontecia “há vários meses, com quatro camiões por dia a transportar e descarregar toneladas de um fertilizante que dizem ser lamas de ETAR e outros produtos com tratamento”.
“Temos de confirmar e perceber se os materiais ali depositados estão em conformidade e se não há efetivamente perigo para as populações além do mau cheiro, sendo que há aqui também questões ambientais e outras a acautelar, como seja a proteção dos lençóis freáticos e as próprias estradas que estão a ceder, pela passagem dos camiões”, disse o autarca no início de julho, referindo que lhe haviam sido dadas garantias de que era “tudo legal” e que já havia decorrido uma inspeção ao local.
A Câmara Municipal de Abrantes, na pessoa do presidente Manuel Jorge Valamatos, já havia alertado a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) sobre o tema, aguardando-se desenvolvimentos.
O mediotejo.net solicitou mais esclarecimentos quer ao Ministério do AMbiente, quer à Agência Portugal do Ambiente, encontrando-se a aguardar uma resposta ao pedido de informação.